Leo Picon deixa liderança da Approve; o que está por vir?

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Picon afirma que a rota dos novos voos ainda não está traçada, mas que ainda tem muito a mostrar

O empresário e influenciador digital Leo Picon está encerrando 2023 abandonando alguns velhos hábitos e buscando novas perspectivas. Na sexta-feira (24), em plena Black Friday, ele anunciou que deixaria a liderança da Approve, marca de roupas de criou aos 15 anos com o amigo Cacá Parra.

“Anunciei que seria minha última Black Friday na Approve”, disse ele com exclusividade à Forbes. “Estou me afastando da empresa em busca de novos ares. Por mais que esperem uma pegada cômica ou impactante, dessa vez é para valer. Tenho outros projetos a que quero dar mais atenção”, afirma o empresário. “Quero viver essa liberdade que não vivo desde adolescente”.

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Picon não vai abandonar totalmente a companhia, pois vai continuar como conselheiro e acionista. Ele afirma que a Approve não será vendida, apesar de acreditar que esse seja um caminho inevitável para o crescimento da marca, lançada há 12 anos.

“Já recebi propostas de compra e de fusão, e esse fim me parece inevitável se quisermos continuar crescendo como marca e operação”, diz. “Aceitei transferir a gestão para meu sócio e acredito que, em breve, um player aparecerá para ter essa conversa.” Segundo Picon, terá de ser uma empresa “que tenha valores similares aos nossos, um plano e estrutura que potencialize nossas receitas e honre nosso legado cultural e nossa conexão com nossa comunidade”.

Ele diz acreditar que, no momento certo, a negociação virá para eternizar a Approve, fazendo com que ela permaneça por décadas como um negócio regido por impactos culturais e socioambientais.

Picon afirma que a rota dos novos voos ainda não está traçada. “Eu adoraria contar um plano, mas eu realmente não tenho. Estou com 27 anos, cheio de expectativas, vontade e fôlego para desenhar um futuro brilhante”, diz. “Tenho muito pra viver e minha maior felicidade é saber que minha história inspirou, inspira e ainda vai inspirar jovens a seguirem seus sonhos, a empreenderem, a acreditarem em si mesmos e a meterem o louco em busca do que acreditam”.

Sucesso aos sete anos

Picon começou sua trajetória pública ainda muito jovem, com apenas sete anos de idade, quando participou de sua primeira campanha publicitária. Foi um comercial para o Unibanco, ao lado de personalidades como Miguel Falabella e Debora Bloch. Seguiram-se vários trabalhos, gerenciados por sua mãe, Mônica Picon. Porém, aos 13 anos ele percebeu que poderia viver da imagem quando criou sua conta no Orkut e começou a frequentar as famosas matinês, festas realizadas durante a tarde e voltadas para o público adolescente.

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Com sua presença no recém-criado mundo digital, Picon foi selecionado para o seleto grupo de “Colírios da Capricho”, que classificava os jovens mais cobiçados do momento. “A Capricho foi um divisor de águas na minha vida, trouxe uma audiência digital imensa para minha comunidade no Orkut e para meu recém-criado perfil no Twitter. A partir daí, comecei em uma profissão que ainda não existia, não tinha nome nem perspectivas: a de influenciador digital”, diz.

Suas lives atingiam facilmente a casa dos mil espectadores, chegando a bater 15 mil pessoas simultaneamente, conta Picon. Parece irrisório, mas eram tempos em que as redes sociais tinham muito menos penetração do que atualmente.

Nesse momento ele apresentou o mundo digital a Jade, sua irmã mais nova. “Foram as primeiras exposições dela no ambiente digital e de imediato quis trazer ela comigo nessa jornada. Criei todas as redes sociais dela e supervisionei toda a trajetória de uma criança fofa que hoje se tornou uma mulher maravilhosa”, afirma.

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A fama cresceu, abriu portas para dezenas de trabalhos e garantiu a adoração do público feminino. Picon começou a gerenciar ele mesmo suas aparições em eventos. “Levantei R$ 25 mil desde 2009 até 2012”, diz. Naquele ano ele começou a ampliar seus horizontes, trabalhou em uma empresa de turismo e fundou o programa de intercâmbio “California Summer com Leo Picon”.

Foram as experiências internacionais que o apresentaram à cultura streetwear, estilo de roupas que o influenciou a criar a Approve, também em 2012. “A marca criou um frenesi. Iniciamos o movimento com a Tata Estaniecki e Felipe Akira entrando na sociedade e trabalhamos duro em uma frente que nenhum de nós tinha experiência”, conta. “Ainda na escola vi personalidades como Neymar, Anitta, Caio Castro, Thiaguinho e Mc Guimê vestindo minha marca. Isso era uma amostra do quão promissor era nosso empreendimento que rapidamente multiplicou nosso capital investido e foi nos exigindo muito mais estrutura”.

Assim como a Approve, sua marca pessoal também cresceu com a expansão das redes sociais. Ele conta que se sentia como uma estrela, sendo escoltado em eventos, recebendo propostas de marcas como Adidas e Guaraná e, ao mesmo tempo, tendo que lidar com a vida de um adolescente, que precisava do suporte dos pais para se manter focado no caminho certo.

Empreendedorismo

Além da Approve e de seu perfil pessoal como influenciador, Picon fundou, em 2016, a ROL Films em sociedade com a R2O. Pouco depois, se tornou sócio da hamburgueria Luz, Câmera, Burger, na qual usava o espaço para desenvolver sua produtora e suas habilidades artísticas.

Em 2018 Picon foi estudar cinema na New York Film Academy. Naquele ano ele também inaugurou o Galleria Bar, no Itaim Bibi, em São Paulo. “Meu trabalho digital passou a me conectar com a alta moda e trabalhos nacionais e internacionais como modelo passaram a ser recorrentes, passei a apresentar o SPFW Live, contemplar listas renomadas como referência da moda”, afirma.

Em 2020, ele decidiu focar em sua carreira musical e lançou o selo musical XOKO JAR. O projeto, assim como os negócios mais novos, sofreu com o Covid-19. A pandemia, porém, sublinhou a resiliência dos primeiros empreendimentos. “Eu estava capitalizado, o Galleria teve fôlego para atravessar o recesso, as vendas online da Approve decolaram, a hamburgueria seguia com o delivery, e minha frente publicitária continuou com força”, diz ele. “Só que a sociedade com o selo não prosperou diante do longo período de restrições no entretenimento e na indústria da música”, diz.

E agora? “Tenho muito orgulho de falar sobre meu passado, me dá muita esperança sobre o futuro num momento de grandes mudanças. Agora, pretendo focar 100% em minha marca pessoal Picon Culture, a holding gestora de meus negócios. A partir de 2024, a empresa vai lidar com gestão patrimonial familiar que hoje contempla empresas, dinheiro e uma responsabilidade enorme no futuro de tantas pessoas impactadas por nossas companhias”, complementa.

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