A empresa de compartilhamento de escritórios WeWork entrou com pedido de recuperação judicial (Chapter 11) no tribunal federal de Nova Jersey na segunda-feira (6). O processo está limitado às operações da WeWork nos Estados Unidos e no Canadá. No pedido, a empresa informou ter passivos de US$ 18 bilhões.
Ela afirmou também que credores que possuem 92% dessas dívidas concordaram com um plano de reestruturação que incluiria a redução da sua carteira de escritórios alugados e arrendados. “Como parte do pedido [de recuperação judicial], a WeWork está pedindo autorização para encerrar os arrendamentos de determinados locais que são em grande parte não operacionais, e todos os membros afetados receberam aviso prévio”, informou a companhia.
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“Estou profundamente grato pelo apoio dos nossos acionistas e demais partes interessadas enquanto trabalhamos juntos para fortalecer a nossa estrutura de capital e acelerar esse processo”, disse David Tolley, CEO da WeWork, num comunicado à imprensa. “Continuamos comprometidos em investir em nossos produtos, serviços e equipe de funcionários de classe mundial para apoiar nossa comunidade.
No resultado divulgado em junho, a empresa estava alugando cerca de 1,8 milhão de metros quadrados de escritórios em junho, mais do que qualquer outra empresa nos Estados Unidos. Em setembro, porém, a WeWork havia informado que começaria a renegociar todos os seus aluguéis e deixaria alguns prédios. No seu site, a companhia lista 660 unidades em 37 países, abaixo dos 764 locais em 38 países que tinha cerca de dois anos antes.
No Brasil, onde as atividades não serão afetadas pelo pedido de recuperação judicial, a WeWork anuncia 20 endereços em São Paulo, três no Rio de Janeiro, dois em Belo Horizonte e um em Porto Alegre.
Queda de 98%
A WeWork sofreu uma das quebras empresariais mais espetaculares da história recente dos Estados Unidos nos últimos anos. Avaliada em US$ 47 bilhões em 2019, quando tentou abrir capital sem sucesso, a empresa valia cerca de US$ 45 milhões na sexta-feira (3). As ações caíram mais de 98% desde o início do ano.
A WeWork vem enviando sinais de alerta há meses. Em março a empresa chegou a um acordo com um grande investidor, o conglomerado tecnológico japonês SoftBank, e outros, para reduzir significativamente a sua dívida e garantir novos financiamentos. Ainda assim, afirmou em agosto que havia “dúvidas substanciais” sobre a sua capacidade de permanecer no mercado. E em outubro ela informou que deixaria de honrar US$ 95 milhões em juros enquanto buscava reduzir os alugueis que pagava.
A queda da WeWork é um fim melancólico para uma startup que tinha em sua declaração de propósitos “elevar a consciência do mundo”. A WeWork foi fundada em 2010 por Adam Neumann e Miguel McKelvey e abriu seu primeiro local na parte sul de Manhattan em 2011. Seu foco era alugar escritórios e sublocar esses espaços para clientes que iam desde profissionais autônomos a grandes corporações, passando por startups.
Startups e pandemia
A empresa se tornou um sinônimo de coworking, uma tendência que foi abraçada pelos millennials que faziam trabalho
freelance ou iniciavam suas startups. A imagem de jovens trabalhadores com seus laptops em espaços de trabalho abertos ou em salas de reunião tornaram-se comuns. Os coworkings tornaram-se lugares para as pessoas conversarem e compartilharem ideias enquanto tomavam café gourmet.
A empresa expandiu-se vertiginosamente na década passada, abrindo filiais em São Francisco, Los Angeles, Seattle, Tel Aviv e Londres. Em agosto de 2019, quando tentou abrir capital pela primeira vez, ela era o maior inquilino privado de Manhattan e uma das startups mais valiosas em um momento do mercado no qual o dinheiro dos investidores do Vale do Silício parecia inesgotável para essas empresas recém-criadas.
Porém, quando os profissionais de Wall Street se debruçaram sobre os números, eles ficaram cientes dos problemas de governança e das enormes perdas financeiras da WeWork. A abertura de capital foi cancelada em setembro, e Neumann deixou o comando logo depois. Ele foi substituído por Sandeep Mathrani, executivo do mercado imobiliário que assumiu o cargo em fevereiro de 2020.
Logo depois a pandemia chegou, levando muitos profissionais a trabalhar em casa e aumentando os problemas da WeWork.
A empresa conseguiu abrir seu capital em outubro de 2021 por meio de uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito específico. Também iniciou o fechamento de locações e a renegociação de aluguéis com os proprietários.
Mathrani supervisionou uma reestruturação no começo deste ano que reduziu as dívidas. Em maio ele deixou a empresa após supostamente ficar frustrado com o SoftBank. Em outubro, a WeWork anunciou um novo executivo-chefe, David Tolley, que já havia ocupado o cargo interinamente. “A WeWork tem uma base sólida, um negócio dinâmico e um futuro brilhante”, disse Tolley em comunicado na segunda-feira.
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