Você já deve ter ouvido falar do Michael Phelps. O nadador (hoje aposentado) se tornou o maior medalhista olímpico de todos os tempos, quebrando, ao longo da carreira, 39 recordes mundiais. Phelps nasceu com uma impressionante envergadura de braço e ficou conhecido pela intensidade dos seus treinos – dizem que eram mais de 13 km percorridos por dia na piscina.
Mas… e se eu te disser que os responsáveis por explicar todo o sucesso de Phelps – e de outros atletas de elite – não são somente a genética e as horas dedicadas aos treinos?
Existem fatores comportamentais que ajudam a melhorar a performance. São atitudes ou estratégias que funcionam, e muito. A boa notícia é que muitas delas podem funcionar também para você – seja nos seus objetivos de treino, perda de peso, ou até mesmo desenvolvimento profissional.
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Abaixo, divido 4 dessas estratégias, ou lições. Em mais de duas décadas atendendo atletas e não atletas, e também profissionais de diversas áreas em busca de melhorias na saúde e no corpo, posso dizer com certeza: essas lições fazem a diferença.
1. Quebrar suas metas em objetivos menores, concretos e realistas
Nem todo atleta treina para bater um recorde mundial. Muitos traçam como meta a classificação para o campeonato ou uma disputa pelo pódio, por exemplo. Essa é uma estratégia boa não apenas para conseguir focar seus esforços, mas também para poder celebrar conquistas e evoluir aos poucos.
Quantas vezes você não criou uma meta ambiciosa que não foi batida? Não há nada errado em ter grandes planos – você precisa deles! O problema é não traçar etapas mais tangíveis e factíveis para chegar lá.
Se o seu objetivo é sair do sedentarismo e correr uma maratona, por exemplo, é muito mais melhor começar com a meta de “correr 2 km” e ir aumentando. O mesmo vale para questões de peso. Se você inicia uma reeducação alimentar apenas focando no resultado final da balança, tem grandes chances de se frustrar. Objetivos como “incluir 2 frutas ao dia na dieta”, por outro lado, são pequenas ações concretas que você consegue implementar no dia a dia.
No mundo dos negócios, podemos fazer um paralelo com o famoso plano de metas SMART – acrônimo do inglês para Metas Específicas, Mensuráveis, Atingíveis e Realistas dentro de um Tempo demarcado. Aliás, a Forbes já escreveu sobre o tema.
2. Acompanhar sua jornada – e não apenas o seu progresso
Atletas de elite medem sua performance a cada treino. Isso é crucial pois, a longo prazo, dá uma visão mais correta da evolução pessoal. Porém, muitas pessoas que iniciam mudanças em seu estilo de vida não fazem esse acompanhamento: elas tendem a focar apenas nos resultados que consideram positivos – por vergonha ou medo de se deparar com o que denominam “fracasso”. Isso é um grande erro!
Os dados são sempre nossos aliados. Um ganho de peso num processo de reeducação alimentar, por exemplo, pode ter diferentes interpretações. Pode indicar ganho de massa magra previsto nos objetivos daquela pessoa, ou pode indicar que o plano alimentar prescrito não está adequado à rotina – e precisa ser revisto.
Na Medicina, entendemos que cada organismo funciona de uma forma – e é importante ter uma abordagem integral do indivíduo para criar uma rotina saudável baseada no que funciona para cada um.
Moral da história: use os dados a seu favor para medir a sua jornada – e não apenas para “validar suas vitórias”.
3. Procurar apoio – não tentar fazer tudo sozinho
Um atleta de alta performance conta com uma equipe multidisciplinar: nutricionista, preparador, fisioterapeuta, técnico… São muitos profissionais focados em garantir ao máximo os resultados daquela pessoa, para seus objetivos específicos. “Tá, mas o que isso tem a ver comigo?”, você deve estar pensando.
Calma. Ninguém que não é atleta precisa contratar 12 profissionais diferentes para atingir seus objetivos de saúde – mas esse exemplo mostra como o apoio de quem tem conhecimento científico é essencial para potencializar esforços.
Não é fácil encaixar mudanças de hábitos quando se tem trabalho, família e uma série de outros compromissos. Por isso, ao invés de começar um plano alimentar ou rotina de treinos tirada da cabeça ou copiada de alguém que postou nas redes sociais, busque ajuda profissional. Procure um médico, um nutricionista e um treinador qualificados para te orientar com algo que, de fato, vai funcionar para VOCÊ. Hoje, além de opções no modelo de consultas presenciais, existe também a teleconsulta que aproxima você e os profissionais que te ajudam de forma mais acessível.
4. Cuidar da mente – e não apenas do corpo
Em 2019, a NFL, liga de futebol Americano dos Estados Unidos, anunciou que estava adicionando psicólogos ao seus times, reforçando “o inseparável link entre saúde mental e performance”. A NFL não está sozinha: é crescente o número de times e delegações no Brasil e no mundo que contam com apoio psicológico como parte fundamental do seu preparo.
Na verdade, há evidências científicas de que a saúde mental tem papel importante em alavancar resultados dentro e fora de campo. Há mais de 20 anos, por exemplo, a famosa Harvard Business Review publicou um estudo sobre como a alta performance no trabalho pode ser representada por uma pirâmide: a base é a saúde física e os níveis acima são compostos por saúde emocional, mental e senso de propósito.
Em resumo, a sua melhor performance no trabalho, nos treinos, na dieta ou no que quer que se proponha a fazer só será atingida se um aspecto importante da sua saúde estiver em dia: a parte mental. Aliás, importante ressaltar: o próprio Michael Phelps é bastante aberto sobre a sua luta constante contra a depressão e ansiedade – e sobre como um acompanhamento mais próximo de profissionais a partir de 2014 foi essencial para a sua qualidade de vida e retorno às piscinas após uma breve aposentadoria. Alguns anos depois, em 2016 ele participou de sua 5ª Olimpíada, ganhando impressionantes 4 medalhas de ouro e uma de prata nos jogos do Rio de Janeiro.
*Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti Saúde, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.
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