Deflação de 0,07% em julho anima mercados

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Eletricidade: queda de 3,45% nos preços justificou deflação em julho

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (25) o IPCA-15, prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostrando uma deflação (queda de preços) de 0,07% em julho. A queda de preços foi mais forte do que o mercado esperava. A mediana das expectativas era uma baixa de 0,01%. Com isso, a inflação pelo IPCA-15 acumulada nos 12 meses até julho caiu para 3,19% ante 3,40% nos 12 meses até junho. O resultado ficou abaixo do centro da meta de inflação, que é de 3,25%.

Também nesta terça-feira, com um dia de atraso, o Banco Central (BC) divulgou o Relatório Focus da semana, mostrando uma nova queda para as expectativas de inflação em 2023. A projeção recuou para 4,90%, ante 4,95% da semana passada e 5,06% quatro semanas atrás.

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Não foi a mudança mais significativa. O Focus indica uma taxa de câmbio de R$ 4,97 em dezembro de 2023. Apesar de a diferença ser pequena, é a primeira vez neste ano que as projeções ficam abaixo do “nível psicológico” de R$ 5,00. É fato que as taxas de câmbio têm rodado abaixo desse nível há semanas, e que na segunda-feira (24) chegaram ao mínimo do ano, a R$ 4,73. No entanto, tanto a baixa da inflação quanto a apreciação do real vinham sendo considerados movimentos pontuais, passíveis de correção ao longo do segundo semestre.

Vinham sendo, e é importante prestar atenção a esse ponto. A deflação de julho foi provocada pela baixa de itens específicos como eletricidade, cujos preços caíram 3,45%, e gás de cozinha (recuo de 2,10%). Os alimentos também contribuíram. O grupo Alimentação e Bebidas apresentou uma deflação de 0,40% devido às baixas de 10,20% nos preços do feijão carioca e de 6,14% nos preços do óleo de soja.

O IPCA-15 é idêntico ao IPCA. A única diferença é o período de apuração, entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês corrente, enquanto o IPCA “normal” é calculado considerando a variação de preços do mês fechado. Portanto, a deflação de julho indica uma boa probabilidade de que o IPCA também venha abaixo do esperado. Esse resultado já alterou as projeções do mercado, deverá alterá-las ainda mais nos próximos dias, afetando os preços dos ativos financeiros.

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No início do pregão, os contratos futuros do Ibovespa chegaram a subir 1,25%. No mercado à vista a alta é de cerca de 1,3%. O dólar está em uma leve alta, devido à baixa dos juros. No mercado futuro de renda fixa, as taxas curtas e longas caem, com a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) seja mais agressivo no cortes de juros na região marcada para agosto. A maior parte das estimativas indicava um corte de 0,25 ponto percentual, mas não se descarta a hipótese de um corte ainda mais intenso.

A pergunta de algumas dezenas de bilhões de reais é até que ponto essa baixa do IPCA-15 vai prosseguir ao longo do ano, e qual sua capacidade de influenciar as decisões futuras do Copom. A avaliação preliminar é que as notícias são positivas – toda convergência da inflação para a meta é positiva – mas será preciso observar o comportamento do índice nos próximos meses para saber se essa baixa é pontual ou se está em uma tendência mais consistente.

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