Autodidata cria ecommerce que fatura R$ 225 milhões com produtos de bebê

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Gustavo Ferro, CEO e fundador da Grão de Gente

Existem pessoas que não nasceram para se encaixar nos métodos tradicionais. Gustavo Ferro, CEO e fundador da Grão de Gente, empresa que vende produtos para bebês, é uma delas. Nascido na Baixada Santista e criado em Botucatu, no interior de São Paulo, Ferro nunca se deu bem na escola, mas sabia que tinha potencial para aprender sozinho. Prova disso, sua empresa online fatura R$ 225 milhões.

Antes de chegar a casa dos seis zeros, Ferro passou a infância observando os negócios do pai, que tinha uma fábrica de produtos de limpeza. Ele conta que lembra perfeitamente quando eles conseguiram comprar o primeiro computador para a companhia e como aquilo fez seus olhos brilharem.

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“Eu sempre gostei muito de tecnologia. Quando era pequeno, ganhava os brinquedos e a primeira coisa que eu fazia era desmontar, para entender como funcionavam”, afirma Ferro. “Quando o computador chegou na fábrica eu tinha 14 anos, mas aquilo me chamou tanto a atenção que eu só conseguia ficar vendo o que faziam nele para aprender também.”

Apesar de já perceber que aquele poderia ser um caminho promissor para a sua vida, ainda era muito novo para saber ao certo onde apostar as suas fichas. Porém, aos 17 anos, após ficar alguns anos sem emprego, ele precisou tomar uma decisão. Sua namorada, que hoje é esposa, ficou grávida. Na época, ele dava aulas de tecnologia, mas o salário não conseguia pagar as contas da nova família.

A decisão foi retornar para Santos. Sem dinheiro para a mudança, a família inteira fez o percurso que durou mais de 4 horas dentro do baú do caminhão que conseguiram arranjar para trazer as coisas da antiga casa.

Seu primeiro emprego na cidade onde nasceu foi em uma gráfica, para fazer designs. Ele durou um mês. Sabia que não tinha sido feito para trabalhar no esquema CLT. “Eu sabia do meu potencial e não me conformava de ter que ficar preso naquele lugar trabalhando para outras pessoas”, afirma Ferro.

Com a experiência que já tinha na área, ele começou a conseguir clientes por fora e em pouco tempo ganhou o que receberia em um ano na gráfica. Seu trabalho começou a chamar atenção, o que fez ser contratado por uma agência de publicidade. Os colegas entendiam de programação, enquanto ele ficava só no design. Em pouco tempo, só de olhar os outros fazendo, ele também aprendeu a programar.

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Em 2002, com bastante bagagem nas costas, ele decidiu empreender. Abriu sua própria agência. Fazia tudo: marketing, design e programação. Na época, ele conseguiu clientes como Sony e Microsoft. Em um momento, eles atingiram os 150 contratos assinados. “Eu trabalhava de domingo a domingo, porque só tinha eu, minha mulher e mais uma pessoa para fazer o negócio funcionar, então era loucura”, diz Ferro. “Esse ritmo durou em torno de três anos, até que eu não aguentei mais.”

Sua próxima ideia era unir suas habilidades de programação, com o conhecimento de marketing e design que tinha, para abrir um site próprio, onde apenas venderia produtos. Nasceu assim a empresa de cama, mesa e banho, que vendia tudo online em 2012. Em pouco tempo, ele recebeu uma oferta para vender o site, que estava dando certo, por apenas R$ 7,5 mil.

No momento, ele só pensou que poderia desenvolver outro site e investir na divulgação dele com o dinheiro recebido pelo negócio. Então, foi isso que ele fez. Levando em consideração que a seção que mais vendia de seu site anterior era a de bebês, ele decidiu apostar no setor e criou a Grão de Gente em 15 dias.

Em três meses de operação, ele percebeu que aquele negócio tinha grandes chances de dar certo e decidiu focar todos os seus esforços nele. “A Grão de Gente foi a escola da minha vida. Para uma pessoa que saiu da escola na quinta série, criar um negócio é muito desafiador e eu aprendi tudo ali dentro”, afirma Ferro. “A expressão ‘não dá para fazer’, não existe no meu vocabulário.”

A Grão de Gente

Fazer a empresa dar certo com certeza não foi fácil, mas o fundador também decidiu tomar caminhos alternativos. Com seu conhecimento de tecnologia e marketing, ele fez tráfego pago no Google, criou diversos blogs para rankear os seus produtos e hoje desenvolve todas as fotos do site em 3D.

Desde o início, a inovação é o pilar da companhia e é o que a diferencia dos concorrentes. Ao longo de 10 anos, a empresa precisou criar fábricas para reduzir seus custos e ter produtos exclusivos e continua lançando novidades para não ficar perdida no mercado.

A próxima novidade da empresa será o lançamento de sua primeira loja física, em Santos. “Eu não gostaria de abrir loja física, porque sou apaixonado por tecnologia, mas eu acredito que preciso entrar no páreo para ganhar, então vamos nessa”, explica Ferro. “Pode ser um problemão, mas não existe falar que não dá para fazer.”

Com esse pensamento, a empresa faturou R$ 225 milhões em 2022 e espera crescer em até 30% neste ano.

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