A sexta edição do Prêmio Mulheres do Agro, promovida pela Bayer e pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), realizado durante o 8º Congresso das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo (SP), reconheceu nesta quarta-feira (25), nove produtoras rurais por suas práticas ancoradas nos pilares ESG (ambiental, social e governança) nas divisões entre pequenas, médias e grandes propriedades.
Uma novidade na premiação deste ano foi o lançamento da categoria “Ciência e Pesquisa”. A pesquisadora vencedora da estreia da categoria foi Patrícia Monquero, 50 anos, que tem dedicado boa parte de seus estudos para aprofundar o manejo e a biologia das plantas daninhas. “Tenho desenvolvido trabalhos com alunos de graduação e pós graduação nas linhas de pesquisa com o uso de sistemas agroflorestais e controle de plantas daninhas na restauração florestal”, diz Patrícia.
Ela é engenheira agrônoma, doutora na área de fitotecnia e pesquisadora na Universidade Federal de São Carlos desde 2006. Em 2009 criou o GECA (Grupo de Pesquisa em Ciências Agrárias), voltado para a área de manejo de plantas daninhas e impacto dos pesticidas no ambiente. O projeto conta com 100 ex-alunos do curso de engenharia agronômica.
Produtoras e pecuaristas aplicando a agropecuária sustentável
Na categoria “Grande Propriedade”, a vencedora foi Flávia Saldanha, 44 anos, de Jacarezinho, no Paraná (PR). Flávia é engenheira agrônoma e administra a fazenda Califórnia desde 2004, com o auxílio de seu marido, Luiz Roberto Saldanha. Na propriedade tem café e grãos, como soja, milho e sorgo, e se baseia 100% na adoção de práticas agrícolas conservacionistas, buscando pela máxima eficiência produtiva com a mitigação dos impactos ambientais e benfeitorias sociais.
“O prêmio é a oportunidade de mostrar que a sustentabilidade é possível. Não como o ‘greenwashing’, que é quando você fala mas não faz. Pelo contrário, mostramos que, sim, dá para trabalhar com sustentabilidade e rentabilidade e aplicar no dia a dia na fazenda”, afirma . Atualmente, dado o sucesso de seu produto e a aplicação assertiva de boas práticas agrícolas, a produtora obteve parcerias comerciais para a exportação do seu café para os Estados Unidos, Japão, Austrália e alguns países da Europa.
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A também engenheira agrônoma de 31 anos, Ingrid Graziano, foi a eleita na categoria “Média Propriedade”. Há oito anos ela gerencia em Formosa (GO) a fazenda da Grota, propriedade de sua família desde 1993. O trabalho pecuária de corte, que atualmente está em transição, passando por melhoramento genético – ideia da própria Ingrid.
A estratégia foi a de aumentar a eficiência do negócio, e essa transição representa maior valor agregado ao produto. Todo o manejo agronômico e animal da fazenda busca a máxima integração, construindo um ecossistema produtivo visando a saúde do solo. Outra ferramenta adotada foi o uso de bioinsumos, culturas de cobertura e manejo holístico de pastagem, em que a pecuária é a própria ferramenta para regenerar o ambiente e o solo.
Em Monte Carmelo (MG), a zootecnista Ana Paula Curiacos, 51 anos, é gestora da fazenda Três Meninas desde 2016 e foi por causa desse trabalho de gestora que ela venceu a categoria “Pequena Propriedade”. A produção da família é de café especial em cerca de 54 hectares.
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A fazenda tem toda a sua área baseada no conceito de agricultura conservacionista, quando é feita a manutenção de cobertura permanente no solo, favorecendo a nutrição do café, a disponibilidade de água e a biodiversidade. Ao lado de seu marido, Marcelo Urtado, a produtora instalou placas fotovoltaicas e outras adaptações que geraram economia.
Outra redução foi nos custos com fertilizantes que caíram 47% por causa do manejo de controle natural de pragas. Ao longo dos últimos sete anos da fazenda Três Meninas, mais de 11 mil árvores foram plantadas, o que trouxe mais espécies nativas e aumentou a presença de abelhas e outros polinizadores na propriedade e ao redor dela.
Incentivar o trabalho das mulheres dentro e fora do campo
Desde a primeira edição, em 2018, mais de 1.100 mulheres já inscreveram suas histórias no Prêmio Mulheres do Agro, que, considerando as vencedoras desde ano, já reconheceu 54 produtoras rurais e uma pesquisadora, por seus projetos de pesquisa com impactos para o setor ou de grande alcance científico.
Em 2023, a premiação completou seis anos e o número de inscrições registrou uma alta de 113% desde sua criação. O destaque fica por conta da região Nordeste, que alcançou um marco inédito, em comparação a 2022, totalizando 33 mulheres inscritas somente este ano, de diferentes estados. “Este ano tivemos uma proximidade grande com as produtoras rurais do Nordeste, pois, após avaliações internas, notamos que a premiação não chegava até elas, mesmo sendo uma região com forte protagonismo feminino no setor. Por este motivo, decidimos, então, ir até lá, com diferentes ações, o que nos resultou nessa alta participação delas este ano”, conta Isabela Fagundes, especialista de comunicação corporativa da Bayer no Brasil.
Ela diz que o Prêmio Mulheres do Agro tem como missão dar o destaque merecido ao protagonismo das mulheres atuantes no agronegócio de todas as regiões do país, reconhecendo sua valiosa contribuição e incentivando o seu trabalho no campo – e, também fora dele, através dessa nova categoria sobre pesquisa. Segundo Gisele Balbinot, diretora executiva da Abag, o crescente número de mulheres se inscrevendo em cada edição do prêmio reflete a importância do trabalho das produtoras rurais para o fortalecimento e projeção do agronegócio brasileiro em escala global. “Elas desempenham um papel crucial em nosso setor e este reconhecimento é uma forma de homenagear cada mulher que trabalha no campo, na agroindústria, na pesquisa e nas universidades”, afirma.
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