No ano passado, uma reserva escondida de whisky foi descoberta na sala subterrânea de um castelo escocês do século 13 e, depois de testes, ganhou o título de whisky escocês mais antigo que se tem notícia: ele foi destilado em 1833. E em breve será possível adquirir um pouco deste tesouro líquido.
Isso porque dúzias de garrafas da bebida serão leiloadas na Whisky Auctioneer, entre 24 de novembro e 4 de dezembro e espera-se que cada uma delas seja vendida por cerca de 10 mil libras esterlinas (cerca de R$ 60.800).
Isso não parece ser uma quantia exorbitante quando se considera que garrafas raras de Macallan dos anos 1950, por exemplo, têm alcançado dez vezes esse valor ultimamente. Mas vamos ser claros: isso não é uma garrafa de marca. Na verdade, ninguém sabe ao certo onde foi destilado, ou mesmo se é um single malt — só sabemos que foi produzido no início da década de 1830 e engarrafado em 1841, de acordo com a tecnologia de datação por carbono do Centro de Pesquisa Ambiental das Universidades Escocesas. Então, embora tenha quase 200 anos de existência, se este whisky tivesse uma indicação de idade — que reflete o tempo entre a destilação e o engarrafamento —, essa indicaria modestos “8” anos no rótulo.
Mais importante do que a indicação de idade, no entanto, é como o líquido foi cuidado ao longo dos dois séculos em que permaneceu na prateleira. E o fato de ter permanecido em um ambiente escuro e relativamente fresco na adega é promissor para a sua preservação.
O whisky, como qualquer líquido, oxida com o tempo. Isso ocorre mais lentamente em uma bebida destilada, em comparação com vinho ou bebidas não alcoólicas, mas as flutuações de temperatura e a exposição à luz são fatores que podem acelerar o processo — assim como armazenar as garrafas de lado, o que pode comprometer a integridade das vedantes.
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Mas só pelo local em que foi encontrado, já podemos presumir que o whisky em questão era de alta qualidade desde o início. O Castelo de Blair é a residência ancestral dos Duques de Atholl, que receberam convidados bastante distintos ao longo dos anos. Acredita-se até que a Rainha Vitória tenha provado essa bebida ao lado do Príncipe Albert quando visitou a propriedade em 1844.
No início deste ano, os atuais cuidadores do castelo buscaram avaliar a qualidade do whisky. Eles contaram com a ajuda de Angus MacRaild, especialista em rótulos antigos e raros. Ele observou que o líquido tinha peso e frescor e apresentava qualidades medicinais, sem a presença de turfa.
Antes do leilão, o álcool foi engarrafado novamente com o mesmo teor alcoólico com o qual foi encontrado. O número exato não foi divulgado, mas precisa ser superior a 40% de álcool para poder ser legalmente rotulado como whisky escocês.
É importante notar que MacRaild, que em breve abrirá sua própria destilaria dedicada a métodos “antigos”, nunca afirmou que este era o rótulo mais excepcional que já provou. Ele apenas destacou o privilégio de experimentar algo tão histórico. Isso destaca uma realidade subjacente: as notas de degustação reais de um whisky com 200 anos são quase irrelevantes. Ele existe mais como uma porta para o passado, uma oportunidade que é irresistível para qualquer entusiasta da bebida.
Claro, desde que você tenha pelo menos 10 mil libras esterlinas para gastar.
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