A Black Friday, realizada no dia 24, foi a segunda pior no Brasil desde 2010, ano em que o varejo brasileiro começou a realizar promoções nesta data. O faturamento da data foi de R$ 4,9 bilhões, queda de 15% em comparação com as vendas de 2022, conforme dados da Neotrust, uma empresa que monitora 2,5 mil varejistas.
Apesar dos dados pouco animadores, existem empresas que se saíram muito bem na data, como é o caso da Braé, companhia brasileira de cosméticos de alta performance. A empresa faturou R$ 10 milhões no período de seis dias, registrando um crescimento de 360% em relação ao mesmo período de 2022. Na semana, foram vendidos 123.582 produtos, alta de 353% na comparação anual.
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Na visão da Braé, o uso estratégico de uma campanha de awareness com a renomada Narcisa, seguida por outros influenciadores ao longo da semana, desempenhou um papel fundamental na amplificação da mensagem e na conversão de vendas. “Os números excepcionais refletem a qualidade dos nossos produtos e a conexão poderosa estabelecida com nosso público. Estamos orgulhosos dos resultados alcançados pela campanha e é gratificante ver o resultado de uma ação eficaz que nos permitiu superar todas as expectativas”, explica Renato Antunes, CEO e fundador da Braé.
Os produtos mais procurados pelos consumidores também mudaram de um ano para o outro. De acordo com a companhia, o Essential 260ml manteve sua posição como líder, seguido pelo Blooming Rose, fragrância para cabelos, Revival Gorgeous Shine Oil e Beauty Sleep, sérum de tratamento noturno de alta performance.
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Cenário no mercado
O resultado fraco da Black Friday como um todo reflete a situação econômica desafiadora para o setor que vem desde janeiro. O rombo contábil de R$ 42,5 bilhões da Americanas já indicava que o ano seria difícil devido à alta taxa de juros, ao endividamento elevado das famílias e ao poder de consumo reduzido. “O varejo passa por uma crise sistêmica provocada por vários fatores”, diz Fernando Moulin, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Começando pelos juros. Apesar das quedas recentes realizadas pelo Banco Central (BC), a taxa básica de juros Selic segue elevada em 12,25% ao ano. Isso encarece o financiamento de produtos, reduzindo a capacidade de consumo das famílias. Com a queda no consumo, as empresas também diminuem a produção ou evitam aumentar os estoques.
Diante dessa realidade, a Black Friday deste ano foi considerada tímida pelos especialistas. O varejo não realizou as ofertas agressivas que são comuns nessa época. Buscando preservar ou aumentar suas margens de lucro, os lojistas preferiram não “torrar” os estoques. Isso valeu tanto para o varejo físico quanto para o digital, que preferiu manter os estoques e oferecer poucos descontos.
O varejo ainda enfrenta um consumidor mais consciente, pois a realidade brasileira indica que oito de cada dez famílias brasileiras estão endividadas, conforme pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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