Se hoje as celebridades customizam e desfilam com abadás dos camarotes nas festas de Carnaval, podemos dar os parabéns para Tatianna Oliva. “As pessoas não gostavam da obrigação de usar uma camiseta na festa”, diz ela, que foi atrás de melhorar essa experiência e, em um projeto da agência Banco de Eventos para o camarote da Brahma, fez uma parceria com uma marca de moda para dar outra cara ao negócio. “Em vez de contratar fornecedores, fui chamando quem entendia daquilo e, assim, gerando economias para a Brahma. Quando a gente viu, tinha criado um monstro”, explica.
A marca de cerveja, dona de um dos camarotes mais disputados do Carnaval, com atrações como Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho, gostou do trabalho da “menina da parceria”. É uma boa definição para Tatianna, que empreendeu nesse ramo com a Cross Networking. “Transformei uma característica minha em negócio”, afirma.
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A empresa, que acaba de completar 15 anos, costurou parcerias improváveis entre grandes marcas e personalidades. Entre elas, podemos citar o avatar digital do DJ Alok no game Free Fire, a linha de produtos para casa da Tok&Stok com a Maizena, uma coleção de maquiagens da MAC com as influencers Luciana e Marcella Tranchesi e as roupas da Reserva com estampa da Heinz. “A parceria é o meio pelo qual eu faço negócio.”
Hoje, a Cross Networking é uma das oito empresas que compõem a Holding Clube, grupo especializado em comunicação e marketing de experiência criado em 2010 por José Victor Oliva, marido de Tatianna. “Eu casei com o dono da empresa, então tinha uma situação muito confortável. Mas eu queria ter o meu negócio, a minha história”, afirma.
Olhar (intra)empreendedor
Advogada de formação, Tatianna caiu no mundo do marketing por acaso e logo se apaixonou pela diversidade de temas e marcas com os quais podia trabalhar. Mas não começou pequeno: seu primeiro trabalho foi um freela no prêmio mais importante da publicidade mundial, o Festival de Criatividade de Cannes, na Riviera Francesa. “Precisavam de alguém que falasse inglês e eu tinha morado nos Estados Unidos”, lembra.
Na volta, José Victor, hoje seu marido, a convidou para trabalhar no Banco de Eventos, também da Holding Clube, responsável pelo Camarote N°1, no Rio de Janeiro, e que tem entre seus clientes as gigantes Ambev, Ford e Vivo. “Fiquei nove anos e passei por todas as áreas. E a Cross nasceu lá dentro”, afirma.
A empreendedora defende o chamado intraempreendedorismo e um olhar atento que permite encontrar oportunidades de criar e inovar dentro da empresa atual. “Descobri que você pode empreender montando um negócio, mas também trabalhando para alguém”, explica.
Ela chegou a sair do Banco de Eventos para fundar a própria empresa, no que foi o “maior aviso prévio da minha vida”. Mas trouxe o marido como sócio colocando em prática a filosofia da parceria, o maior imperativo do seu negócio. “Na hora, fiquei em dúvida, mas me juntar a uma empresa que já estava há décadas no mercado, com reputação e clientes, me daria estrutura e ajudaria a dar o start”, diz.
Em contrapartida, Tatianna renovou os ares do grupo, com um olhar para a economia criativa. “Eles entraram com o histórico e a experiência, e eu com a inovação e um novo modelo de negócio”, analisa.
Paulista de Santos, ela agora quer levar a Cross Networking para fora do Brasil, com a ajuda da filha. A maternidade impulsionou sua carreira, e vice-versa. Foi depois de ter a segunda filha que sentiu que queria algo mais e decidiu empreender. “Pesquisas mostram que depois que a mulher tem filhos, ela volta [ao trabalho] muito melhor. E volta mesmo”, afirma Tatianna, que diz também notar isso nas suas colaboradoras.
Como fazer uma paixão virar negócio
A empreendedora é uma workaholic assumida. “Escutei uma frase do Nizan [Guanaes], que diz que ‘sem tesão, não há dinheiro’. Eu sou muito disso. Eu trabalho pra caramba, mas me realizo muito”, afirma.
Em uma rápida conversa, Tatianna consegue enxergar oportunidades de negócio e conectar pessoas e marcas. “Eu tenho ideias no cabeleireiro, atravessando a rua. A minha cabeça não para um segundo.”
Para transformar uma paixão em carreira, o primeiro passo, segundo ela, é se conhecer e traçar metas. “Saiba o que você faz bem e onde essas características são valorizadas”, diz.
Depois, é importante olhar para o lado e entender que fazer o que você gosta dificilmente vai ser suficiente para te levar aonde você quer chegar. “Por exemplo, eu não sou uma pessoa de números, mas entendi que eles me guiam para atingir minhas metas”, afirma.
E, por último, as parcerias. “Saiba trazer com você quem tem algo que possa te ajudar – e o que essa pessoa ou marca também quer”, completa.
É sobre esse tema que Tatianna lançou o livro “Um Mais Um É Maior Que Dois”, da Colmeia Edições, em 2018. “As pessoas normalmente vão falando do que precisam sem saber do que o outro precisa. Leva tempo para estudar o outro e realmente achar conexão”, afirma.
O post “Transformei minha característica em negócio”, diz fundadora da Cross Networking apareceu primeiro em Forbes Brasil.