Desde proporcionar uma sensação de segurança até comprar as melhores férias do mundo, não há como negar que o dinheiro vem acompanhado de certos luxos. Um estudo publicado na Social Indicators Research revelou que a situação financeira corresponde a cerca de 10% da satisfação das pessoas com a vida, um número bem significativo.
Isso vai além da mera renda e reforça a importância de uma visão holística sobre a situação econômica de cada um. No entanto, embora o dinheiro possa realmente aumentar os sentimentos de segurança e satisfazer certas necessidades psicológicas, ele não garante necessariamente uma ligação emocional ou a compatibilidade romântica.
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Muitas pessoas ricas costumam dizer que é difícil para elas encontrar amor e companheirismo. Elas dizem coisas como: “Equilibrar meus negócios com relacionamentos muitas vezes me faz questionar se o amor verdadeiro está fora do meu alcance”, “Às vezes sinto que meu estilo de vida me isola, tornando difícil encontrar alguém que consiga valorizar minhas qualidades” e “Com tantas viagens e eventos, fico pensando se as pessoas são atraídas por mim ou pelo mundo ao meu redor”.
Essas são preocupações genuínas, mas há esperança. A riqueza tende a restringir as possibilidades de namoro, já que essas pessoas costumam procurar características específicas em um relacionamento de longo prazo. Se você é rico e tem dificuldade para criar vínculos, refletir sobre como a riqueza molda suas percepções românticas pode oferecer insights valiosos.
Por exemplo, um estudo de 2016 publicado na Frontiers in Psychology revelou que a riqueza pode influenciar a satisfação no relacionamento com base na aparência do parceiro, principalmente para homens heterossexuais. Além disso, os indivíduos mais ricos, independentemente do gênero, muitas vezes se sentem mais no direito de procurar o que julgam mais atraente fora do seu relacionamento.
Um estudo de 2012 publicado na PNAS descobriu que a riqueza estava ligada a uma atitude um tanto displicente em relação ao comportamento antiético das pessoas. Com base no estudo, veja algumas maneiras pelas quais as pessoas mais ricas podem acabar se alienando em relacionamentos íntimos:
Atitude negligente em relação às regras. Eles são mais propensos a infringir as leis enquanto dirigem, baseados na crença de que algumas regras não se aplicam a eles.
Bússola ética distorcida. A tomada de decisões pode se inclinar para o interesse próprio em detrimento da justiça, o que é evidenciado em casos de mentiras em negociações ou de endosso de práticas questionáveis no trabalho.
Ênfase excessiva na vitória. Seja em jogos ou em cenários de trabalho, eles podem fazer de tudo, até mesmo trapacear, para garantir a vitória.
O estudo sugere que essas tendências antiéticas são, em parte, influenciadas pelas atitudes relacionadas à ganância. Isso pode criar um ambiente em que a formação de relacionamentos genuínos e de confiança se torna um desafio.
No entanto, é importante considerar que um ambiente criado para pesquisa não é igual ao mundo real. Embora essas sejam generalizações baseadas em descobertas científicas, a sua situação individual pode variar.
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Se você é rico e nota essas características em si mesmo, é crucial lembrar que se trata de uma situação do ovo ou da galinha. Muitos atributos que levam as pessoas a acumular riqueza — como a determinação, a autoconfiança e assumir de riscos — podem contribuir para desafios interpessoais. Provavelmente não é que a riqueza torna alguém antiético; em vez disso, o caminho para o imenso sucesso pode, por vezes, envolver decisões que dão prioridade ao interesse próprio.
Então, qual é a solução? Veja algumas estratégias que os ricos podem adotar, inspiradas nos princípios dos investimentos inteligentes:
Diversifique seu portfólio social. Assim como a diversificação nos investimentos reduz o risco, a interação com um grupo diversificado de indivíduos pode dar uma perspectiva mais rica sobre a vida e os relacionamentos, o que é muito valioso.
Busque valor, não apenas crescimento. Em vez de sempre almejar “vencer” ou buscar relacionamentos chamativos e de curto prazo, procure conexões que proporcionem valores mais profundos.
Avalie os riscos nos relacionamentos. Nos negócios, compreender os riscos potenciais é vital. Nos relacionamentos, isso se traduz na compreensão tanto das suas vulnerabilidades quanto das do seu parceiro, promovendo uma conexão emocional mais profunda.
Aprendizagem contínua. Assim como as indústrias evoluem, compreender o amor e os relacionamentos requer autorreflexão e educação contínuas. Considere aconselhamento de relacionamento ou workshops como uma forma de “desenvolvimento profissional” para sua vida pessoal.
Conclusão
No coração de cada indivíduo, rico ou não, muitas vezes existe o desejo de ter uma conexão genuína. A riqueza pode, de fato, atrair muitos pretendentes, mas o desafio está em diferenciar o que é real do que não é. Todo mundo merece encontrar aquela pessoa especial que vê além do saldo bancário. Com paciência, autoconsciência e um pouco de estratégia, o amor não é apenas um investimento lucrativo, mas inestimável.
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*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
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