Sou Ju Ferraz, baiana e nordestina com muito orgulho. E por que estou falando isso? Primeiro porque é parte de quem sou, mas também por termos celebrado o Dia do Nordestino em outubro e, ainda, por eu ter mergulhado nessas minhas raízes nos últimos meses.
O Nordeste é grande, cada estado tem sua particularidade, sua cultura, seus costumes e seu sotaque, mas estamos juntos na alegria de sermos quem somos e de sermos parte de um país tão especial e colorido como é o Brasil.
Venho percorrendo diversas regiões do Brasil nesse ano, com destaque para o Nordeste, onde tenho raízes profundas e um apreço imenso pela cultura diversificada. Entre palestras em Fortaleza, visitas a Maceió, incursões em Teresina e, já indo pro Norte, a emocionante experiência do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, deparei-me com uma constante: a surpreendente diversidade que permeia nossa nação e que muitos de nós às vezes esquece que existe. No objetivo de padronizar tudo e todos, o mercado, muitas vezes, vira as costas para o que temos de mais especial: nós mesmos.
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Essa diversidade não é só um mero traço de nossa cultura, mas o alicerce da verdadeira potência que o Brasil representa. Assumir o papel de colunista em uma plataforma tão influente na esfera dos negócios como é a Forbes traz consigo uma responsabilidade que levo muito a sério. Por isso quero trazer a importância de explorarmos esses “Brasis”, mergulhando nas particularidades e nas atitudes das pessoas que compõem essas regiões.
O consumidor brasileiro é notavelmente multifacetado e é vital que as marcas e os empresários compreendam essa diversidade. Querem um bom motivo para não só termos em nossa equipe pessoas de diversas partes e diversas culturas pensando o Brasil, mas também que nós mesmos mergulhemos de cabeça em outras regiões do país?
Recentemente, presenciamos um incidente que exemplifica essa necessidade: o episódio envolvendo a L’Occitane au Brésil, e uma empresa de origem francesa que, por desconhecimento ou excesso de liberdade poética, mexeu com uma figura icônica do Nordeste: o caju. Se você não soube dessa “polêmica”, a marca colocou no ar uma campanha de produtos feitos com essa fruta, protagonizada por Grazi Massafera, que despretensiosamente colhia um caju em um pé de amora. E que estava preso ao galho pela castanha. Uma loucura.
Isso destaca como as marcas frequentemente narram histórias sem compreender plenamente as singularidades de nossas regiões, suas características e sua história.
Nesse sentido, lanço um apelo às marcas e aos profissionais de comunicação: é imperativo entender a pluralidade de nosso povo e de nosso território. Quanto mais nos aprofundarmos nessa diversidade, maior será a representatividade e a conexão genuína entre as marcas e o público.
A verdadeira riqueza da vida e de nossa nação reside na diversidade, na pluralidade e na singularidade de cada região. Acredito que, ao desbravarmos mais profundamente a complexidade do Brasil, podemos desvendar o verdadeiro potencial de nossa pátria.
Convido todos a se unirem a essa jornada de descoberta e a explorar o Brasil real, indo além dos cartões-postais e celebrando nossa rica diversidade. Nessa diversidade está a essência do Brasil, e é nela que reside nossa verdadeira riqueza.
Juliana Ferraz é sócia da Holding Clube e tem quase 30 anos de carreira no universo da comunicação e eventos no Brasil.
O post O Brazil não conhece o Brasil: porque empresas precisam entender nossa pluralidade apareceu primeiro em Forbes Brasil.