Após avançar em oito das últimas dez sessões, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira (29) com baixa firme no Brasil, em um dia de correção de preços e em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries, após novos dados de inflação nos EUA reduzirem as apostas de que o Federal Reserve apertará ainda mais sua política monetária.
O principal vetor para a queda dos juros no Brasil foram os Treasuries, cujos rendimentos cederam após o Departamento do Comércio dos EUA informar que o núcleo do índice de preços PCE — que exclui alimentos e energia — aumentou 0,1%, depois de alta de 0,2% no mês anterior. Na base anual, o núcleo do índice subiu 3,9% em agosto, após um aumento de 4,3% em julho.
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O dado de núcleo, bastante observado pelo Fed, foi bem recebido pelo mercado e tirou força do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, com reflexos no Brasil. A avaliação foi de que, com o indicador mais favorável, diminuíram as chances de o Fed elevar mais os juros para conter a inflação.
“Nos últimos dias, vimos um movimento de alta forte das taxas de juros, em especial nos títulos de 10 anos nos EUA. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) estava muito pressionado, o petróleo subia e a China preocupava”, pontuou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
“Hoje (sexta-feira) temos um movimento de correção. O núcleo do PCE veio abaixo das expectativas, o que ajudou a acomodar os mercados. Os juros fecharam nos EUA e no Brasil”, acrescentou.
Pela manhã, dados de inflação na zona do euro também demonstraram desaceleração da alta de preços, o que contribuiu para uma avaliação de que o Banco Central Europeu (BCE) igualmente pode já ter encerrado seu ciclo de alta de juros.
Durante a tarde, declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, reforçaram a visão desta sexta-feira mais “dovish” (branda) sobre a política monetária.”Minha avaliação atual é que estamos no nível máximo da faixa de meta para a taxa básica de juros, ou próximos a isso”, disse.
No fim da tarde no Brasil a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,245%, ante 12,261% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,855%, ante 10,972% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,615%, ante 10,762%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,83%, ante 10,991%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,125%, ante 11,277%.
Com o movimento desta sexta-feira (29), perto do fechamento a curva a termo precificava em 4% as chances de o corte da taxa básica Selic em novembro ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 96%. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.
Pela manhã, o Banco Central informou que o déficit nominal do setor público, que inclui despesas com o pagamento da dívida pública, foi a 7,3% do Produto Interno Bruto nos 12 meses encerrados em agosto. É o pior desempenho desde maio de 2021, quando alcançou 8,8% do PIB. Apenas em agosto, o déficit nominal foi de R$ 106,561 bilhões.
No fim da tarde, as taxas dos Treasuries seguiam em baixa.
Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2,20 pontos-base, a 4,5752%.
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