Na semana passada, foi divulgado o mais recente censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que trouxe dados importantes sobre o país. Hoje, falo aqui sobre o destaque desses mesmos dados para o crescimentos dos municípios agropecuários, especialmente em contraste com o restante do Brasil.
Não é propriamente uma novidade que o agronegócio vem transformando o país de maneira positiva, especialmente em termos de emprego, renda e acesso à infraestrutura. Esses que são gargalos históricos de desenvolvimento do nosso país. Esse processo tem sido de extrema importância para dar dignidade às populações locais, tirar pessoas debaixo da linha da pobreza e reduzir a desigualdade. Inclusive, também, atrair uma nova onda de imigrantes com a oferta de oportunidade de emprego. Então é isso que dizem esses dados.
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Em Mato Grosso, por exemplo, em cidades como Campo Novo do Parecis, Sapezal e Sorriso, existe um movimento migratório muito forte de milhares de trabalhadores que saem da Bahia, Maranhão, norte de Minas Gerais, e também de outros locais, que sempre apresentam renda per capita baixa do que nessas regiões que citei de Mato Grosso, por exemplo.
São pessoas em busca de empregos e de oportunidades, e um dos sintomas de que isso de fato está acontecendo no estado é que áreas rurais são transformadas em loteamentos imobiliários para que as cidades possam se expandir e acomodar essas pessoas que chegam. Outro forte indicador disso, que corrobora com essa tese é o fato de que o Centro-Oeste o Norte, que são regiões de fronteira agrícola mais recentes, foram as únicas regiões com aumento populacional maior do que a média nacional. Elas cresceram 1,23% e 0,75%, respectivamente, em comparação com 0,52% de crescimento no restante do país.
Outro ponto de importância é o crescimento da riqueza nessas regiões. Em 16 anos os PIBs de Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Rondônia cresceram em ritmo muito superior ao de vários estados e mais do que o dobro em relação a média paulista. Hoje, 25% do PIB brasileiro vem diretamente do agronegócio.
Segundo a FGV Social (Fundação Getúlio Vargas-Social), a renda média per capita do trabalho no Centro-Oeste é a maior do país. Olha só que dado interessante esse. Também tema de discussão, a desigualdade é relativamente baixa nessas regiões onde o agronegócio se desenvolveu acima da média.
Para afirmar isso, consideremos o índice de Gini, que é expressado de 0 a 1, quanto mais baixo ele for menor a desigualdade. Assim, o Centro-Oeste se tornou a segunda região menos desigual do país, com fator de 0,57, atrás apenas da região Sul, com 0,54, e que a atividade agrícola está na base há muitas décadas. Para se ter uma ideia, o coeficiente do Centro-Oeste é melhor do que observado no Sudeste, que é de 0,59, que é uma região inclusive mais rica, e bem melhor do que o Norte e o Nordeste, que vem com 0,61 e 0,67, respectivamente.
Então, são vários pontos importantes de análise que, em conjunto, corroboram com a tese de que o agronegócio leva o desenvolvimento onde prospera e, principalmente, leva reflexo sociais extremamente positivos em um país que ainda está em desenvolvimento, como é o caso do nosso.
* Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.
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