A cientista húngara Katalin Karikó e o colega norte-americano Drew Weissman, que se encontraram na fila de uma fotocopiadora antes de fazerem descobertas sobre moléculas de mRNA que abriram caminho para as vacinas contra Covid-19, ganharam o Prêmio Nobel de Medicina de 2023 nesta segunda-feira (2).
“Os laureados contribuíram para a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”, disse o órgão sueco que concede a premiação.
O prêmio, um dos mais prestigiados do mundo científico, é selecionado pela Assembleia Nobel da universidade médica do Instituto Karolinska da Suécia e inclui 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1 milhão) para serem distribuídos entre eles.
Karikó, ex-vice-presidente sênior e chefe de substituição de proteínas de RNA na empresa alemã BioNTech, é professora da Universidade de Szeged, na Hungria, e professora adjunta da Universidade da Pensilvânia.
Em entrevista após a premiação, ela disse que a sua falecida mãe especulava há muito tempo que ela poderia ganhar o Nobel – ao que ela lhe recordaria que houve uma altura em que não conseguia sequer uma bolsa para a sua pesquisa.
“Ela (minha mãe) disse: ‘mas você trabalha tanto’. E eu disse a ela que muitos, muitos cientistas trabalham muito, muito duro”, acrescentou Karikó, que estava dormindo quando recebeu a ligação de Estocolmo e inicialmente pensou que era uma piada.
O também vencedor Weissman, professor de pesquisa de vacinas na Pensilvânia, afirmou que vencer era um “sonho de toda a vida” e lembrou-se de ter trabalhado intensamente com Karikó – incluindo e-mails no meio da noite, pois ambos sofriam de distúrbios do sono.
“Durante os 20 anos em que trabalhamos juntos, antes que alguém soubesse o que é RNA ou se importasse, éramos nós dois, literalmente, lado a lado em uma bancada trabalhando juntos, conversando e discutindo novos dados”, disse ele em uma gravação no site do Nobel.
Karikó descobriu uma maneira de evitar que o sistema imunológico inicie uma reação inflamatória contra o mRNA feito em laboratório, o que antes era visto como um grande obstáculo contra qualquer uso terapêutico do mRNA.
Juntamente com Weissman, ela demonstrou em 2005 que os ajustes nos nucleosídeos, as letras moleculares que escrevem o código genético do mRNA, podem manter o mRNA fora do radar do sistema imunológico.
“Portanto, o Prêmio Nobel deste ano reconhece a descoberta científica básica que mudou fundamentalmente nossa compreensão de como o mRNA interage com o sistema imunológico e teve um grande impacto na sociedade durante a recente pandemia”, disse Rickard Sandberg, membro da Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska.
O prêmio de medicina dá início à premiação deste ano, com os cinco restantes a serem revelados nos próximos dias.
Os prêmios, entregues pela primeira vez em 1901, foram criados pelo inventor sueco da dinamite e rico empresário Alfred Nobel, e são concedidos por realizações nas áreas de ciência, literatura e paz e, nos últimos anos, também em economia.
O rei sueco entregará os prêmios em uma cerimônia em Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel, seguida de um luxuoso banquete.
O prêmio de medicina do ano passado foi concedido ao sueco Svante Paabo pelo sequenciamento do genoma do Neandertal, um parente extinto dos humanos atuais, e pela descoberta de um parente humano até então desconhecido, os Denisovanos.
Outros vencedores anteriores incluem Alexander Fleming, que dividiu o prêmio de 1945 pela descoberta da penicilina, e Karl Landsteiner, em 1930, por sua descoberta dos grupos sanguíneos humanos.
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