O verdadeiro segredo para o sucesso nos investimentos

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A famosa máxima “Conhece-te a ti mesmo” ressoa na esfera dos investimentos tanto quanto na filosofia

Ao começar a investir, a corretora apresentará a você um formulário de suitability com perguntas que ajudarão a definir seu perfil de investidor, categorizando como conservador, moderado ou arrojado. 

O preenchimento deste documento é uma exigência legal da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para proteger os investidores e evitar que a corretora ofereça produtos que estejam fora do perfil de risco. Contudo, além disso, este preenchimento também ajudará você a refletir sobre as características mais fortes de sua personalidade, passando a tomar decisões que sejam uma mediação inteligente entre os investimentos mais adequados às suas metas e os mais alinhados com seu perfil psicológico. 

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Quando eu falo em mediação, é porque dificilmente você irá estar 100% alocado no que precisa sem que, com isso, você fuja um pouco de seu perfil psicológico. Da mesma forma, você não investirá 100% de acordo com o perfil sem que isso o afaste um pouco do que é ideal para atingir suas metas de rentabilidade. 

Essa equação é complexa, especialmente se você é investidor iniciante e está na fase de acumulação de patrimônio. Obviamente, a busca por altas rentabilidades é muito importante nessa fase. No entanto, risco e retorno caminham juntos. Para obter ganhos altos em pouco tempo, você precisa se expor a riscos maiores. É justamente aí que o autoconhecimento é fundamental. 

Equilíbrio entre perfil e investimento: um desafio complexo

Entender a natureza emocional ou psicológica da sua relação com o dinheiro e o consumo é muito mais determinante para definir o tipo de investidor que você será do que os conhecimentos sobre finanças ou contabilidade. 

Afinal, acumular patrimônio é algo que todos nós realizamos com um fim específico. Esse objetivo normalmente não tem a ver com a acumulação em si, mas com segurança, realização, felicidade e tantas outras coisas subjetivas e emocionais que, em certa medida, dependem de alguma quantia de dinheiro para se viabilizar. 

Por que o autoconhecimento importa?

A famosa máxima “Conhece-te a ti mesmo” ressoa na esfera dos investimentos tanto quanto na filosofia. Compreender a natureza emocional e psicológica de sua relação com o dinheiro é mais determinante para seu perfil como investidor do que meros conhecimentos técnicos. 

Acumular patrimônio não se trata apenas de números, mas de segurança, realização e felicidade. São elementos subjetivos que dependem, em parte, de recursos financeiros. Assim, quanto mais você se conhece, menor o risco de se deixar levar por ambições equivocadas ou por ilusões de consumo e de status, que podem custar caro tanto financeira quanto emocionalmente.  

Impacto do autoconhecimento nas decisões financeiras

Na última década o interesse por finanças comportamentais cresceu bastante. No entanto, elas ainda são consideradas um nicho dentro do mercado financeiro, quando na verdade deveriam ter um protagonismo muito maior.

Temos corretoras, gestoras e casas de análise despendendo grandes esforços em estudar e oferecer aos investidores estratégias de investimento pautadas nos fundamentos de cada tipo de ativo, o que é saudável e altamente relevante. Porém, poucas são as iniciativas no sentido de oferecer abordagens que considerem com a mesma sofisticação de estudos, os aspectos comportamentais envolvidos em cada decisão financeira. 

Ao meu ver isso é contraintuitivo, principalmente se considerarmos padrões psicológicos sistemáticos, como o comportamento de rebanho ou a tendência de investidores de varejo comprarem fundos de investimento com base no desempenho passado. Isso acontece diariamente nos mercados financeiros do mundo todo, portanto, deveriam ser objeto de interesse central no desenho de estratégias e em todas as consultorias de investimento.

Inúmeros estudos mostram que a maioria dos investidores têm aversão à perda e que a dor decorrente de um prejuízo é sentido com muito mais intensidade do que o prazer derivado de um ganho na mesma ordem de grandeza. 

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Ainda assim, a maioria das estratégias que assessores de investimento desenham para seus clientes baseia-se na suposição de que todos estamos dispostos a – e somos capazes de – participar das perdas na mesma medida em que participamos dos ganhos, sem levar em consideração o fato de que as perdas podem ter um impacto significativamente maior do que os ganhos, tanto financeira quanto psicologicamente.

Falando em termos práticos, sua personalidade como investidor é indissociável das decisões de investimento que você toma. Isso vale para o mercado inteiro, que nada mais é do que a soma de milhares de pontos de vista de investidores individuais.

Dessa forma, vieses comportamentais e características psicológicas individuais exercem influência decisiva toda vez que você toma – ou opta por não tomar – uma decisão de investimento, e influenciam como você reage aos resultado dessas decisões.

Entender sua personalidade financeira pode ajudá-lo a entender por que você toma as decisões que toma, como provavelmente reagirá à incerteza inerente ao investimento e como pode moderar os elementos irracionais das decisões de investimento e, ao mesmo tempo, satisfazer suas preferências individuais.

Explorando o potencial da psicologia financeira

Desde a Teoria do Prospecto de  Kahneman e Tversky, na década de 1970, a psicologia financeira avançou consideravelmente na compreensão do comportamento econômico, entretanto, essa riqueza de conhecimento é subutilizada na construção de estratégias de investimento. 

A psicologia financeira é uma ferramenta essencial para investidores, não só no início, mas durante toda jornada investidora. No entanto, essa riqueza de conhecimento é subutilizada na construção de estratégias de investimento. 

À medida que o campo das finanças comportamentais continua a crescer, abraçar o autoconhecimento pode ser a chave para alcançar sucesso duradouro no mundo dos investimentos, com escolhas mais consistentes, adaptadas à sua personalidade e objetivos.

Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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