Ameaças chinesas e decepção com iPhone 15: é para vender as ações da Apple?

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O iPhone 15 Pro Max, composto de titânio e com um novo botão de ação, é a grande aposta da marca para aumentar o engajamento com o público.

As ações da Apple (AAPL34) estão encerrando a semana com uma queda de 2,5%, cotadas a US$ 173,84 no pregão eletrônico Nasdaq. Essa baixa foi uma reação dos investidores a duas notícias consideradas negativas para a companhia. A primeira foi o lançamento do iPhone 15 na terça-feira (12). A nova linha de smartphones trouxe poucas alterações em relação aos modelos anteriores, o que decepcionou um pouco o mercado, na opinião dos analistas internacionais. A segunda notícia negativa foi a proibição, pelo governo chinês, de uso de iPhones pelos servidores públicos.

 






































 

 

Comecemos pelo iPhone 15. Segundo uma avaliação da Forbes nos Estados Unidos, os principais modelos Pro e Pro Max agora são construídos com estruturas de titânio e oferecem as atualizações usuais relacionadas ao poder de imagem e processamento. Esses modelos têm desenhos muito semelhantes aos do ano passado, embora ofereçam processadores e câmeras melhores, e tenham o sistema dinâmico de notificações que anteriormente era limitado ao Pro.

O iPhone 15 começa custando US$ 800 (R$ 3.900), enquanto o modelo Pro começa com US$ 1.000 (R$ 4.870). Segundo a Forbes americana, isso “marca o sétimo ano consecutivo em que a Apple mantém o preço de seus principais produtos.”

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Incertezas

Qual o impacto no faturamento da Apple? Segundo analistas ouvidos pela Forbes americana, o crescimento do volume de poderá ser fraco, dada a saturação no mercado mais amplo de smartphones e os ventos contrários na China após a decisão do governo de proibir o uso de iPhones por funcionários públicos.

Os analistas brasileiros também estão pessimistas. Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me, avalia que a Apple não está mais crescendo no mesmo ritmo dos últimos anos. “Isso por si só não seria um problema, mas quando olhamos para o seu valuation, a situação se complica”, diz ele. “A empresa está sendo negociada como uma empresa de crescimento, mas seus números recentes não refletem isso.”

Segundo Gentile, em 2016, a Apple enfrentou três trimestres consecutivos de queda na receita em relação ao ano anterior, devido à queda nas vendas do iPhone. “Agora, em 2023, estamos vendo números semelhantes, com a receita trimestral caindo em comparação com o ano anterior”, avalia. Para o analista, “o crescimento previsto de 6% nos próximos dois anos não se parece com uma história de crescimento sólido”. Gentile avalia que “para justificar um múltiplo como esse, a empresa precisaria crescer pelo menos a um ritmo de 2 dígitos.”

Barreiras na China

E os limites impostos pelas autoridades chinesas? Thiago Rigo, analista da gestora Titanium Asset, avalia que “o medo é exagerado; a medida deve afetar um mercado de 500 mil aparelhos, ante uma expectativa de venda de 45 milhões de unidades na China em 2024”, diz ele. Para Rigo, o mercado parece ter superestimado a medida, pois, em termos absolutos, as vendas serão pouco afetadas.

Rigo avalia que a reação do mercado foi exagerada porque o momento da proibição coincidiu com lançamentos de produtos pela concorrente chinesa Huawei, o que reacendeu o medo de um concorrente local tirar mercado da Apple. “Porém”, diz o analista, “apesar de estar desenvolvendo celulares mais potentes, a Huawei ainda está muito atrás da Apple em termos de software e hardware”.

Ironicamente, isso deve-se principalmente às sanções americanas contra a empresa chinesa, que reduziram consideravelmente sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento. Para ele, a Huawei pode tomar mercado da empresa americana “em algum momento”, mas para isso os aparelhos da empresa chinesa têm de evoluir em termos de sistema operacional e desempenho.

Olhando para os resultados, segundo os analistas a Apple tem feito um bom trabalho na gestão das suas margens nos últimos anos, apesar de vir mantendo os preços estáveis. As receitas vêm sendo impulsionadas por um mix de vendas mais favorável e pela potencial melhoria da oferta de componentes semicondutores.

A empresa divulgou uma margem bruta do produto de 35,4% no último trimestre, número considerado positivo. Ou seja, as ações podem ter menos probabilidade de apresentar o crescimento pujante dos anos anteriores, mas seguirão pagando bons dividendos aos acionistas.

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