Privatização da Copel movimenta R$5,2 bi, na 2ª maior oferta do ano na B3

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Amanda Perobelli/Reuters

O início das negociações das ações da Copel na B3 está marcado para 10 de agosto

A oferta de ações que culminou na privatização da companhia elétrica paranaense Copel movimentou R$ 5,2 bilhões ao todo, na segunda maior oferta de ações na bolsa brasileira B3 no ano até agora, segundo envolvidos na operação.

A privatização foi marcada por elevado interesse dos investidores, com demanda perto de R$ 12,5 bilhões, e participação de estrangeiros, com as gestoras norte-americanas Zimmer e GQG passando a ingressar no capital da companhia, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

A operação foi precificada na véspera a R$ 8,25 por papel, um prêmio de 5% em relação ao preço da ação na data de lançamento da oferta. Ao todo, foram levantados R$ 5,2 bilhões em recursos que irão para o governo paranaense e para o caixa da Copel.

O valor total da oferta inclui um lote base de 549.171.000 ações, em tranches primária e secundária, e o exercício do lote suplementar (“greenshoe”), equivalente a até 15% das ações oferecidas.

O “follow on” diluiu a participação do Estado do Paraná no capital da companhia a 15,6%, ante 31% antes da oferta, fazendo com que a elétrica passe a ter capital pulverizado na bolsa e sem controlador definido.

Segundo a fonte, 70% das ações ofertadas ficaram com investidores nacionais, e 30%, com estrangeiros. As gestoras norte-americanas Zimmer e GQG e a brasileira SPX estão entre as participantes, acrescentou.

“Teve uma altíssima demanda, foi 2,6 vezes o ‘book’, algo como R$ 12,5 bilhões… E a qualidade dos investidores também chamou a atenção”, disse a fonte, avaliando que esse interesse internacional reflete também uma melhora do cenário macroeconômico do país.

Procuradas, GQG e SPX ainda não retornaram aos pedidos de comentário. Não foi possível entrar em contato com a Zimmer.

O início das negociações das ações na B3 está marcado para 10 de agosto. A oferta foi conduzida pelos bancos BTG Pactual (coordenador líder), Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB.

Agora, deve se iniciar um período de transição para uma nova gestão da companhia elétrica, com eleição de novo conselho e adaptação às novas normativas — o estatuto social reformado da companhia, com práticas alinhadas às de uma “corporation”, entra em vigor com a conclusão da oferta.

A Copel irá realizar na quinta-feira uma assembleia de acionistas na qual está prevista a eleição de novos membros para compor o colegiado após a renúncia de dois integrantes no mês passado.

A expectativa é de que esse colegiado esteja à frente do processo de transição que se iniciará agora, até que surja uma nova chapa com a privatização já concretizada, disse a fonte.

Histórico da operação

A conclusão da operação, que marca a transformação da Copel em uma “corporation”, ocorre cerca de 10 meses após o governo do Paraná anunciar sua intenção de privatizar a companhia, em uma virada de planos do governador Ratinho Júnior, que até aquele momento vinha descartando a desestatização da empresa.

Inspirada nos moldes da privatização da Eletrobras, a operação da Copel também incluiu mecanismos como a limitação a 10% do poder de voto de acionista ou grupo de acionistas, uma “poison pill” para dificultar eventuais planos de assunção do controle por algum acionista, e a criação de uma “golden share” que confere ao Paraná poder de veto em determinados assuntos.

Assim como no caso da Eletrobras, a transação envolveu a renovação de concessões de hidrelétricas, de modo que a União –enquanto poder concedente das usinas — também receberá recursos bilionários com o processo de privatização.

A parcela primária da oferta, de cerca de R$ 1,9 bilhão, será destinada para o pagamento do bônus para a renovação integral das concessões das usinas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias por 30 anos.

A Copel é uma das maiores elétricas do país, possuindo atuação integrada no setor, com um portfólio de ativos de distribuição, geração e transmissão de energia espalhados em 10 Estados.

A companhia distribui energia elétrica a mais de 5 milhões de clientes no Paraná, tem quase 10 mil km de linhas de transmissão e um parque gerador de 7 GW (gigawatts), composto principalmente de usinas de fontes renováveis.

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