A data de 11 de outubro marca o Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, uma condição complexa e multifatorial que pode ser influenciada por uma mistura de fatores genético, de estilo de vida e de ambiente.
E ao contrário do que se pensa, cerca de 40 a 70% dos casos têm uma base genética, apesar de a falta de exercício físico, hábitos alimentares não saudáveis, sono insuficiente e estresse também desempenharem um papel significativo.
Segundo a nutróloga Dra. Fernanda Cortez, a obesidade pode levar a uma série de problemas de saúde, como falta de ar, resistência à insulina (indicada pela acantose nigricans), ansiedade, varizes, apneia do sono, entre outros. É importante entender também que ela é uma condição crônica e precisa de gerenciamento a longo prazo.
Mas como fazer esse gerenciamento? Na maioria dos casos, o indicado é uma mudança no estilo de vida, incluindo dieta equilibrada, exercícios regulares e gestão do estresse. A especialista reforça que a infância é um período crucial nesse sentido, já que, se os hábitos saudáveis estiverem na vida da pessoa desde nova, isso vai prevenir o desenvolvimento da obesidade.
Porém, alguns mitos e mentiras muito divulgados sobre a obesidade podem acabar confundindo sobre o que é preciso fazer nesse gerenciamento e até causando visões erradas e preconceitos em relação a pessoas com essa condição. A seguir, entenda se algumas afirmações muito ditas sobre a obesidade são mitos ou verdades, de acordo com Dra. Fernanda.
Verdade – A obesidade é uma condição médica causada pelo excesso de gordura corporal, podendo prejudicar a saúde
A especialista explica que a obesidade é identificada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal em uma pessoa, conforme os parâmetros do Índice de Massa Corporal (IMC).
Devido ao acúmulo de gordura, a obesidade se torna um fator de risco para diversas doenças. Indivíduos obesos têm maior propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, além de problemas físicos como artrose, refluxo esofágico e tumores de intestino e vesícula, ou problemas psicológicos, como a depressão.
Mito – A obesidade é somente o resultado de maus hábitos, como comer excessivamente
Não é bem assim. Muitos acreditam que a obesidade é simplesmente o resultado de comer demais e ser preguiçoso, mas essa visão é muito simplista. Afinal, como já mencionado, a obesidade é uma condição complexa e multifatorial. Ela pode envolver, por exemplo, mudanças hormonais, predisposição genética, como disfunções endócrinas e transtornos psicológicos, não apenas os maus hábitos.
“Claro que a dieta e a falta de atividade física desempenham um papel importante no ganho de peso, mas é igualmente importante reconhecer e investigar outros fatores que podem estar sabotando os esforços para perder peso ou contribuindo para o acúmulo de gordura no corpo. A abordagem para entender e tratar a obesidade deve ser holística, considerando todos esses aspectos complexos da condição”, explica a nutróloga.
Verdade – Integrar exercícios físicos e apoio psicológico é fundamental no tratamento da obesidade
A autoestima diminuída, comum entre pessoas obesas, pode levar a uma redução nos relacionamentos sociais. Portanto, é crucial oferecer suporte psicológico para garantir que o indivíduo se sinta apoiado e motivado a continuar no processo de tratamento. “Além disso, é importante superar barreiras emocionais para praticar exercícios físicos, já que eles, combinados com uma alimentação adequada, são uma estratégia eficaz para combater a obesidade”, diz a Dra. Fernanda.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado realizar 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física intensa por semana. Isso, inclusive, não ajuda apenas na obesidade, mas melhora a saúde como um todo.
Mito – Apenas fazer dieta é suficiente para tratar a obesidade
Embora a alimentação seja crucial no tratamento da obesidade, ela não é o único fator envolvido, viu?
Primeiramente, é necessário avaliar a gravidade da situação e determinar se o uso de medicamentos é necessário. Afinal, transtornos como apneia do sono, diabetes tipo 2 e arteriosclerose podem se manifestar junto com a obesidade e também precisam de tratamento.
Já sobre a dieta em si, só fazer qualquer uma não adiante. O tipo de dieta apropriado varia de pessoa para pessoa. Se houver algum distúrbio endócrino, por exemplo, pode ser necessário um plano nutricional focado no equilíbrio de micronutrientes, como vitaminas e minerais, afetados pela disfunção.
Além disso, uma dieta excessivamente restritiva provavelmente não terá o efeito desejado e pode desestimular a perda de peso. “Isso ocorre porque o corpo leva tempo para se adaptar a uma nova condição alimentar e porque nenhuma dieta faz milagres. A restrição de nutrientes importantes, como carboidratos, pode ser prejudicial para o metabolismo”, explica a especialista.
Portanto, é essencial consultar um especialista que possa criar um plano personalizado de acordo com as necessidades nutricionais e os objetivos individuais de cada pessoa.