Voamos no Embraer Phenom 300, jato executivo mais vendido do mundo há 11 anos

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Foto: Divulgação

O Embraer Phenom 300 é apreciado pelo silêncio a bordo e pelos intervalos de manutenção mais longos

Os jatos executivos são divididos basicamente em três categorias: aeronaves leves, médias e grandes. No primeiro segmento, o líder absoluto é um avião brasileiro, o Embraer Phenom 300. E esse domínio não é de hoje.

Veja fotos do Embraer Phenom 300:







Em 2022, a aeronave da divisão Embraer Aviação Executiva foi o jato leve mais vendido do mundo pelo 11º ano consecutivo, com 59 exemplares entregues. Foi como se a fabricante tivesse produzido e enviado aos compradores um jatinho do tipo por semana. Neste ano, até o primeiro semestre (que tradicionalmente é um período com menos entregas), a Embraer despachou outras 18 unidades.

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Mas o que torna o Phenom 300 um “best-seller”? Para Gustavo Teixeira, diretor de vendas da Embraer Aviação Executiva, o sucesso do modelo é resultado de um profundo desenvolvimento de engenharia. “Conseguimos identificar com antecedência quais eram as tendências no segmento de jatos leves e criamos um produto muito bem posicionado em todos os requisitos de performance e conforto de cabine.”, contextualiza o executivo à Forbes Motors.

“O Phenom 300 é um avião muito apreciado por sua alta disponibilidade. Isso acontece pois levamos para a aviação executiva os mesmos padrões de prontidão da Embraer Aviação Comercial. É uma aeronave que tem intervalos de manutenção mais longos se comparada às concorrentes, entre outras facilidades de operação típicas da aviação comercial. Isso significa que é um jato executivo que pode passar mais tempo voando”, acrescenta Teixeira.

Test drive nas alturas

A convite da Embraer, Forbes Motors embarcou no Phenom 300 para um voo de apresentação, tal como os que a empresa oferece aos potenciais clientes que podem pagar a partir de US$ 12,5 milhões (o equivalente a R$ 62,3 milhões) pelo jatinho.

O ponto de partida do test drive foi o Aeroporto Catarina, em São Roque (SP), um terminal aéreo exclusivo para voos executivos, incluindo embarques e desembarques internacionais. O destino final era o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde o Phenom 300 poderia chegar em questão de 15 minutos, dada a proximidade entre os dois aeródromos, distantes um do outro por 70 quilômetros. “Para entender melhor a experiência de voar no Phenom 300 nesse trecho, temos de fazer um voo mais longo, de uma hora, até por que é um avião muito rápido, que voa a 80% da velocidade do som [(859 km/h])”, contou Ricardo Carvalhal, diretor de engenharia de vendas da Embraer Aviação Executiva, que acompanhou a reportagem.

Como é comum em apresentações de jatos de negócios, a decolagem é o momento ideal para demonstrar a capacidade de aceleração do avião. Em nosso voo, o Phenom 300 desgrudou da pista em São Roque como um foguete, executando uma subida íngreme e em alta velocidade, que fez o corpo colar no banco. “É por isso que os assentos de jatos executivos têm cintos de segurança de três pontos”, explicou Carvalhal enquanto o jato subia em ângulo acentuado usando a potência máxima dos dois motores turbofan Pratt & Whitney Canada PW535E1, cada um gerando 3.478 lbf de empuxo máximo.

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Estabilizado em torno de 15 mil pés (pouco mais de 4.500 metros) de altitude, embora possa voar muito mais alto que isso (até 45 mil pés/13.716 m, bem acima dos jatos comerciais), iniciamos a apreciação da cabine do Phenom 300 durante um giro aéreo pelo interior de São Paulo. É voando que se percebe a qualidade do interior do jatinho da Embraer, que parece estar no chão.

“As cabines dos jatos executivos da Embraer são projetadas de acordo com o tempo que os clientes vão permanecer a bordo viajando. O Phenom 300, por exemplo, tem tudo que o passageiro precisa para um voo de cinco horas, que é o alcance máximo dele. É como um carro bem espaçoso e muito confortável, com a vantagem de possuir um toalete”, compara Carvalhal.

Boa parte do conforto do Phenom 300 deve-se ao sistema de pressurização da cabine, que simula um ambiente estável em 1.820 metros independentemente da altitude em que o avião trafega. Como comparação, o ponto mais alto de São Paulo, o Pico do Jaraguá, na Serra da Cantareira, está a 1.135 metros em relação ao nível do mar. “Em aviões comerciais, que são maiores e levam mais pessoas, não é possível alcançar esse mesmo nível de pressurização na cabine. Em jatos executivos, por serem menores, conseguimos melhorar essa parte”, explica o diretor de engenharia de vendas da Embraer.

Além do conforto oferecido pela cabine pressurizada, que literalmente facilita a respiração dos ocupantes a bordo (e também não entope os ouvidos), o interior do Phenom 300 é muito silencioso. Exceto no momento de aceleração na decolagem e subida, em voo de cruzeiro, o ruído dos motores é quase imperceptível.

“Trazendo isso para a utilização no dia a dia, o passageiro tem no Phenom 300 um espaço para relaxar ou trabalhar com tranquilidade em voos curtos. Ou então ele pode apenas curtir o voo aproveitando as amenidades da aeronave”, lembra Carvalhal, ligando o sistema de som e transformando a cabine do jatinho numa discoteca voadora.

Depois de quase uma hora passeando pelos céus do interior de São Paulo, a aeronave iniciou a aproximação em de Congonhas e tocou a pista de forma suave. Dias depois, o jatinho da Embraer foi uma das estrelas da LabaceABACE  2023, a maior feira de aviação executiva da América Latina, no terminal aéreo paulistano. No entanto, quem comprou um Phenom 300 durante o evento precisa ter paciência: o prazo de entrega do modelo pode chegar a dois anos.

Fenômeno de vendas

A rapidez com que o Phenom 300 alcançou a liderança no ramo dos jatos leves é algo destacável. O avião, que é o “irmão maior” do Phenom 100, chegou ao mercado em 2008 e, três anos depois, já era o mais vendido da categoria. Nessa rápida trajetória, o jatinho brasileiro desbancou o Learjet, avião da Bombardier (descontinuado em 2022) que por quase cinco décadas foi o dono do segmento de acesso da aviação executiva. Prestes a completar 15 anos desde sua introdução, a aeronave da Embraer acumula mais de 700 unidades entregues a clientes em 39 países.

Entre seus concorrentes está o Cessna Citation CJ4, jato leve com dimensões e capacidades semelhantes às do Phenom 300. Baseado em uma plataforma projetada no fim da década de 1960, não é tão veloz quanto o modelo brasileiro (alcança no máximo 835 km/h), mas tem autonomia de voo ligeiramente superior (percorre até 4.010 km). Por ser uma aeronave de outra época, a cabine de passageiros não é tão equipada e bem-acabada como a do avião da Embraer. Por outro lado, o Cessna é mais barato: custa em torno de US$ 6 milhões (cerca de R$ 30 milhões).

Outro rival é o Pilatus PC-24, produzido pela suíça Pilatus Aircraft. Introduzida no mercado em 2015, chama a atenção por sua versatilidade, sendo capaz de pousar e decolar de pistas de terra, grama, gelo e cascalho. Ele também conta com uma porta maior na fuselagem, que permite o embarque de grandes objetos, um elemento raro em aviões executivos. Essas características variadas, porém, influenciam no desempenho do aparelho, que é mais lento (voa a 815 km/h) e tem alcance (de até 3.334 km) menor se comparado ao modelo da Embraer (de até 3.334 quilômetros). É avaliado em US$ 11,2 milhões (aproximadamente R$ 55 milhões).

Ficha Técnica do Embraer Phenom 300

Tripulação – 1 ou 2 pilotos

Passageiros – 6 (ou 7, com um ocupante no cockpit)

Peso Máximo máximo de Decolagem decolagem – 8.150 kgquilos

Velocidade Máxima máxima – 859 km/h

Altitude máxima – 45.000 pés

Alcance de voo – 3.723 km

(Reportagem publicada na edição 111 da Revista Forbes, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa).

 

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