A piada que corre no Vale do Silício é que o bilionário Elon Musk comprou o controle do Twitter em outubro de 2022 com medo de que a empresa passasse a cobrar por publicação. Musk sempre foi um usuário intensivo do Twitter, e tem uma legião de 148 milhões de seguidores. Não por acaso, tudo o que Musk publica repercute muito. Em especial os preços das criptomoedas, quando ele trata do assunto.
Musk fala, as criptomoedas balançam
Foi o que ocorreu na sexta-feira (14). O bitcoin (BTC) superou US$ 31 mil pela primeira vez desde maio de 2022, chegando ao máximo em 15 meses. Parte da alta deveu-se a uma decisão judicial, mas outra explicação para a alta foi um comentário de Musk a um tuíte sobre criptomoedas.
Segundo o especialista Billy Bambrough, da Forbes EUA, um usuário do Twitter comentou que “até 2030, todas as moedas serão suportadas inteiramente por GPUs, o que cinco anos atrás teria soado como uma previsão”. Musk comentou o texto, escrevendo que “provavelmente deveríamos parar de chamá-los de GPUs, mas é isso aí”. Foi o suficiente para estimular o mercado.
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Unidades de processamento gráfico (GPU, ou Graphic Processing Unit) são placas de computador usadas para acelerar o processamento de imagens. Originalmente foram projetadas para acelerar computação gráfica e processamento de imagens em videogames, mas foram adotadas por mineradores de criptomoedas e, mais recentemente, por desenvolvedores de inteligência artificial (IA), elevando o valor das ações de empresas como a Nvidia, desenvolvedora de GPUs, como parte do boom de investimentos em IA deste ano.
Moedas digitais
Em abril, quando circulou a notícia de que Musk havia comprado 10 mil GPUs, o mercado cripto se animou. Apesar de o bilionário ter mais tarde afirmado que os equipamentos se destinavam ao desenvolvimento de inteligência artificial no Twitter, há uma grande expectativa no mercado com relação a um forte investimento de Musk nesse assunto.
Nos últimos meses, as criptmoedas vêm sendo pressionadas pelas autoridades. O caso mais extremo é o da China, que baniu totalmente os criptoativos no início do ano passado, colocando a atividade totalmente fora da lei. A explicação é o desejo das autoridades em Pequim de forçarem a circulação do renminbi digital. Assim como outros bancos centrais (o brasileiro entre eles), o Banco do Povo da China está buscando introduzir uma moeda digital para facilitar a internacionalização do mercado financeiro chinês.
Porém, paralelamente a isso, autoridades ao redor do mundo estão endurecendo a fiscalização sobre os criptoativos. A intenção é regularizar e normatizar esses mercados para impedir tanto a sonegação fiscal quanto usos ilegais.
Decisão da justiça
O preço do bitcoin caiu espetacularmente no ano passado em meio ao aperto monetário americano provocado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Agora, enquanto algumas das maiores empresas de Wall Street sinalizam que podem estar prestes a mergulhar novamente no mercado cripto.
Esse movimento de valorização foi provocado por uma decisão judicial divulgada na quinta-feira (13), que foi favorável à Ripple e contrária à Securities and Exchange Commission (SEC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) americana. A decisão pode minar os esforços do regulador de mercado dos Estados Unidos para acabar com o comércio de ativos digitais.
Recentemente, a SEC classificou essas criptomoedas como valores mobiliários em processos contra as exchanges Binance e Coinbase. Porém, em sua decisão, a juíza federal distrital de Nova York Analisa Nadine Torres questionou essa classificação. Nos últimos três anos, a SEC e o Ripple Labs – que desenvolveu o blockchain Ripple e emite o token XRP – vêm travando uma batalha jurídica sobre se o XRP, a quarta maior criptomoeda, é ou não um ativo mobiliário.
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Muitos participantes do mercado viram o processo da SEC contra a Ripple como divisor de águas para o setor. A decisão poderia permitir que a SEC definisse quais das quase 20 mil criptomoedas em circulação estão sob sua jurisdição. Porém, na quinta-feira a juíza Torres decidiu que o XRP em si “não é necessariamente um valor mobiliário”.
Isso animou os participantes da indústria, que viram a decisão como uma vitória para o XRP e outras moedas. A decisão também enfraquece a afirmação da SEC de que quase todo token é um valor mobiliário e coloca em risco alguns de seus processos mais recentes. Agora, a indústria de criptomoedas americana deve esperar um alívio na regulamentação atualmente em tramitação no Congresso.
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