No Brasil, existem em torno de 520 startups de saúde ativas, de acordo com o relatório produzido pela Liga Ventures com apoio da PwC Brasil. Três delas foram fundadas pelo empreendedor Fernando Domingues, de 28 anos. Juntas, as empresas faturaram em torno de R$ 150 milhões em 2022 e projetam atingir receita de R$ 180 milhões neste ano.
O setor de saúde não foi a primeira escolha de Domingues. Com pais médicos, ele fez faculdade de economia para fugir da tradição familiar, mas o empreendedorismo o pegou no meio do caminho. De primeira, em 2015, ele lançou uma empresa de limpeza comercial, que não foi para frente. Sua segunda tentativa foi no mercado financeiro, com uma empresa de investimentos que também não vingou por falta de experiência.
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Foi nesse momento que ele decidiu procurar um estágio e esperou uma vaga em uma companhia do setor de saúde. Por lá, ele aprendeu tudo o que precisava para voltar a empreender. Após o estágio, Domingues abriu em 2017 uma clínica no Rio de Janeiro, especializada em testes rápidos, prática cuja demanda explodiu com a pandemia. Isso o fez entender as necessidades do setor e chamou atenção do grupo Dasa (DASA3), que decidiu comprar o negócio por R$ 500 mil em 2018.
Foi o capital com que Domingues fundou sua primeira startup de saúde, a Conexa, uma plataforma de telemedicina. “Fora do país, o mercado de telemedicina já era muito grande e percebemos que era uma tendência que chegaria ao Brasil”, afirma. “Pouco tempo depois, com a chegada da pandemia, nós já éramos uma empresa com experiência na área, com caixa reforçado e possibilidade de crescimento muito maior que as companhias que estavam chegando ao mercado”, completa.
O crescimento foi rápido. Em 2022, a Conexa realizava cerca de 500 mil atendimentos por mês, tendo captado R$ 300 milhões em investimentos ao longo da jornada. Sozinha, a companhia faturou R$ 140 milhões no ano passado.
Em 2021, Domingues vendeu parte da Conexa e investiu na Cannect, buscando preencher outra lacuna que via no setor: o acesso à cannabis medicinal. A empresa visa facilitar o acesso de quem precisa usar a cannabis medicinal, conectando pacientes, médicos, instituições de saúde, pesquisadores e fornecedores. Desde seu lançamento, a empresa captou R$ 40 milhões e faturou R$ 12 milhões em 2022. Para 2023, sua expectativa é atingir receita de R$ 50 milhões.
A mais nova aventura de Domingues, lançada este ano, é a Omni, empresa de benefício de saúde corporativo que quer dar acesso à medicamentos mais baratos para a população. “Hoje, todas as empresas que trabalham com esse tipo de serviço estão vinculadas com uma farmácia e nós queremos fazer o oposto disso, dando a possibilidade do funcionário comprar seu medicamento onde ele achar mais conveniente”, afirma o empresário.
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O plano mais barato da Omni custa R$ 20 por vida para as empresas e representa um benefício de até R$ 200 para o funcionário. Esse valor é depositado no aplicativo da companhia e permite o pagamento dos medicamentos via pix.
Logo em seu lançamento, a empresa captou R$ 5 milhões. Quando completar um ano, em 2024, a Omni projeta estar faturando R$ 1 milhão por mês. De acordo com o executivo, em um futuro não tão distante, o objetivo da startup é agregar mais tecnologias usando IA e digitalizar todo o contato com os beneficiários.
De acordo com o relatório da Liga Ventures com apoio da PwC Brasil, das 520 startups do setor, 267 são focadas no mercado B2B (business to business), onde a Omni também se encontra. 12% delas atuam no mesmo segmento da startup de Domingue, o de gestão e processo corporativos, o que mostra que, ao mesmo tempo que há espaço para crescimento, há concorrência.
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