Changpeng Zhao, fundador da Binance, a maior “exchange” de criptomoedas do mundo, declarou-se culpado de violações de lavagem de dinheiro, de acordo com documentos judiciais divulgados na terça-feira por um tribunal federal em Seattle, na Costa Oeste americana. A Binance também se declarou culpada pelas mesmas violações.

Como parte do acordo, a Binance vai pagar US$ 4,3 bilhões em multas e restituições. Individualmente, Zhao vai pagar US$ 50 milhões e renunciar ao cargo de CEO, no que os especialistas do mercado consideram ser um golpe impressionante para a figura mais poderosa e influente da indústria global de criptoativos. Além disso, o acordo inclui a indicação de um executivo externo para a Binance e o impedimento de Zhao de ter qualquer participação nos negócios da empresa por três anos após a indicação desse profissional.

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Os documentos foram apresentados por promotores federais contra a Binance e contra Zhao no dia 14 de novembro. Os papéis descrevem um amplo esforço de Zhao e de outros executivos da Binance para burlar leis que impedem transações com pessoas proibidas de entrar no sistema financeiro americano. Clientes do Irã, de Cuba e da Síria, países que enfrentam essas sanções, conseguiram acessar a plataforma Binance.

A Binance também usou sua plataforma principal, a Binance.com, para fazer negócios com empresas sediadas nos Estados Unidos, embora não devesse ter nenhum cliente norte-americano nesse ambiente de negociação. Mas Zhao e outros funcionários da Binance acreditavam que seria melhor para a principal bolsa de criptomoedas lidar com grandes clientes dos EUA, afirmam os documentos judiciais.

De acordo com os documentos, Zhao procurou pessoalmente ocultar as negociações da Binance com grandes clientes dos EUA, que eram chamados de VIPs e administrados por um gerente especial, para “fazer com que as agências de supervisão dos EUA não causassem quaisquer problemas.” O processo citou uma teleconferência de junho de 2019 em que Zhao aconselhou outros funcionários da Binance a conversar com clientes VIP americanos usando telefones “que não deixariam rastros”.

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Para o mundo dos critpoativos, a decisão da terça-feira representa um divisor de águas devido ao alcance global da Binance e o papel proeminente de Zhao. A Binance chegou a responder por dois terços das transações globais com esses ativos digitais.

Zhao é considerado o homem mais rico em criptografia. A Forbes atribuia a ele um patrimônio de US$ 10,2 bilhões na segunda-feira (20), o que o coloca na 187ª posição entre os mais ricos. Discreto, Zhao sempre foi cauteloso sobre seu paradeiro, mesmo tendo acumulado mais de 8,5 milhões de seguidores no X, a plataforma anteriormente conhecida como Twitter. Por um período, no início deste ano, ele esteve nos Emirados Árabes Unidos, que não tem acordo de extradição com os Estados Unidos.

Binance e FTX

A confissão de culpa de Zhao foi um golpe duplo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. No início de novembro, Sam Bankman-Fried, fundador da falida exchange FTX, foi condenado por fraude. Desde a implosão da FTX, há um ano, as autoridades federais americanas acusaram criminalmente diversos executivos de criptoatios e a Securities And Exchange Commission (SEC), equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) americana, abriu ações judiciais contra algumas das maiores empresas do setor, incluindo a Coinbase, a exchange americana de capital aberto. Na segunda-feira (20) a SEC processou a corretora Kraken, acusando-a de operar sem o devido registro e misturar depósitos de clientes com seus próprios ativos corporativos.

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