Conheça a face e os planos dos executivos que dirigem marcas de luxo no Brasil

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Nos últimos anos, os desafios do segmento de automóveis de luxo se multiplicaram, com a alta do dólar e a escassez de componentes, que reduziu a oferta de produtos.

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Representadas por carros de nicho, as marcas premium atuam em faixa estreita do mercado brasileiro, com participação entre 2% e 3%. Em 2022, foram 37 mil unidades no universo de 1,58 milhão de licenciamentos.

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São automóveis da Audi, BMW, Jaguar Land Rover, Mercedes-Benz, Porsche e Volvo, que têm presença oficial no país, sem a intermediação de importadoras.

Tais marcas são responsáveis pela introdução de tecnologias. A eletrificação é a mais recente, mas recursos de conectividade e de assistência de direção também caracterizam esses veículos.

De seu posto, os líderes das subsidiárias buscam entender as oscilações do país e os interesses do cliente, conforme você verá a seguir:

Daniel Rojas – CEO da Audi Brasil

O chileno Daniel Rojas aproveita lições do golfe, seu esporte preferido, para conduzir uma estrutura formada por 42 concessionárias, além da operação industrial em São José dos Pinhais (PR), onde é produzido o Audi Q3 e sua versão Sportback. Para ele, estratégia bem-definida e foco levam aos bons resultados. “O psicológico faz muita diferença para se manter em alto nível”, acredita.

Com 25 anos de experiência no setor automotivo, com passagens por Volkswagen, Ford e Nissan, Rojas é formado em administração de negócios pela Universidad del Desarrollo, no Chile, além de MBA pela California State University, em São Francisco (EUA).

Ingressou na Audi em 2015, ainda em sua terra natal, e desembarcou no Brasil em 2018, seduzido pelo potencial de expansão regional e pelas oportunidades que o país proporciona. “O Brasil é uma referência para quem atua na indústria automotiva, especialmente na América Latina. Está entre os maiores mercados do mundo e oferece chances de desenvolvimento pessoal e profissional”, diz.

Para ele, o maior desafio do mercado de automóveis de luxo é avançar no crescimento de carros eletrificados, bem como a expansão da rede de carregadores. “A participação dos modelos elétricos e híbridos no segmento premium deve chegar a 44,5% em 2023, crescimento de quase 10%, enquanto no mercado em geral a fatia não deve passar de 4%”, estima. “Portanto, garantir o avanço e a apresentação de novas tecnologias é fundamental.”

O executivo não tem dúvida de eleger o RS e-tron GT, modelo mais potente do portfólio, com 646 cv, como o futuro da marca no mundo. Outro projeto é ampliar a infraestrutura de recarga ultrarrápida na rede de concessionárias, hoje presente em 30 pontos.

Quando não está debruçado nas estratégias da marca, Rojas passa seu tempo nas corridas matutinas, no cinema ou no teatro com a família, ou ainda nos campos de golfe, que permitem longas conversas com os amigos. “Sempre apreciando um bom vinho chileno”, revela.

Foto: Alexandre Battibugli

Daniel Rojas – CEO da Audi Brasil

Maru Escobedo – CEO da BMW Group Brasil

Desde janeiro à frente do BMW Group Brasil, Maru Escobedo chegou ao país depois do trabalho bem-sucedido no México, onde consolidou a marca na liderança de vendas de automóveis de luxo. O resultado legitima a longa experiência adquirida dentro da empresa desde 1998, com direito a uma passagem na sede da empresa, em Munique (Alemanha), para gerenciar as vendas na Europa.

Ao concluir o curso de Economia na Universidade Iberoamericana da Cidade do México, a pretensão de Maru era trabalhar na Bolsa de Valores. Mas uma vaga disponível na BMW do México, perto de onde residia, e a paixão pelos carros levaram-na para um caminho diferente na carreira. A indústria automotiva agradece. Movida a desafios, Maru se sente emocionada e motivada ao conduzir a subsidiária brasileira.

Com o objetivo de preservar a liderança no segmento premium no país, Maru tem planos traçados. Reforçar a digitalização ao introduzir novos conceitos nas concessionárias, como o Phygital, que combina o digital com o físico, é um deles. Também na pauta constam ampliações na fábrica de Araquari (SC) e na de Manaus (AM), que cuida da operação de motocicletas.

“Mais difícil do que chegar à liderança é se manter no topo. Nossa meta é oferecer uma experiência ainda mais especial e pessoal para os nossos clientes. Modelos elétricos e híbridos serão lançados em breve, como o i7, inaugurando um segmento de sedã superpremium. O iX1, totalmente elétrico, e o esportivo M2, produzido no México, também estão a caminho. Então teremos muitas novidades nesse ano”, garante a CEO.

A executiva ainda está conhecendo o Brasil, mas já sabe que se trata de um mercado interessante, feito por consumidores receptivos às tecnologias e sempre em busca de inovações. Ela reforça que a oferta de modelos com conteúdo, experiências digitais e design requintado traz resultados. “É gratificante verificar a preferência dos clientes, que há seis anos mantêm a BMW como a marca premium líder no mercado nacional”, finaliza.

Foto: Opinión 51

Maru Escobedo – CEO da BMW Group Brasil

Peter Vogel – CEO da Porsche do Brasil

A Porsche encontrou no Brasil uma plataforma de ascensão contínua. Desde 2015, quando se estabeleceu oficialmente no país, as vendas cresceram, em média, 23% ao ano. O ritmo só foi interrompido no ano passado, quando obteve alta de 4%, com 3,2 mil unidades vendidas, desempenho reprimido por causa da escassez de componentes nas linhas de montagem da Alemanha.

Para manter o desempenho bem-sucedido, a fabricante designou Peter Vogel, “um especialista reconhecido no cenário de vendas internacionais da Porsche”, como ressaltou Detlev von Platen, membro do conselho executivo de vendas e marketing da Porsche.

Vogel está há 26 anos na Porsche. Antes de assumir o comando no Brasil, em setembro de 2022, ele era diretor de desenvolvimento de rede e gestão de clientes da marca para o Oriente Médio e África. Também passou pela China, como vice-presidente de gerenciamento e desenvolvimento de rede, além ter sido diretor de pós-venda na Porsche Ibérica.

Para retomar o crescimento de dois dígitos, Vogel combinará expansão de rede e de produtos, em especial os eletrificados, aposta que vem se mostrando acertada, a julgar pelos números. No ano passado, 30% das vendas da marca no Brasil foram de elétricos e híbridos, com as atuais ofertas de Taycan, Panamera e Cayene. O primeiro, 100% elétrico, posicionou-se como o quarto mais vendido do portfólio disponível da Porsche.

No pilar para alcançar mais consumidores, a inauguração de uma concessionária em março passado ampliou a rede da marca para 13 pontos no Brasil. Trata-se do segundo na capital paulista, depois da Sttutgart, a antiga importadora oficial da marca. Mais do que simples local de venda, o Porsche Center São Paulo Oeste é um espaço de convivência para clientes e entusiastas da marca, com lounges, salas de coworking, pontos de recarga para os modelos elétricos e bar.

Foto: Porsche

Peter Vogel – CEO da Porsche do Brasil

Carlos Garcia – Presidente da Mercedes-Benz Cars & Vans

Exagero dizer que a carreira de Carlos Garcia, presidente da Mercedes-Benz Cars & Vans, é um legado do pai. Mas, como representante da segunda geração da família a atuar na companhia, ele parece seguir uma trajetória predestinada. “Tenho contato com a estrela de três pontas desde que nasci”, brinca.

O executivo entrou na Mercedes como estagiário do RH em 1988, quatro anos depois da saída do pai. A área proporcionou ao estudante de engenharia mecânica vasta interação com os departamentos da empresa. A oportunidade de desempenhar as habilidades comerciais, adquiridas na adolescência quando vendia limão na feira, surgiu com o projeto de vans, que a fabricante criava no país. “Tenho um tino comercial que ajudou a encontrar meu caminho”, explica.

A cada designação, Garcia absorveu experiência nas áreas de desenvolvimento de pessoas, vendas e marketing. Radicado na Alemanha, cuidou das operações do Sul da Europa e do lançamento do compacto Smart. Em Dubai (Emirados Árabes), seu último endereço antes de voltar ao Brasil, turbinou as vendas de vans no Oriente Médio e Norte da África.

Hoje, de um discreto edifício na Zona Sul de São Paulo, Garcia comanda um negócio de 250 concessionárias, com mais de 200 pessoas envolvidas e que vendem 5 mil automóveis da marca por ano. “É um grande desafio, porque temos de entender as necessidades de uma marca de nicho. Gosto de pensar como se fosse uma pista de dança, onde o DJ controla as músicas desde o aquecimento do público até o fim da festa, ou seja, a satisfação da compra”, compara, referindo-se à discotecagem, atividade que exercia nos tempos de faculdade.

Atualmente, a eletrificação está ditando o ritmo de seu trabalho. A marca possui grande oferta de modelos de luxo movidos a bateria, como EQS, EQC, EQA e EQE. “Outras duas novidades chegarão ainda este ano”, adianta Garcia, que não se apresenta mais como DJ profissional, mas ainda comanda o baile.

Foto: Mercedes-Benz

Carlos Garcia – Presidente da Mercedes-Benz Cars & Vans

Luís Rezende – Presidente da Volvo para a América Latina

O compromisso de se tornar uma marca 100% elétrica até 2030 aponta que a Volvo Cars está no caminho certo, ao menos no Brasil. No primeiro trimestre, o XC40 Recharge foi o elétrico mais vendido no país, ao somar 443 unidades – 24% do total de modelos movidos a bateria negociados.

À frente da estratégia considerada vencedora, Luís Rezende, presidente da Volvo para a América Latina, se encarrega de fazer da ambição da empresa uma realidade cada vez mais presente. Economista formado pela Fundação Santo André (SP) com MBA em administração pela FGV, ele sabe que não basta oferecer o produto sem a infraestrutura.

“Há muitas oportunidades na demanda por veículos elétricos, o que nos deixa orgulhosos pela estratégia que escolhemos”, observa. “Mas existe o desafio dos postos de recarga nas estradas, e estamos trabalhando para trazer mais esse serviço aos consumidores.”

A Volvo Cars abraçou a questão e corre para eliminar eventuais gargalos na decisão de compra de um carro elétrico. Desde o fim de 2021, a marca investe em carregadores rápidos nas rodovias. Por enquanto, sete pontos já funcionam, ligando São Paulo ao interior e aos estados do Paraná e de Minas Gerais. Mais 13 deverão ser instalados no primeiro semestre e, em uma segunda fase, com investimento de R$ 12 milhões, outras 15 estações completarão o raio de ação da Volvo, cobrindo 10 mil quilômetros por sete estados.

A jornada de eletrificação inclui a construção de infraestrutura de recarga pública, o que será mais uma vitória de Rezende, que participou da implantação da Volvo como empresa independente da Ford na América Latina. Hoje, ele comanda uma operação com uma centena de pontos de venda em 14 países da América Latina.

Fora do trabalho, quando não está a bordo do seu Volvo C40 elétrico, ele aproveita o convívio familiar ao lado da esposa e dos três filhos. Em casa, um de seus lugares preferidos é a cozinha. “Adoro cozinhar, já fiz diversos cursos de culinária”, afirma.

Foto: Volvo

Luís Rezende – Presidente da Volvo para a América Latina

João Oliveira – Diretor-presidente da JLR para América Latina e Caribe

Como fotógrafo amador, João Henrique Garbin de Oliveira, diretor-presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe, sabe quando os recortes da realidade são fundamentais para entender o todo.

Ou quando a necessidade de focar no detalhe faz a diferença no quadro geral. Há menos de um ano no comando da empresa britânica – que hoje pertence ao grupo indiano Tata –, ele tem a missão de revelar imagens mais nítidas (e ampliadas) da marca na região.

Graduado em engenharia mecânica, o executivo estreou na indústria automotiva pelo chão de fábrica, na unidade de eixos da Scania, em São Bernardo do Campo (SP). Mas, por meio de um programa de estágio, surgiu uma vaga no pós-venda da Volvo Cars.

Ali, ele começou uma trajetória que já completou 17 anos, com atuações em marketing, desenvolvimento de rede e atendimento ao cliente, até ser designado para ser o diretor-geral no Brasil. “O pós-venda proporciona atuações em diversas áreas, permitindo uma visão de 360 graus do negócio, do estoque de peças ao treinamento de pessoal”, resume.

Agora na Jaguar Land Rover, Oliveira se vale da experiência para conduzir uma operação de 40 concessionárias, fábrica em Itatiaia (RJ), casa dos Discovery Sport e Range Rover Evoque, e plano de crescimento. Oliveira pretende saltar do atual patamar de 4,5 mil unidades e voltar a 7 mil carros vendidos no país.

“Daremos foco na produção local para retomar volumes e permitir melhor balanço entre produção local e importações”, adianta. “Priorizar a fábrica também nos prepara para outro grande passo, o de ser uma das primeiras marcas a produzir carros elétricos por aqui. É uma pretensão já em conversa com a matriz.” Enquanto os planos não viram realidade, Oliveira dá novas possibilidades ao segmento premium, com serviços de compartilhamento e assinatura.

Como iniciativa pessoal, ele começou, há dois anos, um projeto de recuperação florestal da Mata Atlântica, em uma propriedade que possui no litoral norte paulista. Uma atividade que está, claro, fartamente documentada com fotos.

Foto: JLR

João Oliveira – Diretor-presidente da JLR para América Latina e Caribe

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