Como a Agfresh quer evitar que US$ 28 bilhões acabem no lixo todos os anos

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PeterDazeley/Guettyimages

Desperdício de alimentos está em toda a cadeia, especialmente no varejo

A Albertsons, a segunda maior cadeia de supermercados da América do Norte, com cerca de 2.200 lojas, quer vender framboesas frescas. Não framboesas moles. Ou mofadas. Ou que não serão comestíveis no dia seguinte a colocá-las na geladeira. Mas framboesas vermelhas, suculentas e deliciosas.

Isso é uma tarefa incrivelmente difícil de conseguir. No passado, eram os gerentes de loja que decidiam quando e em que quantidade a fruta era colocada nas gôndolas. Por muito pouco e o cliente saía da loja de mãos vazias. Caso contrário, ass framboesas acabavam ficando por muito tempo nas gôndolas, perdendo seu tempo de prateleira.

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“Anteriormente, o pedido de produtos se dava de forma manual, o que significava que as lojas eram mais propensas a estimar incorretamente o tipo e a quantidade de produtos que os clientes comprariam”, disse Suzanne Long, diretora de sustentabilidade da Albertsons.

No ano passado, para ajudar na gestão dessa tarefa, a Albertsons, com sede em Boise, Idaho, e receita anual de US$ 78 bilhões (cerca de RS$ 390 bilhões na cotação atual), começou a usar software de inteligência artificial nas lojas, desenvolvido por uma startup chamada Afresh Technologies,. A empresa precisava de ajuda para prever a demanda e fazer pedidos para o tipo de alimento que tende para estragar mais rapidamente, ou seja, com menos vida de prateleira, como banana, pimentão e salada em pacotes. Agora, a Albertsons está fazendo pedidos mais frequentes para quantidades menores desse tipo de alimento. “Estamos tentando ter prateleiras cheias e um depósito vazio quando o próximo caminhão chegar”, disse

Matt Schwartz, CEO da Afresh, diz que há instrumentos para ajudar o mercado

A Afresh, com sede em São Francisco e fundada em 2017, ainda é um negócio pequeno – a Forbes estima que sua receita no ano passado foi inferior a US$ 10 milhões (cerca de R$ 50 milhões) – mas está crescendo rapidamente. Com US$ 150 milhões (R$ 747 milhões) em financiamento de capital da Spark Capital, Insight Partners e outros grandes venture capitals, a Afresh lançou seu software em 3.300 lojas que incluem Albertsons (cujas lojas representam a maior parte de seus negócios), WinCo Foods e Fresh Thyme. Funcionários de supermercados empunhando iPads digitam quantas maçãs, cabeças de brócolis e tomates-cereja ainda restam nas prateleiras e, em seguida, revisam sugestões automatizadas de quanto pedir.

Mais supermercados estão adotando esse tipo de tecnologia em um esforço para reduzir a quantidade de comida que eles jogam fora a cada ano, uma quantia que totaliza US$ 28 bilhões (R$ 140 bilhões), segundo estimativas da ReFED, uma organização sem fins lucrativos que rastreia o desperdício de alimentos. Como as lojas tendem a errar ao pedir demais, elas jogam fora cerca de 5% a 6% dos alimentos frescos, disse Schwartz. As taxas podem ser o dobro entre os alimentos preparados. Além de ser ruim para o meio ambiente, é ruim para os negócios porque significa perda de vendas e lucros reduzidos.

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Segundo a Afresh, seus clientes normalmente reduzem o desperdício de alimentos em um quarto, o que pode elevar as margens operacionais na categoria de produtos em 40% e gerar dezenas de milhões, ou mesmo centenas de milhões, em lucro. “Dizemos aos diretores financeiros: ‘Vocês vão quebrar seus números’”, disse Schwartz.

Essa é uma mensagem de boas-vindas em um momento em que os supermercados no país, que têm margens de lucro notoriamente baixas, estão lutando contra o aumento do custo dos alimentos. A Albertsons, cujas marcas incluem Safeway, Vons e Jewel-Osco, e que anunciou planos de fusão com a Kroger, lançou o software em quase todas as suas lojas no ano passado. A empresa disse que sua meta é eliminar o desperdício de alimentos indo para os aterros sanitários até 2030. “Se você conseguir obter de três a cinco pontos de margem bruta, sem ter que aumentar os preços, isso é enorme”, disse Walter Robb, o ex-CEO da Whole Foods, que investiu na Afresh.

Para ajudar com os pedidos, a startup trabalha os dados de seu cliente para prever a demanda e pode fazer isso melhor que um funcionário de forma aleatória. O sistema começa com o histórico de como um item foi vendido nos últimos anos, dobrando os dados de vendas diariamente. Em seguida, considera tudo o que pode afetar a demanda, como promoções futuras, clima, feriados e o dia em que os vales de alimentação são distribuídos. As estimativas internas tentam explicar o prazo de validade implacável de itens delicados, como abacates e pêssegos, que uma loja está sempre correndo contra o relógio para vender.

Esta é uma grande melhoria em relação a um funcionário checando produto por produto, usando seu julgamento para descobrir quantas maçãs Gala pedir em comparação com Honeycrisp e Fuji e Pink Lady e Granny Smith.

Isso significa que frutas e vegetais não ficam parados por tanto tempo em mercearias como a Cub, uma rede de Minnesota com 100 lojas, que está movimentando produtos dentro e fora de suas lojas 7% mais rápido do que antes. O varejista também teve um bom aumento de 2,5% nas vendas ao melhorar seus níveis de estoque. “Lembre-se de que o varejo tem tudo a ver com ter o produto certo, pelo preço certo, na hora certa”, disse Robb. “Esta é uma ferramenta para fazer isso acontecer.”

Divulgação

Desafio é fazer o alimento chegar o mais rapidamente ao consumidor, evitando longo tempo de prateleira

As apostas são altas na seção de produtos frescos de uma mercearia de rua ou dentro de uma loja, que tende a ser um grande condutor de tráfego, especialmente como chamariz para retorno aos pontos de venda. Melhorar a qualidade e a seleção de alimentos frescos tem sido uma grande prioridade para a Albertsons, que a vê como uma forma de aumentar as vendas e roubar participação de mercado dos concorrentes. “O novo portfólio realmente importa”, disse o CEO da Albertsons, Vivek Sankaran, em uma teleconferência trimestral no mês passado.

Schwartz, 33 anos, ex-consultor da Bain com MBA em Stanford, começou na Afresh há seis anos, depois de saber quantos supermercados de alimentos frescos estavam jogando fora e quão pouca tecnologia existia para resolver o problema. Schwartz sempre foi um louco por saúde, que praticou jejum intermitente e planejou refeições e planos de exercícios para amigos. No início de sua carreira, trabalhou na Simple Mills, que fabrica bolachas, biscoitos e outros salgadinhos com ingredientes alternativos, como farinha de amêndoa e açúcar de coco. A Afresh não diz quanto cobra por cada departamento da loja monitorado pelo seu software, mas calcula que desde que ele foi para o mercado já evitou que 19,5 mil toneladas de libras de alimentos fossem jogados no lixo.

“Esta tecnologia é uma das poucas que estamos vendo realmente decolar”, disse Dana Gunders, diretora executiva da ReFED. À medida que o pedido alimentado por IA (inteligência artificial) ganha uma adoção mais ampla, ela pode ajudar a reduzir o desperdício de alimentos nas lojas pela metade até 2030, de acordo com a Pacific Coast Collaborative, uma iniciativa governamental nos EUA presente em vários estados para reduzir os gases de efeito estufa. Tecnologia semelhante é vendida por empresas como a Shelf Engine, que contratou a Kroger como cliente, mas posteriormente demitiu uma parte significativa de sua equipe.

A Afresh, agora, está inscrevendo mais lojas e expandindo para além dos clientes já existentes. Este ano, a startup espera entrar em mais 7.500 departamentos, o que inclui novas incursões nos balcões de carnes e frutos do mar, na seção de delicatessen e na seção de preparados. Também está introduzindo mais ferramentas para supermercados, como uma que ajuda os funcionários a concluir as verificações mensais de estoque. Atualmente, a empresa ajuda a encomendar um décimo de todos os produtos vendidos nos EUA, disse Schwartz. “Planejamos evitar outras 50 mil toneladas de desperdício de alimentos, por ano, muito em breve”, disse ele. (tradução: ForbesAgro)

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