O ChatGPT mudou o mundo para sempre quando foi lançado, em novembro de 2022. Ele não apenas se tornou o aplicativo com crescimento mais rápido de todos os tempos, em uma onda de ferramentas de inteligência artificial que prometem mudar a forma como os humanos trabalham para sempre.
Alguns chegam a dizer que a chegada do ChatGPT é o começo de uma nova revolução industrial. É por isso que a maioria dos gerentes de RH (58%) que participaram de uma pesquisa recente da empresa de gestão de equipes TalentLMS concordam que a adoção da IA no trabalho tem aumentado o medo das pessoas de perder seus empregos, especialmente as gerações mais velhas.
Como resultado, 43% dos executivos de RH acham que sua empresa enfrentará uma lacuna de habilidades digitais devido ao aumento do uso de inteligência artificial no dia a dia. Isso explica por que os gerentes dessa área preveem que a alfabetização em linguagem de IA será uma habilidade obrigatória para os funcionários, independentemente de trabalharem em funções técnicas ou não. Ao mesmo tempo, só 14% dos funcionários relatam ter recebido algum treinamento relacionado a IA até o momento.
Confira as habilidades para desenvolver e ter sucesso com a inteligência artificial
“Para continuar relevante, todos os funcionários devem ser capazes de entender, interagir e aproveitar as tecnologias de IA de forma eficaz”, diz Thanos Papangelis, CEO e cofundador da Epignosis, empresa que desenvolve o sistema de gerenciamento de aprendizagem TalentLMS. E por isso muitas organizações começaram a experimentar maneiras de alavancar essas tecnologias de uma maneira ou de outra, como na automação de drive-thrus de restaurantes.
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Uma outra pesquisa de 2023 conduzida pela TalentLMS descobriu que 76% dos funcionários estimam que a maioria de suas tarefas diárias vai ser feita com a ajuda da IA com o passar do tempo. Não surpreendentemente, quase metade dos entrevistados na mesma pesquisa (44%) disse temer que a IA os substitua no futuro. “A IA é uma ameaça e uma oportunidade ao mesmo tempo”, diz Papangelis.
Para se adaptar a esta próxima era da IA, Papangelis diz que os funcionários devem, sim, adotar as novas tecnologias, entendendo que ser capaz de usar sistemas de IA os ajudará a continuar competitivos no mercado de trabalho, adaptar-se às mudanças na dinâmica de trabalho e assumir funções emergentes que surgem da integração com a IA.
Como as habilidades dos funcionários podem beneficiar a integração com a IA
Uma das descobertas mais interessantes e contraintuitivas da pesquisa do TalentLMS é que as habilidades que os funcionários vão precisar para prosperar na era da IA vão além das habilidades de código ou tecnologia.
“Nossa pesquisa mostrou que, mesmo em uma era em que a inteligência artificial dominará o mundo do trabalho, as soft skills vão continuar sendo importantes”, diz Papangelis. “Na maioria dos casos, fortes habilidades interpessoais vão ajudar os funcionários a se destacar no local de trabalho enquanto os sistemas e ferramentas de IA vão assumindo processos e tarefas operacionais”.
Quando perguntei a Papangelis sobre por que habilidades profissionais como essas são importantes quando aplicadas à IA, ele me disse que a IA não consegue, até o momento, substituir empatia, inteligência emocional, criatividade e pensamento crítico.
“As habilidades profissionais e interpessoais desempenham um papel crucial na colaboração, solução de problemas e inovação, que são áreas em que a IA geralmente fica de fora”, diz ele. “Além disso, à medida que a IA se torna mais integrada ao local de trabalho, os funcionários precisarão trabalhar junto com os sistemas de IA, tornando a comunicação eficaz e o trabalho em equipe essenciais para alcançar os melhores resultados”, completou. Em outras palavras, é a sua humanidade que o tornará ainda mais valioso na era da IA.
Por que são os humanos que farão a IA funcionar
Apesar da capacidade impressionante da IA de processar grandes quantidades de dados e fornecer insights, ela ainda carece de habilidades cognitivas semelhantes às humanas em certas áreas.
“A imaginação humana, a criatividade e a resolução de problemas são habilidades essenciais para a inovação, pensar fora da caixa e enfrentar desafios complexos e não rotineiros”, diz Papangelis. “A IA trabalhará lado a lado com humanos e aumentará a tomada de decisão. Mas ainda depende de nossas informações e sugestões para funcionar de maneira ideal, principalmente em áreas que exigem imaginação e solução criativa de problemas – especialmente para tarefas complexas”, completou.
É por isso que a habilidade interpessoal mais essencial, de acordo com os gerentes de RH, é a capacidade de ouvir – uma habilidade universal que é amplamente aplicável, independentemente do cargo.
“Mesmo em um mundo dominado pela IA, a escuta atenta constrói laços de entendimento entre as pessoas e leva a um ambiente de respeito, enriquecido com opiniões diversas”, diz Papangelis. “Além disso, a implementação da IA geralmente envolve esforços de equipe. A comunicação eficaz de ideias, a compreensão das necessidades de várias partes interessadas e o gerenciamento de equipes são essenciais para projetos de IA bem-sucedidos”, completou.
Papangelis também observa que os aplicativos de IA em áreas como atendimento ao cliente dependem da compreensão e abordagem das preferências, emoções e preocupações humanas. “As organizações podem se beneficiar dessa habilidade em várias frentes, desde um trabalho em equipe excepcional e fluxos de trabalho tranquilos até a construção de locais de trabalho significativos”, diz o executivo.
Ainda há espaço para ceticismo
Embora seja fácil se surpreender com o que ferramentas de IA como o ChatGPT podem fazer, é importante reconhecer que elas ainda estão longe de serem perfeitas. Por exemplo, os algoritmos de IA são projetados com base em entradas de dados, que podem incluir vieses ou imprecisões. É por isso que continua crucial que as pessoas permaneçam céticas de maneira saudável e verifiquem os resultados que as ferramentas de IA geram.
“Verificar os resultados, bem como dominar a arte dos prompts de IA, é definitivamente algo que os funcionários devem receber treinamento adequado para poder aproveitar todo o poder dela e evitar seus riscos”, diz Papangelis.
*Mark C. Perna é colaborador da Forbes USA. Ele é dono de uma empresa de consultoria corporativa e escreve sobre a transformação geracional do mercado de trabalho.
(Traduzido por Gabriela Guido)
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