As férias escolares mudam completamente os hábitos alimentares das crianças que, durante esse período, tendem a consumir mais produtos industrializados. Além disso, elas também passam maior tempo em frente às telas, o que associado a má alimentação contribui para o desenvolvimento de obesidade.
De acordo com dados do World Obesity Atlas 2023, mais de 35 milhões de crianças e adolescentes têm obesidade em todo o mundo. Estima-se que até 2035, 49 milhões de meninos e meninas entre 5 e 19 anos estejam obesos.
Para a endocrinologista e presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes, Angela Nazário, a educação alimentar é essencial para combater esse cenário. “As pessoas que estarão obesas no futuro são as nossas crianças e adolescentes de hoje. E lá na frente é muito mais difícil perder peso e recuperar a qualidade de vida. Por isso, é tão importante falar sobre a obesidade infantil, e os pais têm um papel fundamental na prevenção. Se os armários e geladeiras estiverem cheios de comidas saudáveis, as crianças terão uma alimentação melhor”, defende ela.
Diabetes tipo 2 na infância
De acordo com o endocrinologista especializado em crianças e adolescentes, Mauro Scharf, que também integra o instituto, a obesidade na infância pode trazer consequências para a juventude e a vida adulta, entre elas, o diabetes tipo 2.
“Uma das principais consequências da obesidade é o surgimento do diabetes tipo 2, caracterizado por uma resistência à ação da insulina no organismo, o que resulta em uma alta concentração de açúcar no sangue. É fundamental que os pais estejam em alerta, orientando e interferindo nos hábitos das crianças para evitarmos obesidade e, especialmente, tudo o que vem associado a ela”, alerta ele.
O diabetes tipo 2 representa 90% dos casos de diabetes no mundo, e sempre foi mais comum em pessoas acima dos 50 anos. “Até 10 anos atrás a gente não tinha casos de diabetes tipo 2 em crianças. Isso era muito raro. Hoje a frequência de crianças com diagnóstico de DM2 é muito maior e preocupante. Sabemos que isso está relacionado à obesidade, o que significa que, além dos fatores genéticos, temos um problema na alimentação dessas crianças desde cedo”, afirma.
Planejamento é a chave
Para Thayná Guimarães, nutricionista do Instituto da Pessoa com Diabetes, o planejamento alimentar de toda a família é a melhor forma de cuidar da saúde das crianças. “Os pais são os exemplos para os filhos e são eles quem decidem quais alimentos entram em casa. O combate à obesidade infantil exige uma união e esforço de todos, o que, na verdade, só trará benefícios, tanto para os pais quanto para as crianças”, explica.
Confira algumas orientações da nutricionista para otimizar a alimentação do seu filho nas férias escolares:
Convide seu filho para cozinhar
As crianças amam participar das atividades e colocar a mão na massa. Faça receitas caseiras e funcionais, substituindo o trigo por farelo de aveia, por exemplo, e chame seu filho para te ajudar na receita. Assim, é possível despertar o prazer pela comida feita em casa, e não industrializada.
Deixe os alimentos saudáveis à vista
Quando bate a fome, a criança procura o que estiver mais perto e rápido para comer. Se os salgadinhos estiverem no seu campo de visão, ela com certeza irá escolher esse ao invés de uma fruta. Portanto, deixe esses alimentos já lavados e picados em potes para a criança, e mantenha os industrializados em prateleiras altas para ocasiões pontuais.
Modere o consumo de doces
Se os doces e fast food já foram apresentados para seu filho, não adianta proibir. Na primeira oportunidade ele irá comer tudo em dobro. Portanto, crie um planejamento alimentar e coloque uma pizza ou guloseima em situações esporádicas, ensinando a equilibrar com refeições saudáveis.
Respeite a saciedade da criança
É muito comum os pais obrigarem os filhos a comerem tudo o que está no prato, mas isso pode confundir a sensação de saciedade, fazendo com que a criança coma muito além do que realmente precisa.
Consulte um especialista
A obesidade infantil é coisa séria e merece o tratamento adequado com acompanhamento médico e nutricional. Sendo assim, aproveite as férias escolares e leve seu filho para uma avaliação de um nutricionista e endocrinologista e incentive a alimentação saudável e a prática regular de atividade física.