4 leis da alimentação para a era das redes sociais

  • Post author:
  • Reading time:5 mins read
Getty Images

Alimentação, e comida em geral, é um dos assuntos mais buscados na internet e discutidos nas redes sociais

Pedro Escudero foi um médico argentino que ajudou a consolidar a nutrição como campo de pesquisa e área de atuação no início do século 20. Entre outros feitos, ele foi o criador das famosas Leis de Escudero, quatro princípios que até hoje expressam as orientações para uma prática alimentar ideal para o organismo humano, e são:

A Lei da Quantidade: é fundamental ingerir o suficiente para se manter saudável. Na prática a quantidade pode ser medida em unidades ou gramas, por exemplo.
A Lei da Qualidade: não é somente a caloria que importa, o valor nutricional do alimento deve ser sempre considerado.
A Lei da Harmonia: a combinação adequada dos alimentos, prezando pela distribuição adequada de macro e micronutrientes ao longo do dia
A Lei da Adequação: entender e adequar os alimentos ao contexto de cada indivíduo e sua fase de vida

As leis de Escudero ajudaram o mundo do século 20 a entender a importância de conceitos que hoje parecem óbvios: optar por alimentos frescos, variar as “cores” do prato, adequar as quantidades para as suas necessidades e objetivos, personalizar a abordagem para cada indivíduo. Elas são tão precisas que, mesmo com as grandes mudanças nos padrões alimentares nos últimos anos, seguem sendo a base para uma alimentação saudável.

Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida

Os desafios do século 21

Se no início do século 20 o termo “nutrição” ainda estava se consolidando no mundo, hoje temos o fenômeno oposto. Alimentação, e comida em geral, é um dos assuntos mais buscados na internet e discutidos nas redes sociais. As # de nutrição, dieta, emagrecimento e ganho de massa muscular são extremamente populares, com os famosos “desafios”, “casos de sucesso” e “dicas” inundando as nossas timelines…

Um estudo publicado em 2020 relata que a maior parte das conversas online sobre saúde são dominadas por não-especialistas (non-health professionals). Mais preocupante, estudos indicam que, quando o assunto é saúde, existe um grande uso de bots para impulsionar discursos ou reforçar a eficácia de determinados alimentos, dietas ou práticas.

Leia também:

Chá de casca de banana? Não caia na mais recente lenda urbana da perda de peso
Falso magro: a importância de entender que peso não mensura saúde
Os maiores mitos e verdades sobre o Ozempic

Em outras palavras: fica muito difícil saber no que acreditar. Por isso, inspirado nas Leis de Escudero, proponho usar 4 princípios básicos para nos ajudar a navegar pelos desafios da alimentação na era das redes sociais.

Quando se deparar com um post sobre determinado alimento, produto, prática ou dica nutricional, faça as seguintes perguntas:

Contexto: O conteúdo que chegou até você foi promovido como parte de uma campanha publicitária focada em vender algo? Por que, afinal, todo mundo está falando do produto X ou Y?
Acesso: O alimento promovido naquele conteúdo se encaixa de fato na sua rotina? É acessível para você comprar e consumir na frequência indicada? É um item fácil de encontrar ou é preciso se desdobrar para conseguir comprar?
Edição: Existe algum filtro ou efeito naquela imagem? Filtros, luzes, maquiagem e retoques digitais causam uma distorção de expectativas, mesmo que sejam usados sem a intenção de enganar. O seu almoço de arroz, feijão e salada não vai ser tão bonito ao vivo quanto a foto produzida de um PF (o mesmo vale para resultados de “antes e depois”).
Credibilidade: Quais são as credenciais de quem está compartilhando? É um profissional da área da saúde? É uma pessoa apenas postando sobre seu dia a dia? Lembre-se: cada indivíduo apresenta suas particularidades e, por isso, para atingir um mesmo resultado, pessoas diferentes podem demandar necessidades diferentes.

Usando estes critérios, talvez a gente consiga enxergar de forma mais clara que algumas tendências são apenas marketing, alguns “segredos de sucesso” são apenas uma experiência pessoal que não pode ser generalizada, e alguns posts são propositalmente enganosos – feitos para gerar engajamento (e dinheiro).

*Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti Saúde, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

O post 4 leis da alimentação para a era das redes sociais apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário