Foi confirmado em 23 de junho que as cinco pessoas a bordo do Titan, o submersível turístico operado pela OceanGate Expeditions, perderam suas vidas após uma implosão catastrófica.
Desde que a história veio à tona, ficou claro que isso era um desastre anunciado, devido à atitude negligente da OceanGate em obter certificação e à qualidade questionável da construção do submersível. A empresa começou a levar turistas para as ruínas do Titanic em 2021. Isso nos faz questionar: o que leva algumas pessoas a abraçar voluntariamente o risco e se inscrever para experiências com o potencial de ter resultados devastadores?
Veja 6 perguntas sobre o caso a serem respondidas:
Confira o que pesquisas dizem sobre isso para nos ajudar a entender nossa relação complicada com experiências novas e perigosas:
#1. Algumas pessoas podem nascer com fome de situações perigosas.
Um estudo de 2013 descobriu que pessoas que são atraídas por esportes radicais como esqui e snowboard podem processar a dopamina, o neurotransmissor responsável pelo prazer e recompensa, de forma diferente do resto da população. O estudo fez essa descoberta ao analisar uma variante de um receptor específico de dopamina (DRD4, ou o “gene da aventura”) associado à busca por novidades.
Isso nos diz que pode haver uma variante genética em pessoas que buscam a emoção de situações extremas e novas, o que é responsável pelo comportamento de busca por riscos.
Um artigo de 2021 publicado na revista Nature Human Behavior, que reuniu dados de quase 13.000 participantes, parece ecoar essas descobertas. O estudo descobriu que pessoas que se envolviam em comportamentos mais arriscados tinham menos tecido cerebral em centros específicos do cérebro que estão envolvidos em emoções, recompensas e tomada de decisões, possivelmente devido a variações genéticas.
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No entanto, embora esses estudos sugiram que existe uma ligação genética com a busca por situações perigosas, a fisiologia não pode ser a única explicação. Na verdade, há evidências de que a cultura também desempenha um papel na formação de nossas ideias sobre perigo e como respondemos a ele – o que nos leva ao próximo ponto:
#2. As redes sociais podem amplificar o medo de perder algo, o que pode tornar a participação em situações arriscadas atraente.
Essas plataformas nos permitem ver o que os outros estão fazendo em tempo real, e isso pode criar uma sensação de pressão para acompanhar e não perder o que parecem ser experiências únicas na vida.
Um estudo de 2013 descobriu que o uso das redes sociais estava associado ao FOMO (medo de perder algo) e que o FOMO poderia levar a menos felicidade e satisfação com a vida nos usuários de redes sociais. Essas consequências negativas de se sentir excluído podem fazer com que as pessoas ajam de maneiras consideradas arriscadas.
Considere, por exemplo, o caso da influenciadora de redes sociais chinesa que faleceu recentemente em um acampamento de emagrecimento ao qual ela se juntou para servir como inspiração para seus seguidores. Embora a causa exata de sua morte não tenha sido revelada, sabemos que ela estava tentando perder mais da metade do seu peso corporal em um programa rigoroso de treinamento e dieta.
Esse incidente trágico destaca os perigos potenciais das redes sociais e a pressão que elas podem criar em nossa sociedade para se conformar a certos padrões ou participar de comportamentos arriscados.
Conclusão
Ao considerar participar de comportamentos arriscados, lembre-se de que sua segurança e bem-estar devem sempre vir em primeiro lugar. A popularidade ou a demanda por uma atividade arriscada não garantem que ela seja segura ou valha a pena. Se você tem tendência a buscar situações perigosas, esteja ciente disso e sempre faça uma avaliação independente dos riscos versus recompensas de participar de atividades que possam estar fora da sua zona de conforto.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
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