Em outubro lancei meu primeiro livro, O Jovem Digital. O livro é contrário ao que a maioria das pessoas esperava que eu fosse falar. “Imprevisível”, como uma moça me disse na noite de autógrafos do Rio de Janeiro.
Eu entendo a surpresa de algumas pessoas, porque a construção pública da minha imagem girou em torno de empreendedorismo durante mais de uma década. Mas eu sou mais do que essa definição. O empreendedorismo, para mim, é um modo de viver, um meio para realização de sonhos e de transformação na vida dos outros.
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Ou seja, era inevitável que eu, em um momento ou outro, fosse além da tecnicalidade de empreender, e passasse a comunicar elementos mais profundos sobre esse universo de trabalho, sociedade e comportamento.
Não sei se você já percebeu, mas meu objetivo com esta coluna é te ajudar a construir uma mentalidade e comportamento que te beneficiem no seu negócio e também na sua vida. É assim que acredito que posso mudar o mundo para melhor, mesmo que um pouco.
Dito isso, o que gostaria de trazer nessa coluna é um assunto latente e urgente que corporações, empreendedores e pessoas comuns precisam lidar com, mas muitas vezes não sabem como: o conflito de gerações.
Gerações diferentes
Quem é da Geração X, acredita que os jovens de Geração Z são descompromissados, pouco resilientes e imediatistas. Quem é das gerações Z e Alpha acredita que as pessoas de gerações anteriores são inflexíveis, arrogantes e que desperdiçam a vida correndo atrás de algo que nem gostam ou acreditam. Os dois estão certos, mas os dois também estão errados.
Quando nos dividimos e conflitamos, não é um ou outro grupo que perde: são todos. Nós, jovens que estão ingressando no mercado de trabalho ou criando nossos próprios negócios, precisamos desesperadamente de aconselhamento, orientação e da experiência de gerações que vieram antes de nós. Precisamos aprender com vocês a ter uma visão de longo prazo, resiliência para enfrentar desafios, aceitar o lado “ruim” do processo de construção de uma vida e carreira, e a ter paciência para colher os resultados.
Em contrapartida, vocês precisam olhar para nós não como “jovens que não sabem nada da vida”, mas sim como o futuro do mundo. O futuro desse mundo parece muito conosco – é um futuro que exige uma alta habilidade adaptativa, que saibamos lidar com mudanças todos os dias, de forma otimista e inovadora, que consigamos impor limites no trabalho para buscar um equilíbrio saudável entre construir um futuro e viver o presente.
O presente se parece muito com vocês, mas o futuro se parece conosco. E, se queremos construir um futuro melhor e mais bonito para todos, precisamos aprender a nos ouvir e agregar ao invés de excluir.
Como superar o conflito
Aqui estão, então, alguns pontos cruciais, sob o meu ponto de vista, para conseguirmos unir as gerações e nos beneficiarmos (todos) com isso:
Pratique a escuta ativa: o pré conceito nos faz ignorar o que o outro diz, invalidar suas experiências e sentimentos e nos colocar numa posição de “certos” e os outros na de “errados”. Isso não ajuda a agregar conhecimentos e ideias diferentes, muito pelo contrário, diminui a troca e aumenta o abismo. Escute o outro plenamente, sem ficar esperando só a sua hora de falar.
O exemplo molda o comportamento: as corporações já mudaram padrões estruturais e hierárquicos, mas o exemplo dos líderes (seja você o empreendedor ou um líder de uma organização), precisa ser o de abraçar o diferente e abrir espaço para ele, e não de criar medo nos colaboradores de contribuírem com visões diferentes.
Crie espaços seguros para ideias: para aproveitar ideias inovadoras dos jovens, e desenvolver conversas mais profundas e honestas, crie ambientes e horários para ter essas conversas e para que as pessoas compartilhem ideias e insights sem se sentirem julgadas. O comportamento de julgamento, caso exista, precisa ser repudiado e o comportamento de apoio, ser recompensado.
Demonstre interesse genuíno em aprender sobre o outro: quando ouvimos alguém com um ponto de vista diferente do nosso, o ganho está em adquirir uma visão nova sobre um assunto sobre o qual você tinha uma ideia preconcebida. O ganho não está em “ganhar a discussão”, mas em se tornar mais completo e compreensivo através das experiências dos outros.
Seja você um jovem digital ou uma pessoa de outras gerações, acredito que essas atitudes, junto com a crença de que juntos nos fortalecemos, são a saída para os problemas de conflitos geracionais que estamos vivendo. Espero contribuir para que, juntos, consigamos moldar um futuro mais promissor e acolhedor para todos!
E ah, para finalizar, quero te convidar a ler meu livro O Jovem Digital, que está disponível para venda online e em livrarias físicas em todo o Brasil!
Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, escritora, mentora e influenciadora. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos. Foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018 e é pós graduada em Filosofia. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte, do IMATIZE e autora do livro O Jovem Digital.
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