A Comissão da UE (União Europeia) anunciou durante a Cúpula UE-Japão, realizada neste mês de julho, que está suspendendo as restrições à importação de alimentos após o acidente nuclear que atingiu a cidade de Fukushima, em 2011.
Uma década atrás, um violento terremoto e subsequente tsunami causaram o colapso da usina nuclear da terceira maior província japonesa, liberando material radioativo que poluiu toda a região nas proximidades e partes do Oceano Pacífico.
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Desde o ocorrido, com a memória do desastre de Chernobyl ainda em mente, a UE tomou medidas para proteger a saúde humana contra uma possível contaminação radioativa de alimentos e rações para animais importados do Japão.
Segundo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre a atual situação da região em 2022, os valores da produção agrícola recuperaram 90,7% dos níveis pré-desastre. A região é conhecida por sua produção de arroz premium, além de pepino, maçã, aspargo, pêssego, pera e parsimmons Anpogaki, um tipo tradicional de caqui seco, mas os agricultores tiveram que lutar contra o estigma da radioatividade para reconquistar a confiança dos consumidores. Até o ano passado, 14 países mantinham restrições à importação de alimentos japoneses.
Os testes completos de pré-exportação de produtos alimentícios da União Européia para radioatividade foram revisados a cada dois anos e progressivamente facilitados à medida que os riscos diminuíram.
Avanço da Fukushima Food Tech
O desastre em Fukushima foi o catalisador para que agricultores e empresas experimentassem a agrotecnologia sustentável, um modelo que impedia que a produção de alimentos fosse potencialmente contaminada por elementos presentes na natureza que havia sido degradada.
Na cidade de Minamisoma, os agricultores locais responderam ao medo dos consumidores de alimentos cultivados em solo contaminado experimentando e implementando a hidroponia. Exemplo é a agtech A-Plus que construiu uma fazenda vertical na região para produzir 20 mil alfaces por dia. Da mesma forma, em 2020, a empresa Mitsubishi Gas Chemical construiu uma fábrica no nordeste de Fukushima capaz de produzir 32 mil pés da mesma hortaliça, diariamente.
A água utilizada para cultivo em fazendas verticais e hidropônicas é reutilizada após filtração e purificação. Cerca de 98% da água é reciclada, onde cerca de 0,83 litro é usado para cultivar cada pé de alface. Outros exemplos são agricultores que mantêm suas produções orgânicas de arroz e saquê, utilizando práticas agroecológicas.
Turismo gastronômico em Fukushima
A província procurou também restaurar sua reputação e revitalizar a região, promovendo sua herança culinária única e local. Ao atrair turistas para a região, Fukushima visa estimular o crescimento econômico e criar oportunidades para agricultores locais e produtores de alimentos.
O apoio aos produtores locais foi demonstrado pelo chef Harutomo Hagi, aclamado internacionalmente, que ajudou a desestigmatizar os produtos de Fukushima, servindo vegetais cultivados localmente em seu restaurante francês Hagi, um negócio altamente conceituado.
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Na cidade de Iwaki, a Wonder Farm criada nesta nova era da região, um centro de visitantes onde estufas e um sistema de produção de ponta são usados para cultivar alimentos locais e diferentes variedades de tomate sem usar terra, os visitantes podem colher tomates e recuperar a confiança no alimentos cultivados, ligando a cidade ao campo e recriando a confiança nos produtores rurais do país.
* Daniela De Lorenzo é colaboradora da Forbes EUA, baseada em Bruxelas. Escreve sobre sistemas de produção de alimentos, meio ambiente e política da UE. Também colabora com a WIRED, Deutsche Welle, Al Jazeera, VICE Media, entre outras. (Tradução: ForbesAgro)
O post Agro em Fukushima: como a tecnologia respondeu ao desastre radioativo apareceu primeiro em Forbes Brasil.