O metaverso foi um conceito que monopolizou as conversas de tecnologia de 2021 a 2022, os efeitos de digitalização da pandemia e o crescimento de indústria como games contribuíram para que o assunto saísse da bolha de especialistas. Mas na mesma velocidade com que se popularizou, também deixou de ser tema. Em outras palavras, os especialistas dizem que “o metaverso flopou ou fracassou”. Mas faz sentido essa leitura? Considerando que muitas das tecnologias e conceitos são aplicáveis e movimentam bilhões? Em 2022, o ecossistema que envolve o metaverso movimentou mais de US$ 220 bilhões.
A segunda edição da pesquisa Metaverse Scope, realizado pela 3C Gaming, faz esse questionamento considerando como o tema é visto por consultorias, a mídia e instituições de pesquisa. No caso das consultorias, o estudo mostra que elas aprofundaram a relação com o metaverso por meio de ações práticas e investimentos. “Isso fica evidente na comparação entre os temas e formatos que foram explorados nos últimos meses”, aponta o estudo. Na primeira onda, feita em março de 2022, foi constatado que as consultorias traziam uma definição conceitual mostrando os elementos do metaverso. Na segunda, datada de março deste ano, elas falam de futuro do metaverso, percepção de valor e expectativas atuais. Foram considerados artigos e análises de Accenture, PWC, KPMG, McKinsey, EY e Deloitte.
Por que você deve se preocupar com o metaverso em 5 argumentos:
Na mídia e em eventos de inovação, o tema esfriou na comparação entre os dois anos. “Isso aconteceu por conta da ascensão da inteligência artificial e a falta de tração nas plataformas de metaverso que utilizam blockchain e VR.” A pesquisa questiona se, neste contexto, faz sentido continuar olhando para o tema. “Entendemos que o metaverso é inevitável, mas com o hype, a discussão perdeu o foco. Nosso objetivo, com esse mapeamento, é identificar quatro grandes grupos de importâncias para voltar a falar do tema de forma concreta e com foco.”
As quatro premissas são: presente, expectativas, valor real e plataformas. Na primeira, é importante que o olhar para a tecnologia não esteja em um futuro utópico. “Já a segunda é observar com muita atenção a expectativa das pessoas seguido de uma análise também do valor real que essas tecnologias oferecem. Por fim, é importante analisar o trabalho concreto das plataformas.” O estudo ainda considera que o metaverso segue como um conceito relevante por que ele aglutina alguns anseios importantes das pessoas: experiência, identidade e propriedade.
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“Inegável que houve uma assimetria entre a história projetada e o fato, quando pensamos em metaverso. O hype ampliou expectativas, acelerou a curva de retorno e inviabilizou a percepção do benefício. E assim, quanto maior a expectativa, mais difícil a percepção de valor ser positiva. Em outras palavras, a ênfase dada foi tanta que causou um descompasso brutal de timing entre o mundo financeiro/empresarial e os players de tech, em relação a esta tese futura de geração de caixa. Chega a ser irônico, mas o próprio ruído gerado pelas empresas promotoras do metaverso causou um desgaste irreparável no signo, apesar do seu significado ser poderoso e inconteste. Não há dúvidas quanto às aplicações de tecnologias imersivas e de realidade aumentada em benefício da educação, entretenimento, sociabilização, trabalho remoto, treinamento, demonstração de inúmeras categorias de produtos e tantos outros casos de uso”, explica Giovanni Rivetti, CEO da Context, do Grupo Dreamers.
Antônia Souza, COO da Lumx, que atuou por anos na Meta, reforça a importância de que, antes de qualquer investimento, haja uma compreensão da tecnologia. “Desde o ápice do metaverso, vimos várias marcas tentando usá-lo sem entender ao certo o conceito ou mesmo sem fazer o estudo para entender se o público alvo das ações interagiam com aquele ambiente. Por outro lado temos muitas marcas se movimentando na contrapartida do movimento de flop e usando a tecnologia para atingir um dos públicos que mais tem desafiado os profissionais de marketing do momento, a geração Z.”
“No último anos vimos alguns cases bem interessantes de marcas desenvolvendo estratégias inteligentes para se conectar com o público mais jovem através de ações em jogos como o Fortnite, GTA entre outros. No Brasil, até campanhas para estimular os jovens a votar foram desenvolvidas no último ano, onde tivemos um recorde de menores de 18 anos participando das eleições. Tirando a geração Z é possível ver diversos usos eficazes das tecnologias relacionadas ao metaverso em real state e no health techs, usos que vão desde visualização de apartamentos na planta até treinamentos de cirurgia para estudantes de medicina. Por fim, o que vemos com o metaverso é o caminho normal das tecnologias emergentes, passado o hype sobrevivem apenas as que se provam úteis realmente e o metaverso vem mostrando sua aplicabilidade.”
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