Fundador do Waze conta como levantou US$ 2 bi focado em resolver a mobilidade

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Uri Levine: “O poder do Waze para envolver a comunidade era permitir que seus membros criassem tudo”

Desde que cofundou e depois vendeu Waze e Moovit, startups de mobilidade, a primeira comprada pelo Google em 2013 por US$ 1,1 bilhão e a segunda pela Intel pelo mesmo valor, o israelense Uri Levine passou a se dedicar a dar palestras ao redor do mundo sobre empreendedorismo e tecnologia. Agora, os ensinamentos de Uri serão reunidos no livro “Apaixone-se pelo problema, não pela solução”, publicado no Brasil pela Citadel Grupo Editorial com prefácio de Steve Wozniak, cofundador da Apple.

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“Adoro construir empresas que mudam a vida das pessoas para melhor, e quase sempre meu ponto de partida é o problema. Se ele é grande e vale a pena resolvê-lo, então na minha cabeça já aparece uma empresa interessante e uma jornada que vale a pena trilhar”, comenta Uri que, em entrevista à Forbes Brasil, fala sobre como conseguiu reunir uma comunidade de milhões de pessoas em torno de driblar o trânsito das grandes cidades. Uri também comenta o processo de venda da plataforma para o Google e de sua segunda startup para a Intel. “O processo de venda de uma empresa é uma montanha-russa emocional dramática para a qual nada o prepara e, durante esta jornada de fusões e aquisições, há muitas reviravoltas”, destaca.

Forbes Brasil – Quais os elementos que fizeram do Waze um case bem-sucedido de formação de comunidade?
Uri Levine – Bem, primeiramente, o trânsito é um grande problema e um inimigo comum de todos os motoristas, então a missão é atrativa o suficiente. A outra parte é compreender a comunidade e, em particular, o comportamento do crowdsourcing. A maior parte da contribuição do crowdsourcing é feita automaticamente, tanto nos mapas em tempo real como, em particular, nas informações de trânsito. A participação ativa, embora obrigatória, é uma parte menor do motor de crowdsourcing. O poder do Waze para envolver a comunidade era permitir que seus membros criassem tudo. Construímos as ferramentas; os motoristas as utilizam para aprimorar os dados e, portanto, o valor é agregado aos motoristas.

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FB – Quais foram os desafios e aprendizados de ter vendido o app para o Google?
Uri – A aquisição pelo Google e outras aquisições das quais participei, como a Moovit, que foi vendida por mais de US$ 1 bilhão para a Intel em 2020, me ensinou muito sobre o processo e me permitiu ajudar outros empreendedores em sua jornada. Se você acha que construir uma startup é uma jornada de montanha-russa, então a captação de recursos será uma montanha-russa no escuro, você nem sabe o que está por vir, e o fechamento será no escuro e de cabeça para baixo. Então M&A é muito mais, também ao contrário. É uma montanha-russa emocional dramática para a qual nada o prepara e, durante esta jornada de fusões e aquisições, há muitas reviravoltas.

FB – O que te atrai a seguir investindo em negócios relacionados a mobilidade?
Uri – A maioria das minhas ideias de startups originam-se de frustração. Me deparo com um problema e, se ele for grande o suficiente e afetar muitas pessoas, procuro uma solução. Os engarrafamentos são um bom exemplo. Eu odeio engarrafamentos. São a essência de uma perda de tempo, mas também acredito que posso mudar isso e, até certo ponto, iniciamos o Waze para ajudar as pessoas a evitar engarrafamentos, mas a realidade é que há mais engarrafamentos hoje do que havia em 2007 – então minha missão ainda está incompleta. Na verdade, o Moovit, que veio depois do Waze, teve um impacto mais significativo nos engarrafamentos do que o Waze e uma das minhas startups hoje que lida com estacionamento terá um impacto ainda mais significativo, acredito.

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FB – Como você enxerga a nova fase da mobilidade com elétricos e autônomos?
Uri – Esta é uma questão significativa por si só. Na verdade, posso escrever um livro inteiro sobre a natureza dos engarrafamentos, mas só quero que você pense no seguinte: em uma rodovia principal e imagine um quilômetro de uma faixa desta rodovia durante as horas de maior movimento. Neste quilômetro, há cerca de 40 veículos (movendo-se lentamente), e nestes 40 veículos, há cerca de 50 pessoas. É isso. 50 pessoas ocupam um quilômetro de estrada. Se não mudarmos a relação entre o número de passageiros e o número de veículos, ficaremos presos no trânsito para sempre. Não se trata de EVs ou veículos autônomos. Trata-se de uma mudança de comportamento e para isso precisamos de transportes públicos que funcionem. Precisamos começar pelo usuário – o usuário do transporte público. A decisão de mobilidade é baseada em poucos critérios: conveniência, rapidez e custo e segurança. Se pudéssemos ter construído no Brasil um sistema que proporcionasse maior conveniência, o que significa de qualquer lugar para qualquer lugar, mais rápido e mais barato – essa seria a escolha que as pessoas fariam.

FB – O que você destacaria do livro?
Uri – Steve Wozniak, o fundador da Apple, chamou-o de “a bíblia para empreendedores”, dizendo que gostaria de ter isso quando começou. Mas é mais do que apenas para empreendedores; ele se tornará seu guia para construir negócios e obter sucesso em geral. Recebo comentários de pessoas dizendo que se tornou seu manual para construir ou administrar negócios ou desenvolver produtos, e é inspirador ver como minha vocação para criar valor também se concretiza por meio deste livro. O livro compartilha meu know-how e experiência, que são fundamentais para construir um negócio.

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