Qual o carro mais impressionante e de domínio avassalador já produzido pela F1? Essa resposta costuma ser quase unânime entre os fãs: o McLaren MP4/4, usado na temporada 1988 pelos pilotos Ayrton Senna e Alain Prost. Pois um recorde deste “time dos sonhos” do automobilismo mundial foi batido em 2023 justamente pela Red Bull de Max Verstappen e Sergio Perez.
Forbes Motors testemunhou, durante o último GP da Bélgica, Verstappen garantir para a Red Bull 12 vitórias seguidas no mesmo ano e 13 consecutivas (incluindo a de Abu Dhabi de 2022).
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Com isso, o time austríaco superou a marca histórica de 11 seguidas no mesmo ano da McLaren de Senna e Prost e derrubou um recorde de 35 anos que nem mesmo a poderosa Ferrari da era Michael Schumacher ou mesmo a Mercedes de Lewis Hamilton conseguiu fazer.
O que é mais impressionante é que a Red Bull de 2023 pode se isolar com outro recorde: o único time a vencer todas as provas da temporada, mantendo um 100% de aproveitamento que até hoje, em mais de 70 anos de história de F1, jamais foi alcançado.
E olha que o dream team de 1988 quase conseguiu. A McLaren de 1988 de Senna e Prost venceu 15 das 16 corridas daquele ano. O domínio só não foi 100% porque um retardatário tirou o brasileiro na liderança em Monza e deu alegria aos tifosi poucos dias depois da morte de Enzo Ferrari – a escuderia de Maranello venceu com dobradinha de Gerhard Berger e Michele Alboreto.
No GP da Bélgica de F1, quando a Red Bull atingiu o recorde, perguntei ao chefe da equipe Christian Horner o quanto isso significa pessoalmente para ele e todo seu time. De forma bem orgulhosa, ele resumiu o sentimento na entrevista na sala de imprensa do circuito de Spa-Francorchamps.
“Em 1988 eu ainda estava assistindo a Fórmula 1 como fã, e ver Alain Prost e Ayrton Senna fazerem o que fizeram naquele ano foi um desempenho notável. E imaginar que esse recorde durou 35 anos, que, mesmo com o domínio que vimos nos últimos anos, resistiu ao teste do tempo mostra como este time foi icônico naquele momento”, disse Horner.
“Ron Dennis (chefe de equipe da McLaren em 1988) era um líder muito, muito forte e líder de equipe por quem sempre tive muito respeito, então pensar que finalmente conseguimos superar isso é extremamente gratificante. E eu acho que há alguns parceiros comuns envolvidos naquele momento também, um deles sendo a Honda, que obviamente forneceu o motor naquela época, e outros parceiros importante, como a TAG Heuer ”, completou o dirigente da Red Bull.
Na comparação direta, no entanto, a Red Bull de 2023 obviamente perde em um quesito importante: a dupla de pilotos. No Mundial deste ano, Max Verstappen tem até aqui 10 vitórias, contra apenas duas de seu companheiro de equipe, Sergio Perez. Na tabela de pontos, a distância entre os dois fica ainda mais evidente: 314 para o holandês, contra 189 para o mexicano. Já Senna foi campeão com 90 pontos válidos na época, contra 87 de Prost (o vencedor levava apenas 9 pontos, contra 25 atualmente).
A F1 entrou para um período de férias de verão na Europa e a especulação sobre quem pode substituir Perez tem circulado com frequência na mídia. A própria volta de Daniel Ricciardo, entrando na Alpha Tauri, já é vista como um movimento de prevenção por parte da Red Bull caso o mexicano cai de performance.
Curiosamente, até o GP de Miami, a quinta etapa do Mundial deste ano, o placar apontava duas vitórias para cada piloto da Red Bull. Ainda na entrevista, perguntei a Horner se ele teria uma dupla de pilotos tão forte como Senna e Prost em sua equipe. A resposta explica bem como funcionam as coisas na Red Bull.
“Em termos de pilotos, é muito difícil comparar pilotos de gerações diferentes, mas Ayrton Senna e Alain Prost são lendas do esporte e acho que Max está se juntando rapidamente a esse grupo. É claro que essa dupla (da McLaren) soltava faísca juntos, com dois pilotos alfas é sempre difícil de gerenciar, então foi bom assistir aquele do lado de fora”, explicou Horner, deixando claro que ter dois nomes tão fortes no mesmo time dificilmente será uma receita enquanto ele for chefe de equipe.
Por isso, na estatística, a Red Bull de 2023 já pode até sonhar em ser chamada a melhor equipe de todos os tempos, sobretudo se levar de fato 100% das vitórias deste ano. Alcançar tamanho domínio com uma dupla de pilotos como Ayrton Senna e Alain Prost, no entanto, ainda faz com que a McLaren de 1988 siga sendo chamada de time dos sonhos por muito tempo. E, pelo visto na declaração de Horner, essa é uma combinação que dificilmente voltará a acontecer nos dias de hoje.
O post McLaren de 1988 ou Red Bull de 2023: qual o ‘time dos sonhos’ da Fórmula 1? apareceu primeiro em Forbes Brasil.