O USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) aprovou em junho a venda de frango criado em laboratório pela primeira vez nos EUA, mas é improvável que o novo produto concorra com frangos de corte, que é a carne número um da América do Norte e supera fortemente a demanda por carne bovina e suína.
E aqui está o motivo. Em média, os consumidores devem comer 45 kg de frango de corte por pessoa em 2023, em comparação com 26 kg de carne bovina e 23 kg de carne suína, de acordo com um estudo publicado também em junho pelo USDA.
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A demanda por frango aumentou nas últimas décadas, à medida que a produção de aves de corte se tornou mais eficiente e começou a ser vista como uma fonte de proteína mais barata e saudável, de acordo com a Bloomberg.
As vendas de frango – que representam a maior parte da indústria avícola de US$ 76,9 bilhões (R$ 366,6 bilhões) – aumentaram 60% de 2021 a 2022, de acordo com o USDA. A Tyson, um dos maiores frigoríficos de aves do país, disse que os compradores estão se voltando para o frango por causa da inflação mais alta, elevando o custo dos alimentos em 2022, de acordo com reportagem da CNN.
Os pedidos de frango chegaram a quatro dos 10 principais itens do Grubhub em 2022, informou a Bloomberg. A Grubhub Inc é uma plataforma norte-americana de pedidos e entrega de alimentos preparados on-line e móvel com sede em Chicago, Illinois.
Gripe aviária e carne de laboratório
No final de 2022, o pior caso de gripe aviária em quase 10 anos fez com que o preço médio do ovo saltasse 267% em relação ao início do ano, segundo o USDA. A gripe aviária afetou quase 58 milhões de aves domésticas até o início de 2023. O custo de um frango inteiro aumentou 14,8%, de US$ 1,62 por libra em janeiro de 2022 para US$ 1,86 por libra no mesmo mês de 2023 (uma libra equivale a cerca de 450 gramas), de acordo com números fornecidos pelo USDA.
Duas empresas da Califórnia, a GOOD Meat e a Upside Foods, acabaram de ser aprovadas pelo USDA para vender frango “criado em laboratório”, mas o novo produto não pode ser produzido tão rapidamente ou tão barato quanto os frangos de corte tradicionais. A carne “cultivada” usa células animais vivas, em vez de carne de animais abatidos.
Embora não esteja claro quanto uma refeição custará aos consumidores, o CEO da Good Meat, Josh Tetrick, disse que 30 milhões de libras de carne cultivada custariam “até US$ 650 milhões”, segundo a Forbes – ou seja, US$ 21,67 (R$ 100) por quilo de carne, mais de 11 vezes acima do frango de criação.
Carne de frango acessível e barata
O frango ultrapassou a carne bovina em consumo per capita em 1993, de acordo com o USDA. Os preços da carne no supermercado mostram que o frango tem sido historicamente – e continua sendo – a carne mais barata, de acordo com o Relatório Nacional de Varejo do USDA.
O custo de um frango inteiro era de US$ 7,26 por quilo em maio de 2023, enquanto o custo médio da carne bovina nas cidades variava de US$ 18,73 (R$ 89,30) a US$ 40,70 (R$ 195) por quilo, de acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA. Converter frangos em carne é mais fácil – e mais barato – do que converter animais maiores. As galinhas também amadurecem mais rápido do que outros animais, atingem o peso de mercado rapidamente e podem ser criadas em uma variedade de ambientes, incluindo pequenas áreas, de acordo com o USDA.
A Tyson Foods é a maior processadora de aves americana, produzindo um em cada cinco quilos de todas as carnes de frango, bovina e suína nos EUA. A família Tyson vale US$ 3,3 bilhões (R$ 15,73 bilhões), segundo a Forbes. Em volume, os EUA produzem 43,4 bilhões de quilos de frango anualmente nos EUA. De carne bovina e suína são produzidos 11,6 bilhões de quilos, de acordo com o USDA.
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