Moagem de cana da Raízen pode ir a 85 milhões de toneladas em 2023/24, com “mix” mais açucareiro

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Paulo Whitaker

Caso não consiga processar toda a cana que está nos campos, uma parte pode ficar para a próxima safra

A Raízen, maior produtora global de açúcar e etanol de cana, teria matéria-prima nos campos para elevar a moagem a 85 milhões de toneladas na safra 2023/24, mas o alcance desse volume dependerá de questões climáticas, disse o CEO da companhia, Ricardo Mussa, nesta terça-feira (14).

Ele evitou cravar um número de moagem para a safra atual, mas reiterou que a companhia trabalha com um mínimo de 80 milhões de toneladas. Mussa revelou que a Raízen deve terminar novembro com processamento superior a 76 milhões de toneladas.

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Após investimentos nos canaviais e um clima favorável em 2023/24, a Raízen vai superar com folga a moagem de 73,5 milhões de toneladas da safra passada.

O ano-safra da cana no centro-sul vai de abril a março, mas algumas unidades encerram antes os trabalhos, por questões de disponibilidade de cana ou operacionais.

Em entrevista a jornalistas, Mussa disse que algumas usinas da empresa já estão “parando agora” o processamento de 2023/24, mas o volume total da safra dependerá do clima da primeira quinzena de dezembro, quando sazonalmente chuvas tornam os trabalhos menos interessantes economicamente.

Também influenciará no total moído o clima em março, quando algumas usinas retomam o processamento, antes do início da nova safra.

“Algumas das nossas unidades moem em março, Mato Grosso do Sul tem moagem em março, mas tem o El Niño, tem muita imprevisibilidade nas chuvas”, afirmou o CEO da Raízen.

Caso não consiga processar toda a cana que está nos campos, uma parte pode ficar para a próxima safra, a qual Mussa vê com otimismo.

“Na parte produtiva, estamos super confiantes para o ano que vem”, disse ele, ressaltando que dois terços dos canaviais da empresa já estão com produtividades agrícolas dentro do esperado, após investimentos nos últimos anos.

Embora veja uma melhoria contínua da produtividade agrícola, com a renovação dos canaviais que ainda estão com rendimentos mais baixos, Mussa ponderou que o clima da safra atual foi “acima da média”.

“Recuperamos a produtividade agrícola… é de se esperar que isso continue… isso é um ganho muito relevante, é mais produto para comercializar, vai ter maior diluição de custo, por isso colocamos isso como prioridade número 1… e estamos entregando…”, afirmou.

Apesar do aumento da safra, a Raízen ainda está distante da capacidade total da empresa, de moagem de 105 milhões de toneladas ao ano.

Recorde para açúcar

O CEO disse ainda que a Raízen registra na safra 2023/24 o maior “mix” de destinação de cana para açúcar de sua história, à medida que os preços globais respondem a uma demanda firme da commodity e investimentos relativamente baixos em novas capacidades mundo afora.

“Faz muitos anos que o mundo não investe em produção adicional de açúcar, ano que vem, vemos um mix ainda melhor”, afirmou.

O mix de produção açúcar/etanol da Raízen até o segundo trimestre estava em 56%/44%, respectivamente, versus 52%/48% no mesmo período da safra passada.

“Se os preços continuarem em patamar mais elevado, isso vai naturalmente levando a mais produção”, disse ele, acrescentando acreditar que essa é a tendência da companhia.

Os preços do açúcar bruto negociados na bolsa ICE atingiram recentemente uma máxima de 12 anos na bolsa de Nova York, diante de produções menores em países importantes para o mercado global, como a Índia e Tailândia.

Questionado, Mussa disse não ver problemas logísticos para a Raízen escoar a produção de açúcar, em momento em que está iniciando uma desestocagem do produto.

Sobre desinvestimentos, ele admitiu que a Raízen poderia buscar sócios para negócios não estratégicos, mas não vai se desfazer de participações em ativos principais, como etanol de segunda geração.

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