A Union Cycliste Internationale (UCI), órgão regulador internacional do ciclismo, anunciou nesta sexta-feira (14) que mulheres transgênero não poderão mais competir em corridas femininas.
O órgão afirma que a decisão é um esforço para “garantir a igualdade de oportunidades”, embora David Lappartient, presidente da instituição, tenha dito que o esporte era “aberto a todos, incluindo pessoas transgênero”.
Mais proibições
A World Athletics emitiu restrições para a maioria das mulheres transexuais, proibindo que qualquer atleta com nível de testosterona acima de 2,5 nanomoles por litro dispute eventos de atletismo feminino por pelo menos dois anos.
A Federação Britânica de Triatlo – que diz que mulheres transgênero têm “vantagens fisiológicas” – anunciou que realizaria uma competição separada para competidores de triatlo nascidos do sexo masculino, incluindo pessoas transgênero e não-binárias.
A Liga Internacional de Rugby proibiu mulheres trans de competir em partidas sancionadas de rugby feminino, acrescentando que acredita que “existe uma exigência e responsabilidade de consultar e concluir pesquisas adicionais” antes de permitir que atletas transexuais compitam.
A World Aquatics anunciou que proibiria qualquer mulher transgênero que passasse pela puberdade masculina ou passasse por um procedimento de mudança de sexo após os 12 anos de idade de competir em eventos de natação, embora tenha estabelecido uma categoria “aberta” para nadadores cujo sexo seja diferente de seu sexo de nascimento.
Todas essas políticas restringem especificamente mulheres transgênero, e não homens transgênero.
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Críticas
Hudson Taylor, fundador e diretor executivo do grupo esportivo LGBTQ+ Athlete Ally, disse que o World Athletics estava “sucumbindo à pressão política em vez dos princípios básicos de inclusão, justiça e não discriminação”. O grupo também criticou o World Aquatics, sugerindo que o órgão regulador da natação estava policiando “os corpos de todas as mulheres”, enquanto chamava suas restrições de “profundamente discriminatórias, prejudiciais, não científicas”.
Apoio à medida
Martina Navratilova, uma ex-jogadora de tênis e famosa defensora da comunidade LGBTQIA+, apoiou as restrições às mulheres transgênero, dizendo que o mundo estava “virado de pernas para o ar”. Ela argumentou, junto a muitos especialistas médicos, que pessoas que nasceram com o sexo masculino e que passaram pela puberdade têm uma vantagem física inegável. Nancy Hogshead, ex-medalhista olímpica de natação, disse que espera que outros esportes imponham restrições.
Futebol
A FIFA anunciou no ano passado que revisaria sua política de participação de mulheres trans na próxima Copa do Mundo feminina, embora ainda não tenha anunciado nenhuma mudança. Algumas autoridades indicaram em janeiro que o órgão permitiria que atletas transexuais competissem.
Contexto
As restrições para eventos de ciclismo acontecem depois que Austin Killips – uma mulher transgênero – venceu o Tour of the Gila feminino em abril, tornando-se a primeiro ciclista transgênero a vencer um evento. A vitória de Killips gerou críticas da ex-atleta olímpica Inga Thompson, que disse que permitir que Killips competisse era “efetivamente matar o ciclismo feminino”.
A UCI inicialmente apoiou Killips, indicando que reconhecia que “atletas transgêneros podem querer competir de acordo com sua identidade de gênero”. As restrições para mulheres trans na natação seguiram-se às críticas da nadadora da Universidade da Pensilvânia, Lia Thomas, que se tornou a primeira mulher trans a vencer o campeonato de natação da NCAA nos 500 metros livres.
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