Empresas de alimentação, paisagismo, educação e setores financeiros estão entre as que mais empregam brasileiros nos Estados Unidos. Os profissionais mais bem pagos atuam nas áreas de medicina, administração, engenharia e economia. O Citibank é a 4ª empresa que mais contratou brasileiros em 2022 e também a que ofereceu alguns dos melhores salários – mais de R$ 100 mil por mês – para dois vendedores corporativos admitidos no período.
Veja as empresas que mais empregaram brasileiros nos EUA em 2022
Esses são alguns dos dados levantados sobre trabalhadores brasileiros no país da América do Norte pelo escritório de advocacia AG Immigration, especializado em green cards e vistos de trabalho para os EUA, com informações do Departamento de Trabalho do país. As principais razões desse movimento são essencialmente as mesmas de décadas atrás: busca por melhores salários, qualidade de vida e, do ponto de vista americano, para preencher espaços de um mercado com escassez de profissionais.
“A realidade salarial entre as duas economias é gritante. E isso vale para toda e qualquer profissão”, afirma Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration. Segundo ele, um atendente de fast food ganha o equivalente a R$ 11 mil por mês nos EUA.
As remunerações variam e dependem dos cargos e das empresas. Os menores salários foram para babás (R$ 7.314 por mês), auxiliares de limpeza (R$ 7.384) e cozinheiros (R$ 7.800). “São profissões que exigem menor qualificação educacional, mas que estão pagando salários relativamente altos, dada a escassez de mão de obra nos EUA”, diz Costa.
O maior salário foi de R$ 2,5 milhões anuais – R$ 208 mil por mês – para um cardiologista contratado pela Duluth Clinic, em Minnesota, e graduado na Universidade Federal do Ceará. Dois outros médicos foram contratados como professor assistente em um centro acadêmico de saúde e diretor de pesquisa clínica na Amgen, gigante do setor de biotecnologia, com salários de R$ 152 mil e R$ 127 mil por mês, respectivamente.
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Fora da medicina, um economista formado pela PUC-Rio foi contratado para as funções de CFO e COO da Sambazon, empresa californiana que fabrica alimentos e bebidas à base de açaí. O salário é de R$ 125 mil por mês. E dois brasileiros formados em universidades americanas foram admitidos pelo BCG (Boston Consulting Group) como líderes de projetos, com remuneração de R$ 108 mil por mês. “A tendência é que a participação desses brasileiros com ensino superior ou alto grau de especialização aumente ano a ano”, diz Costa.
Veja as empresas que mais empregaram brasileiros nos EUA em 2022 e o número de contratados:
Outras empresas que contrataram brasileiros:
Sej Services (6)
Red Hat (6)
Nash Organization (6)
Arkansas Early Learning (5)
Care Dental of Wellington (5)
Sunshine Clean of Austin (5)
Amazon Web Services (5)
Swift Transportation (5)
Gondim Law Corporation (5)
Apple (4)
JP Morgan Chase (4)
Volvo Group (4)
Amazon.com Services (4)
Flipsrva (4)
Hyannis Air Service (4)
Auria Spartanburg (4)
Jray (4)
US Framing (3)
Nike (3)
Embraer (3)
SAP (3)
Stafford Restaurant Management (3)
Schreiber Foods (3)
DRM (3)
Alstom Transportation (3)
R. P. Marzilli & Co. (3)
É a economia, sempre
O principal motivo para ir trabalhar nos EUA é financeiro. “Em razão da conjuntura econômica dos últimos dez anos, muitas pessoas perderam a esperança de ter uma carreira ou sequer um emprego no Brasil”, diz o CEO da AG Immigration.
Do lado das empresas, existe uma escassez de profissionais, em relação a trabalhos mais e menos qualificados. A taxa de desemprego nos EUA subiu de 3,5% em julho para 3,8% em agosto, mais do que os economistas esperavam. No mesmo período, foram criados 187 mil empregos. Ainda assim, esse cenário é visto como retrato de um mercado de trabalho fortalecido e uma taxa de desemprego baixa, segundo a Presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester. “Sem conseguir preencher as vagas dentro do país, as companhias recorrem aos imigrantes, patrocinando o green card para eles.”
Rodrigo Costa também ressalta a questão da segurança e qualidade de vida como atrativos para os brasileiros. “É por isso que temos visto um número cada vez maior de brasileiros com ensino superior vindo aos Estados Unidos.”
O aumento do acesso ao ensino superior no Brasil também ajuda a explicar a ampliação do perfil do brasileiro que vai trabalhar nos EUA. “Está deixando de ser quase que totalmente composto por pessoas que vêm ocupar os chamados subempregos para incluir um número cada vez maior de pesquisadores, executivos, consultores, empreendedores e profissionais em ocupações que exigem elevado nível de conhecimento técnico ou acadêmico”, diz Costa.
Em relação a essas posições, um aspecto adicional apontado pelo CEO é a realização profissional. “Um pesquisador de células-tronco que trabalha numa universidade americana encontra uma estrutura laboratorial que provavelmente não encontraria no Brasil. Um contador ou analista financeiro que trabalha em Wall Street pode estar realizando o sonho da carreira”, afirma Costa.
Como se preparar para trabalhar nos EUA
Para conseguir um visto ou green card, não é preciso falar inglês, mas pesquisas mostram que quanto melhor o seu conhecimento no idioma, maior pode ser o seu salário. Segundo um estudo do grupo de pesquisa americano Brookings, imigrantes que vão para os EUA falando inglês fluentemente têm remunerações até 135% maiores do que aqueles que não dominam o idioma.
Ser fluente em inglês faz de você um profissional bilíngue nos EUA. “Em cidades como Nova York, Boston e Miami, por exemplo, saber falar inglês e português é um enorme diferencial, que também se traduz em salários maiores”, diz Costa.
Em relação à documentação necessária, ele explica que depende do tipo de visto para entrar no país, permanente ou temporário, por exemplo. “Os EUA têm mais de 150 tipos de vistos, cada um com suas exigências, e alguns deles com critérios bem subjetivos.”
As exigências, em geral, são essas:
Vistos que não exigem que a pessoa tenha uma oferta de emprego formal de uma empresa americana
– Passaporte;
– Evidências que comprovem habilidades acima da média, de acordo com as exigências de cada visto (reportagens, artigos publicados, livros, participação em bancas, prêmios, etc);
– Diploma e histórico escolar;
– Comprovante de remuneração acima da média da sua área (holerites, extratos, etc);
– Cartas de recomendação;
– Exames Médicos e atestado de vacinação;
– Atestado de antecedentes criminais.
Vistos que exigem que a pessoa tenha uma oferta de emprego formal de uma empresa americana
– Passaporte;
– Oferta de trabalho;
– Certificação laboral;
– Currículo;
– Diploma e histórico escolar;
– Atestado de antecedentes criminais;
– Exames Médicos e atestado de vacinação;
– Atestado de proficiência em inglês (apenas se o empregador pedir; não é necessário para o visto).
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