O engenheiro que salvou a rede de restaurantes da família da falência

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Maria Fernanda, Raphael Koyama e Maria Clara, sócios do Matsuri To Go

No Brasil, 90% das empresas são familiares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Matsuri, rede de restaurantes japoneses de Londrina, fundada pela família Koyama em 2003, fez parte dessa lista por 17 anos. Porém, em 2020, a pandemia a colocou em outra lista crescente no país – a das empresas inadimplentes. Atualmente, são mais de 6 milhões nesse grupo. Foi nesse momento que Raphael Koyama, o primogênito, precisou entrar na história.

Raphael nunca havia pensado em assumir os negócios da família. Formado em engenharia, ele trabalhou por seis anos em uma das maiores construtoras de Londrina antes abrir uma empresa de tecnologia voltada para alimentos com um colega. “Nunca tive vontade de empreender e o salário na construtora era muito bom, mas eu sou movido por propósitos e a ideia de trabalhar contra o desperdício de alimentos me chamou a atenção”, explica Koyama.

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No início de 2019, eles lançaram a startup Ecofood para vender, bem barato, alimentos que sobravam em restaurantes e teriam como destino as latas de lixo. O negócio deu certo. Os sócios planejavam expandir os negócios para São Paulo no início de 2020, quando tudo mudou. A rede de três restaurantes, que atraía clientes de outras cidades, ia bem.

No entanto, a pandemia e as medidas de restrição fizeram os pais de Rafael, Cláudio e Emiko, temerem pelo futuro. “Meus pais não falaram nada, mas um tio veio me dizer que as finanças poderiam não estar bem”, diz Koyama. “Meus pais sempre foram muito focados em produtos e pessoas, mas não tinham muita experiência em gestão. Foi nesse momento que eu decidi que iria ajudar nos negócios.”

Na época, Emiko estimava que o Matsuri tivesse uma dívida de R$ 1 milhão. Ao fazer as contas, Rafael constatou que o passivo era de R$ 5 milhões. Ele vendeu apartamento, carro, e o que mais encontrou, para reduzir o endividamento. Não foi suficiente.

Ele pediu ajuda aos ex-chefes da construtora, que emprestaram R$ 250 mil, mesmo sabendo que o dinheiro provavelmente não voltaria. Foi o suficiente para pagar as demissões dos funcionários, mas o quadro seguiu caótico. “Eu analisava o caixa todos os dias. Em abril, um mês após o lockdown, só tínhamos R$ 10 mil, o que não mantém ninguém de pé”, afirma Koyama. Ele não viu outra opção além de fechar o negócio. Sua mãe não deixou. “Desistir não é opção”, disse ela, frase que se tornou um mantra da empresa.

A saída foi caçar oportunidades. O restaurante começou a vender comida brasileira e fez parceria com os prédios da região para entregar marmitas durante a pandemia. Isso ajudou a família a juntar o capital necessário para lançar, em junho, a Matsuri To Go.

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Claudio Koyama e Emiko Koyama, fundadores do Matsuri e pais de Raphael

Nova fase

Eles transformaram o andar de baixo da casa em que moravam alugaram em escritório e espaço de produção do novo negócio, que seria focado 100% em delivery de comida japonesa. Compraram mil embalagens para sushis e então, de olho no futuro, decidiram fechar definitivamente as três unidades do Matsuri.

Com um vídeo divulgado nas redes sociais, a família informou aos consumidores que estava fechando as portas, mas abrindo a sua nova empreitada. Por conta do comunicado, na primeira hora de Matsuri To Go, eles receberam 74 pedidos. Em um mês, a empresa bateu R$ 237 mil de faturamento, apenas com uma unidade de delivery aberta.

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Atualmente a rede tem mais de 12 lojas, sendo cinco próprias e sete franqueadas, que chegam a vender R$ 400 mil por mês. Assim, de um faturamento de R$ 1,6 milhão no fim de 2020, a empresa passou para R$ 6 milhões e em 2022 a Matsuri To Go faturou R$ 16 milhões. Para 2023, a expectativa é atingir uma receita de R$ 40 milhões.

“A dívida dos meus pais, que nós não imaginávamos quando poderíamos resolver, já está quase toda paga. Falta menos de R$ 1,5 milhão, que deve ser liquidado até o fim de 2024”, diz Koyama. Em outubro, a família vai voltar a ter uma unidade presencial em Londrina, e preveem chegar a São Paulo até o fim deste ano.

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