Por dentro de uma coleção de relógios raros avaliada em R$ 1,4 bilhão

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ALEX TEUSCHE PARA FORBES

A coleção de Getreide inclui cerca de 200 relógios Patek Philippe, incluindo o único relógio que ele nunca venderá: um Patek Philippe Ref. 530J, um cronógrafo da década de 1940

Quando tinha 12 anos e era estudante em um internato na Suíça, Patrick Getreide passou por uma relojoaria local e se encantou com um dos caros relógios Omega na vitrine. Um dia, em 1966, ele ofereceu ao proprietário pagar 10 francos por semana (cerca de US$ 2 na época) com a mesada que seus pais enviavam. O dono concordou, mas meses depois, Getreide ligou para seu pai e implorou para que ele comprasse o relógio para ele.

Seu pai, dono de um curtume nos arredores de Toulouse, na França, concordou. Esse primeiro Omega de 400 francos (cerca de US$ 1.400 hoje) deu início a uma coleção que agora tem cerca de 600 relógios e é avaliada pela Christie’s em mais de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão). Alguns anos depois, Getreide deixou a escola porque seu pai estava muito doente para administrar seus negócios. “Eu era jovem e cometi erros”, admite – por mais que tenha feito dar certo e mais tarde conseguiu vender a empresa.

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Por volta dos 21 anos, Getreide ganhou 39.000 francos (cerca de US$ 6.400 atuais) em uma corrida de cavalos e comprou seu primeiro relógio “bom”. “Era um Cartier Tank, que eu ainda tenho. Cartier era o paraíso: as pessoas mais chiques do mundo tinham um”, diz o empresário francês direto de seu museu privado de relógios em Genebra. É lá que ele mantém a maioria de sua coleção, incluindo sete relógios de bolso que pertenceram ao renomado colecionador do século 20, Henry Graves.

Parte da coleção de Getreide: um Audemars Piguet extremamente raro, com indicação do ano e fases da lua, feito em 1957

Para sustentar seu hobby, Getreide eventualmente teve uma série de negócios após vender o curtume de seu pai em 1990. Ele construiu uma empresa de táxis em Paris com seu primo, expandindo a frota de 30 para 1.200 veículos ao longo de 16 anos. Após vender a empresa de carros em 1996 por € 100 milhões (cerca de US$ 200 milhões hoje), ele começou a investir em vários negócios, incluindo uma empresa imobiliária e uma rede de 80 lojas de roupas. Hoje, Getreide e seu filho Roland, junto com o CEO Daniel Bloor, são proprietários de uma refinaria de lítio chamada Livista, na Alemanha.

Mas os negócios não são como as pessoas mais conhecem Getreide – é por sua coleção de relógios raros. Em 2022, o mundo dos relógios teve a oportunidade de ver de perto parte da coleção OAK (um acrônimo para “one of a kind”, ou “únicos”) quando Getreide organizou uma turnê mundial de 168 peças, começando com uma exposição no Design Museum em Londres.

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Agora, após cinco décadas adquirindo relógios de pulso vintage, relógios de bolso antigos e raros, o francês de 69 anos está pronto para se desfazer de algumas de suas preciosidades, começando com cerca de 140 peças da coleção OAK que vão a leilão na Christie’s em Hong Kong neste domingo (26). “Estou ciente de que muitas pessoas adorariam ter a minha coleção”, diz ele.

Christie’s

Relógio de bolso Patek Philippe em ouro 18K, safira e mármore

COLEÇÃO À VENDA

Entre os relógios da coleção OAK que vão a leilão estão (da esquerda para a direita, na foto abaixo) um cronógrafo de segundos divididos da Patek Philippe, um relógio de mergulho de 1962 da Breguet e um relógio de pulso Akrivia semiesqueletizado.

Quando se está colecionando, diz ele, “a parte mais difícil é comprar. Quando você possui a peça, é fantástico, mas isso não é mais minha preocupação principal”. Ele emprega um relojoeiro para manter sua coleção funcionando e devidamente cuidada. “Eles não são estáticos”, diz ele. “São peças vivas, e se não funcionarem, qual é o uso?”

E o mundo dos relógios está pronto. “A agitação em torno da coleção é grande porque é definitivamente uma das maiores coleções que qualquer casa de leilões já teve de lidar”, diz Alexandre Bigler, chefe de relógios da Christie’s para a Ásia-Pacífico. Os relógios que vão a leilão representam algo para todos, acrescenta ele. “Qualquer um pode adquirir uma peça da OAK, não são apenas relógios superexclusivos.”

Dado o valor total da coleção de Getreide, o leilão OAK tem uma estimativa bastante conservadora, de pouco menos de US$ 10 milhões. Alguns relógios devem ser vendidos entre US$ 2.000 e US$ 4.000 e chegar até US$ 1 milhão por um relógio Akrivia único. A coleção é uma das ofertas mais diversas de peças e inclui algumas descobertas raras, desde Hermès e Chanel até Audemars Piguet, F.P. Journe, Zenith e outros.

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Entre os lotes à venda está um relógio de bolso Breguet do início do século 19 que pertenceu a Pauline Bonaparte, irmã de Napoleão, com venda estimada entre US$ 200.000 e US$ 400.000. Getreide está até se desfazendo de alguns de seus amados relógios Patek Philippe – ele possui cerca de 200 da grife -, incluindo um cronógrafo de aço inoxidável de 1938 (foto abaixo). “Eu estava em uma feira há cerca de 20 anos”, lembra ele com um sorriso, “e vi este relógio. O preço era ridículo, baixo, algo como US$ 1.000 ou US$ 2.000. Mas eu tive que negociar com eles de qualquer maneira”. A peça deve ser vendida entre US$ 200.000 e US$ 400.000 em leilão.

Patek Philippe de aço inoxidável, de 1938

Também estão à venda vários relógios de pulso importantes da Breguet, incluindo um que pertenceu ao falecido ator francês Jean-Paul Belmondo e outro que pertenceu a Sir Jack Brabham, o campeão da Fórmula 1 em 1959. Cada um deve ser vendido entre US$ 150.000 e US$ 300.000.

Apesar de estar pronto para se desfazer de alguns de seus relógios, Getreide não perdeu sua paixão por colecionar. Em fevereiro, ele vai receber o ultracomplexo Patek Philippe 6300 Grand Master Chime, que ele diz custar cerca de US$ 2 milhões. O francês ainda diz que lamenta por um Philippe Dufour Simplicity (recentemente vendido por US$ 1,3 milhão) que lhe escapou. “Eu não comprei, fui estúpido”, diz ele. “Você nem sempre faz a coisa certa na hora certa.”

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