Jogadoras lutam por aumento de salário mínimo no futebol espanhol

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Europa Press Sports/Getty Images

Vitorioso da Copa deste ano, o futebol feminino da Espanha está envolto em tensões desde antes do campeonato mundial

As jogadoras da Liga Espanhola feminina de futebol terminaram, na última quinta-feira (14), a greve que faziam neste início de temporada após o sindicato das jogadoras e a liga chegarem a um acordo em relação ao aumento do salário mínimo.

Na semana passada, o Futpro, sindicato de jogadoras, anunciou que as atletas entrariam em greve nas duas primeiras rodadas da nova temporada depois de não conseguirem chegar a um acordo com os dirigentes sobre valor do salário mínimo e condições de trabalho.

Elas pretendiam ficar em greve pelo menos até o fim de semana de 30 de setembro, mas voltarão a jogar depois de chegarem ao acordo. Por isso, a temporada 2023-24 da Liga F – como é conhecido o campeonato da primeira divisão da Liga Espanhola feminina – começou na sexta-feira (15).

O salário mínimo no futebol feminino espanhol

O salário mínimo anual das jogadoras da Liga F era de 16 mil euros (R$ 83 mil) anuais. Nas negociações com a liga, as atletas pediam um salário mínimo anual de 25 mil euros (R$ 129,88 mil) na temporada deste ano e 30 mil euros (R$ 155,8 mil) na próxima.

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Já a Liga F propôs um aumento para 18 mil euros (R$ 93,5 mil), com aumentos graduais nas próximas três temporadas, chegando a até 25 mil euros (R$ 129,88 mil). A oferta para as jogadoras também incluía benefícios como auxílio-creche para os filhos durante os treinos, espaços específicos para amamentação e bolsas de estudos em cursos e universidades.

O combinado entre as partes é um salário mínimo de 21 mil euros (R$ 109 mil) anuais para a temporada deste ano, 22,5 mil euros (R$ 116,9 mil) em 2024-25 e 23,5 mil euros (R$ 122,1 mil) em 2025-26. Esses valores podem aumentar em 2,5 mil euros nas duas primeiras temporadas e 4,5 mil euros na terceira, de acordo com as receitas comerciais.

O novo acordo substituirá a faixa salarial anterior, que havia sido estabelecida antes da Liga F se tornar profissional em 2020.

“O empenho e os repetidos esforços dos clubes durante o processo de negociação foram fundamentais para chegar a um acordo, sem perder de vista a sustentabilidade financeira da competição”, disse a Liga F em comunicado para a Reuters. “Esperamos que esse aumento mostre o caminho às outras instituições esportivas da Espanha para avançar o projeto do futebol feminino profissional.”

O início de melhores condições para o futebol feminino espanhol

O Futpro disse que o novo acordo é o começo de um avanço. “Agora é hora de trabalhar para avançar em pontos tão importantes como maternidade, protocolos de assédio, políticas de bônus e outras questões que consideramos igualmente importantes para o bom desenvolvimento da profissão das nossas jogadoras”, comunicou o sindicato.

A disputa sobre salários e direitos trabalhistas na liga acontece desde outubro de 2018, quando as negociações começaram. Só foi em fevereiro de 2020 que foi finalmente assinado um acordo coletivo fixou o salário mínimo das jogadoras da primeira divisão espanhola em 16 mil euros.

A luta das mulheres no futebol espanhol

A decisão de entrar em greve foi o mais recente acontecimento nas tensões que envolvem o futebol feminino na Espanha. Na semana passada, Jorge Vilda, o técnico que liderou as espanholas à vitória da Copa do Mundo, foi demitido pela Real Federação Espanhola de Futebol após um longo conflito com as atletas.

Vilda vinha enfrentando críticas desde o ano passado, quando 15 jogadoras pediram sua demissão por métodos de treinamento inadequados e pela criação de um ambiente tóxico.

A demissão de Vilda aconteceu 10 dias depois da Fifa suspender o presidente da federação espanhola, Luis Rubiales, por beijar na boca, sem consentimento, a jogadora Jenni Hermoso durante as comemorações da vitória da Espanha na Copa do Mundo. No domingo, Rubiales pediu sua resignação como presidente da organização, depois de semanas se negando acusações de abuso sexual.

Rubiales disse que era “evidente” que ele não seria capaz de retornar ao cargo de presidente após uma suspensão da Fifa, uma investigação interna lançada por sua federação e possíveis acusações criminais de agressão sexual.

Na última sexta-feira (15), Rubiales prestou depoimento perante um tribunal de Madrid em uma investigação de violência sexual. Ele foi convocado por um juiz do tribunal superior espanhol para responder às acusações de má conduta e coerção depois que Jenni Hermoso apresentou uma queixa legal contra ele por agressão sexual.

* Manasi Pathak é colaboradora da Forbes USA. Ela é uma jornalista freelancer que escreve sobre esportes e futebol – e fez a cobertura da Copa do Mundo de 2022 no Catar.

(Traduzido por Gabriela Guido)

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