Depressão: só remédio não basta; você pode (e deve) trabalhar a seu favor

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Praticar esportes é importantíssimo para tratar a depressão

Tenho de admitir: conviver com a depressão não é fácil. Depressão é como uma “nuvem de pólen” de tristeza que envolve uma pessoa. Esgota a energia, traz desesperança, sensação de buraco no peito, vontade de não fazer nada.

Antidepressivos há muito tempo são a linha de frente no tratamento dessa doença. Eles ajudam? Sem dúvida, e muito. Mas são suficientes? Não. É necessário trabalhar a seu favor.

Este é o grande desafio quando se fala em recuperação da depressão: as coisas que mais podem ajudar a trazer de volta a alegria, o bem-estar, o controle, são as mais difíceis de colocar em prática porque a vontade sumiu.

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Pode parecer impensável levantar da cama, mas não é impossível. Comece devagar. Uma ideia é dar uma caminhada perto de casa. Outra ideia é, se você mora perto de uma praça ou parque, caminhar lá para observar o verde.

Eu sempre repito isso: exercício físico é um excelente remédio. Para tudo, inclusive para a depressão e a ansiedade (elas frequentemente andam juntas). A cada ano, surgem mais evidências científicas de que praticar um esporte ou uma atividade física melhoram enormemente o humor (algo que o antidepressivo também faz) e aliviam a ansiedade.

Mas talvez a maior lição que a prática de um esporte (vale tudo; o importante é você gostar do que está fazendo) é capaz de nos ensinar é que somos capazes de muito mais do que imaginamos.

Quando permitimos que o exercício físico faça parte de nossa vida e nos dedicamos a ele, ganhamos uma percepção mais positiva de nós mesmos em muitos sentidos. Isso é especialmente importante quando falamos de depressão.

Pessoas que convivem com a doença geralmente têm pensamentos negativos relacionados a si mesmas. O esporte empodera e muda para melhor o modo como nos enxergamos.

A prática de um esporte, em especial os coletivos e os feitos em grupo, como é o caso da corrida, traz outro benefício importante. Quando alguém está deprimido, a tendência é se isolar, de modo que pode ser difícil conectar-se até mesmo com familiares e amigos. Participar de atividades coletivas (pode ser uma aula de ginástica também) fará uma grande diferença no humor e na disposição.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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