Diretora do Bank of America fala do novo perfil do profissional de finanças

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Em 35 anos de carreira e 11 no BofA, Annali Duarte presenciou diversas mudanças no mercado e precisou reconhecer as novas prioridades para continuar subindo

Em 35 anos de carreira, Annali Duarte assumiu cargos de liderança em diferentes empresas do mercado financeiro. A executiva, que iniciou a carreira aos 16 anos, acaba de ser promovida a diretora de GTS (global transaction services, área transacional) do Bank of America, onde atua há 11 anos, na América Latina. 

 Até então, Duarte estava à frente da área no Brasil, e também é líder de estratégia digital na América Latina e do comitê de diversidade e inclusão. Agora, também passa a fazer parte do comitê executivo do banco, que oferece orientação ao conselho. 

A executiva começou a trabalhar no mercado financeiro em uma área operacional de câmbio, em meio a 80 homens e uma única colega mulher. Em mais de três décadas no mundo corporativo, Duarte observa os avanços da tecnologia e também da agenda de diversidade, que têm exigido um perfil de profissional diferente do que se buscava quando iniciou sua trajetória.

“Antigamente, você era reconhecido pelos elementos técnicos profundos e sua habilidade de executar e entregar resultados”, diz. A técnica continua sendo relevante, mas as soft skills são cada vez mais buscadas na liderança. “Com a tecnologia e o mercado exigindo inovação, o ‘pensar fora da caixa’ foi extremamente necessário”, completa. 

Duarte entrou no mundo das finanças como estagiária na Nossa Caixa Nosso Banco, banco paulista comprado pelo Banco do Brasil em 2009. De lá para cá, passou pelo antigo BankBoston, Santander Brasil e Citibank até chegar ao BofA. “Fiz parte do desenvolvimento e início dos produtos de serviços locais, com aumento do time de vendas para atrair novos clientes corporativos, principalmente as multinacionais.”

Em entrevista à Forbes, Duarte conta como se adaptou às constantes mudanças do mercado e continuou subindo na carreira.

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Forbes: Como sua formação te ajudou a construir a carreira? 

Annali Duarte: Fiz Administração com ênfase em Comércio Exterior, o que me proporcionou a oportunidade de trabalhar em uma área de câmbio, e mais oportunidades foram surgindo à medida que eu buscava sempre aprender mais sobre a área internacional. Já a pós-graduação em marketing me ajudou na elaboração de estratégias voltadas ao crescimento do negócio. 

F: Quais as atribuições do seu antigo cargo? O que muda nesse novo momento? 

AD: Como diretora da área transacional no Brasil, o escopo era local, com soluções para as empresas baseadas no país e até muitas vezes filiais de multinacionais que trabalham com o banco global. A partir de agora, assumindo a liderança na América Latina, o escopo passa a ser regional, com o time espalhado em outras regiões como Miami, Brasil e diversos países na América Latina, o desafio também fica maior. Além disso, terei a missão de conectar com lideranças globais para que haja sucesso do negócio para a América Latina.

F: O que você considera mais importante para chegar a um cargo de liderança regional como esse?

AD: Acredito que seja a entrega de resultados consistentes, tanto na receita quanto na base de clientes, e ter uma liderança motivacional e inclusiva que busca extrair o melhor resultado de cada profissional. Avalio também que as competências de liderança, além da expertise técnica, se tornam cada vez mais importantes e valorizadas, e saber navegar e se conectar com outras lideranças fora da sua linha de negócio. Outro ponto importante é preparar um sucessor para que possa dar o próximo passo na carreira. 

F: Quais você acredita que foram seus diferenciais para continuar sendo promovida em mais de 10 anos de empresa?

AD: Acredito que foram a intensidade nos resultados, disciplina e foco. Coragem e energia sempre me acompanharam, mas também a humildade em aprender. Outro ponto importante é a conexão com pessoas, o tão conhecido network, que fez com que eu me conectasse com muitas lideranças de diferentes linhas de negócio, até mesmo fora do banco. Isso aumenta a esfera de influência e aprendizado sobre diversos temas. Agora, o mais importante é ter o time engajado e motivado, e isso se faz com muita dedicação e conversa, o que adoro fazer como propósito de vida: impulsionar a carreira de outras pessoas e ajudá-las a desenvolver a sua capacidade máxima. 

F: Como o mercado mudou ao longo dos seus 35 anos de carreira? Quais as principais habilidades que você precisou desenvolver para se adaptar a essas mudanças?

AD: Mudou muito, principalmente nos últimos anos. Antigamente, você precisava ser reconhecido pelos elementos técnicos profundos e sua habilidade de executar e entregar resultados. Com o passar do tempo, fui desenvolvendo resiliência, criatividade, escuta ativa e o jogo de cintura para me adaptar a diversas situações. Como sempre fui curiosa e buscava dar o meu melhor, não me assustava com os desafios, pelo contrário, os abraçava e seguia meu caminho. Mas, principalmente com a tecnologia e o mercado exigindo inovação, o “pensar fora da caixa” foi extremamente necessário e a diversidade de pensamento entre os profissionais é algo cada vez mais buscado na minha liderança.  

 F: Você também é líder do comitê de D&I na América Latina. Como você observa os avanços dessa pauta no mercado financeiro?

AD: Melhorou muito, principalmente após a ênfase em ESG, quando a governança passou a fazer parte da agenda dos líderes das companhias. Isso impulsionou o mercado financeiro a tratar melhor o tema e, em alguns casos, até colocá-lo como pauta prioritária para as diversidades de gênero, raça, entre outras. Há ainda muito a ser feito, o caminho é longo, principalmente em algumas regiões da América Latina, mas aqui no banco temos buscado cada dia mais um ambiente diverso e inclusivo, que resulta em satisfação dos times e ótimos resultados. Temos várias iniciativas em diversos capítulos de diversidade para Mulheres, Profissionais Negros, LGBTQ+, IGen(Gerações), PCN(Parents and Caregivers/Cuidadores) e Pessoas com Deficiência.  

F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?

AD: Divulgue suas realizações de forma efetiva. A propaganda positiva é um componente importante na ascensão profissional corporativa. É papel do líder divulgar a realização do time, para que outras áreas e lideranças diversas tenham conhecimento do bom trabalho executado. 

Por quais empresas passou

Bank Boston, Santander, Citibank e Bank of America

Formação

Bacharelado em comércio exterior e MBA executivo em marketing pelo Insper. 

Programa de Liderança Feminina na Universidade de Carolina do Norte
Curso de Neurociência para Liderança, Transformação Digital e Liderança Feminina no MIT, todos eles parte de um Programa de Liderança para Executivos

Primeiro emprego

Nossa Caixa Nosso Banco

Primeiro cargo de liderança

No Santander Brasil em 2000, quando passei a ter mais de 100 pessoas com a compra do Banespa

Tempo de carreira

35 anos de experiência no mercado financeiro

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