Do estagiário ao CEO: Itaú faz da IA o novo mantra para toda a empresa

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Moisés Nascimento, Chief Data and Analytics Officer do Itaú: “IA generativa é sim uma grande revolução”

Digite na sua plataforma de buscas: Itaú e inteligência artificial e verá a quantidade de declarações, análises e conteúdo que relacionam o banco com a tecnologia. Ainda que o tema esteja em alta, popularizado principalmente pelo ChatGPT, o uso de IA sem parcimônia nas falas de lideranças da empresa vai além do discurso: é estratégia.

Desde que assumiu a presidência do Itaú, em fevereiro de 2021, Milton Maluhy priorizou o processo de digitalização do banco em sua agenda, e isso passa por incorporar cada vez mais esse tipo de tecnologia. Agora, com IA generativa ganhando cada vez mais força, o tema extrapolou o campo técnico.

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Em entrevista à Forbes Brasil, Moisés Nascimento, Chief Data and Analytics Officer do Itaú, responsável pela tecnologia e área de dados, explica que IA virou tema transversal a toda empresa, que vem sendo capacitada para ter compreensão dos impactos e usos da tecnologia.

“Nessa nova fase da transformação digital do banco, seguida de um período em que fizemos a migração total para a nuvem, em 2022, estamos capacitando todos nossos colaboradores, incluindo os C-Levels, em IA e dados, com o objetivo de acelerar ainda mais essa agenda”, destaca Nascimento.

Além de IA, o Itaú também investe em computação quântica. Em junho, o banco anunciou uma parceria com a IBM para acelerar estudos e testes. “No caso de derivativos, para te dar um exemplo, o que eu levaria anos para calcular, hoje a computação quântica faz de forma muito rápida. E ela não vai substituir a computação tradicional, mas sim complementar”, completa o executivo.

Forbes Brasil – Qual o atual estágio de digitalização do Itaú?
Moisés Nascimento – Em 2022, concluímos nossa migração total para nuvem e criamos a estratégia que descentralizou nossas soluções de dados. Isso gerou mais velocidade nos trabalhos de análise e inteligência artificial. Também garantiu governança centralizada e mais segurança. Foi fundamental para acelerar ainda mais essa nova fase a capacitação de todo o banco. Os colaboradores, inclusive C-Levels, passaram por treinamento de dados e inteligência artificial.

FB – Na prática, o que significa treinar um colaborador, e mesmo um C-Level, em dados e IA? Qual é a camada de conhecimento necessária? Ela é técnica? Conceitual?
Moisés – Em linhas gerais, é entender a linguagem de dados. Poder criar hipóteses a partir dessas informações. Entender como evolui uma solução de inteligência artificial. Saber aplicar a tecnologia através de cases de negócios e financeiros. Compreender e tornar cada vez mais natural essa conversa. Como eu olho para o resultado e crio uma hipótese? Entender padrões de comportamento e uma série de outras possibilidades faz parte desse repertório.

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FB – Quais outros grupos, além dos C-Levels, têm sido estratégicos nesse letramento de inteligência artificial e dados?
Moisés – Hoje, no banco, todas as comunidades usam IA e dados. Mas um grupo importante em que focamos foi o de product management, os líderes de produtos, para que eles possam inserir a tecnologia como parte do design e áreas mais avançadas, dentro de cada produto, desenhar features e outras possibilidades. Melhorar, por exemplo, navegação dos apps. Isso melhora o que já temos e cria novas possibilidades. Isso vale para IA tradicional como também para IA generativa. Permite encontrar nichos de mercado e oportunidades para oferecer soluções.

FB – Falando especificamente dos profissionais de tecnologia, existe um desafio de demanda no Brasil. Qual perfil vocês precisaram contratar mais nesses últimos anos?
Moisés – Eu diria que um profissional de tecnologia mais próximo do cliente. Que entenda o negócio na ponta, o problema e a comunidade com o qual estamos lidando. Isso é cada vez mais necessário para voltarmos com soluções de tecnologia cada vez mais assertivas. Além desse entendimento de negócios, também é necessário um profissional entenda como a IA pode potencializar seus produtos e  soluções.

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FB – Quando falamos de IA generativa, ainda que não se trate de uma tecnologia nova, já é possível dizer que se trata de uma revolução?
Moisés – De fato, quando falamos de IA generativa, é sim, importante olhar com cautela. Principalmente porque é uma tecnologia em desenvolvimento. Mas ela é muito promissora e cobre várias frentes. Nesse sentido, nós temos rodado com cautela e com parceiros como Microsoft, OpenAI e AWS para aprendermos juntos. Agora, na minha opinião, sim, IA generativa é uma grande revolução. Vai revolucionar processos, profissões e uma série de setores. Não sei responder como será, mas posso te dizer que teremos novas indústrias e muito impacto.

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