Empresas em recuperação judicial: oportunidade ou risco para investidores?

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Empresas em recuperação judicial: oportunidade ou risco para investidores?

A Oi (OIBR3;OIBR4), empresa de telecomunicação, a Americanas (AMER3), do setor de varejo, e a Saraiva (SLED4), de livros, são exemplos de empresas negociadas na Bolsa de Valores que estão em processo de recuperação judicial (RJ), um meio utilizado por companhias para evitar a falência.

Devido ao pedido de RJ, essas empresas geralmente são negociadas a valores significativamente abaixo do que é observado no mercado. Um exemplo é o caso da Americanas, que solicitou a recuperação judicial em janeiro deste ano, após a notícia de um rombo contábil de R$ 20 bilhões. Atualmente, a ação está sendo negociada em torno de R$ 1,15, enquanto em julho do ano passado estava cotada a R$ 15,38.

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O caso de recuperação judicial sempre leva o investidor a questionar se vale a pena investir nessas empresas como uma aposta de valorização no futuro.

Veja as empresas da bolsa que estão em RJ:

 













A Eucatex (EUCA4) é um exemplo de empresa que solicitou recuperação judicial e conseguiu sair com sucesso. A companhia entrou com o pedido em 27 de outubro de 2007, e dois anos depois, em novembro de 2009, o processo foi finalizado pela Justiça. Desde então, a Eucatex tem apresentado resultados sólidos. Há 16 anos, as ações da empresa eram negociadas a R$ 8 e agora estão no patamar de R$ 11,84.

No mercado internacional, também existem exemplos de empresas que conseguiram sair da recuperação judicial, como a montadora de carros General Motors, a companhia aérea Delta Airlines e a produtora de filmes e séries Marvel.

“Investir em empresas em recuperação judicial pode ser uma oportunidade de lucro, pois o valor das ações dessas empresas tende a cair significativamente durante o processo de recuperação. Os investidores que entram nessa fase podem colher retornos consideráveis se a empresa se recuperar com sucesso”, disse Renan Caiado, da InvestSmart.

Apesar dos bons exemplos, o último levantamento realizado pela Serasa Experian apontou que apenas uma em cada quatro empresas consegue sobreviver no Brasil após solicitar a recuperação judicial. A especialista em crédito analisou 3.522 empresas que tiveram seus pedidos aprovados entre junho de 2005 e dezembro de 2014.

Mas afinal, vale a pena investir?

Segundo Ricardo Brasil, da Gava Investimentos, não é recomendado investir em empresas em recuperação judicial devido ao risco de falência, que é considerado “acima do normal”. Ele explica que, uma vez que a companhia sai do processo, ela não volta a ser a mesma, pois geralmente vende ativos para reestruturar suas dívidas.

“Se a Americanas sair do processo de recuperação judicial, provavelmente vai abrir mão do hortifruti Natural Terra, que ela comprou por R$ 2 bilhões, além da Imaginarium e da Pocket. Isso ocorre porque, durante o processo, as empresas vão vendendo seus ativos para reestruturar suas dívidas”, disse Brasil.

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Empresas em recuperação judicial estão em um estágio pré-falência e optaram pelo processo para reorganizar suas finanças, negócios e dívidas. Isso não significa que elas estejam falidas, mas sim que precisam apresentar um plano de desenvolvimento para resolver sua situação de insolvência perante os credores.

“São companhias que não têm mais o mesmo valor na Bolsa de Valores que deveriam ter como negócio, então o valor das ações cai muito, o que pode representar uma oportunidade de entrada. No entanto, é sempre importante observar que essas empresas apresentam um risco muito alto de não conseguirem sair da recuperação judicial”, disse Carlos Honorato, professor da FIA Business School.

Estratégias de sucesso para sair da recuperação judicial

Segundo especialistas, existem estratégias que podem ser adotadas para que a empresa consiga sair do processo de recuperação judicial sem decretar falência. Caiado destaca a importância de avaliar a qualidade e viabilidade do plano, a capacidade de execução do plano, a solidez da gestão e a saúde financeira da empresa. Além disso, fatores como a competitividade no mercado, as perspectivas de crescimento e a capacidade de adaptação também devem ser considerados.

“Outros elementos relevantes incluem a reputação da empresa, a aceitação do plano de recuperação pelos credores e a capacidade de obter apoio financeiro de credores e investidores. Além disso, uma análise da indústria e da situação econômica em que a empresa atua também desempenha um papel importante na determinação das perspectivas de uma recuperação judicial bem-sucedida”, disse Caiado.

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