As mulheres por trás da construção do legado filantrópico da Swarovski

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Divulgação/Swarovski

Marisa Schiestl-Swarovski e Jakhya Rahman-Corey em visita ao Brasil para comemorar os 10 anos da Fundação Swarovski

Quando visitou comunidades indígenas e ribeirinhas na Amazônia, Jakhya Rahman-Corey, diretora da Fundação Swarovski, se surpreendeu ao perceber que a maioria das pessoas na região conhecia a empresa não por seus cristais, mas pela água. É que há cerca de 10 anos essa área é uma das beneficiadas pelo Waterschool, projeto criado pela marca há 23 anos e presente também em bacias hidrográficas de outros sete países, entre eles Austrália, Índia e Tailândia. 

O programa é anterior à criação do braço filantrópico da empresa, que completa uma década este ano e centraliza as ações sociais e ambientais da Swarovski. “Meu tataravô dizia que você só pode ter sucesso no que faz quando cuida da sua comunidade e dos outros”, diz Marisa Schiestl-Swarovski, membro da quinta geração da família Swarovski e presidente dos acionistas do grupo.

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O Waterschool capacita crianças e jovens de 8 a 18 anos, além da comunidade em torno deles, para se tornarem embaixadores da água a fim de conscientizar a população e atender às necessidades locais. 

A água faz parte da história da empresa desde o seu início, quando Daniel Swarovski, fundador da marca e tataravô de Marisa, desenvolveu a tecnologia de cortar vidro com a força da água em Tirol, na Áustria, para aproveitar a energia renovável local. “Ele foi um pioneiro da sustentabilidade ao criar a primeira usina hidrelétrica que a gente usa até hoje para cortar o vidro.”

Mas além de Daniel, sua tataravó, Marie Weis, foi uma figura importante na empresa e inspirou a liderança feminina que, segundo Marisa, vem do berço. “Ela era uma mulher muito forte, a espinha dorsal do negócio”, diz a herdeira. Marie perdeu um dedo enquanto ajudava na produção com o corte do vidro e liderou ações voltadas para a segurança no trabalho.

Marisa fundou o conselho da família Swarovski em 2010 e tem nas mãos a responsabilidade de manter vivos os valores presentes desde a criação da marca e deixar um legado que vai além da beleza das suas joias. “A empresa cresceu e se tornou um negócio global. A fundação serve como uma ponte para levar nossos valores, como empresa e família, para a comunidade.”

Marisa Schiestl-Swarovski, membro da quinta geração da família Swarovski e presidente dos acionistas do grupo

Influência e poder para gerar impacto

A Fundação Swarovski já existe há 10 anos, mas a empresa começa a falar publicamente sobre suas ações em um momento em que as gerações mais jovens cobram posicionamentos sustentáveis dos governos e das empresas – especialmente na Europa – e buscam trabalhar em companhias que põem em prática seus discursos. “Na guerra por talentos, não é apenas a marca e o nome brilhante que atraem a próxima geração, e sim os valores que estão por trás”, diz Marisa.

A sociedade como um todo exige que grandes empresas se posicionem, assim como os funcionários em todo o mundo, segundo a herdeira do grupo. “Grandes marcas precisam usar seu poder e sua influência de maneira positiva.” 

Marisa defende que as ações filantrópicas devem ser profissionalizadas, com pessoal especializado no assunto, especialmente por carregar o nome da marca na fundação. “Mas a preocupação com o impacto não deve ser só para as marcas. É para todos nós, e por isso a conscientização é uma parte tão importante”, diz Jakhya, diretora da Fundação Swarovski. 

As ações filantrópicas também têm um lado pessoal para ela, que apesar de ter crescido em Londres, é filha de pais nascidos em Bangladesh e pôde ter contato com as disparidades sociais entre os países. 

Divulgação/Swarovski

Jakhya Rahman-Corey, diretora da Fundação Swarovski

Fundação Swarovski no Brasil e no mundo

Foi com o foco em endereçar essas desigualdades que elas colocaram a educação como guia do propósito da fundação e de programas como o Waterschool. “Quando pensamos em como ter um grande impacto nas comunidades, entendemos que a educação é uma ferramenta poderosa e uma riqueza que só cresce”, diz a diretora da fundação e responsável pelo Waterschool. Desde a sua criação, o projeto educou mais de 800 mil jovens em 2.500 escolas e envolveu mais de 23 mil professores em todo o mundo. 

No Brasil, o programa funciona em Santarém, no Pará, desde 2014, e no município amazônico de Beruri desde 2016, com o objetivo de preservar a Amazônia e aumentar a conscientização sobre a importância de conservar a água.

Em Beruri, o projeto começou com o apoio da Fundação Amazônia Sustentável e hoje está presente em 21 comunidades locais. Em Santarém, teve o apoio do Earth Child Institute e do Instituto Mureru Eco Amazônia. O programa já foi implementado em 45 centros comunitários e 25 escolas parceiras.

Desde 2018, a Fundação Swarovski também tem parceria com a Nature Conservancy para apoiar o projeto de restauração da Serra da Mantiqueira na Mata Atlântica. O objetivo é ampliar os programas de restauração nos municípios e gerar impactos sociais, como criação de empregos e renda.

Com o apoio da Fundação Swarovski, a Nature Conservancy estabeleceu programas de restauração em 40 cidades, capacitou 2.300 pessoas e alavancou R$ 13 milhões para reflorestamento.

A fundação ainda tem outros projetos, financiando jovens empreendedores e oferecendo mentorias, por exemplo. “Não se trata apenas de dar dinheiro. Essa não é a única moeda que temos como uma grande marca”, diz Marisa. A fundação quer atuar como uma rede de capacitação de jovens e conexões com oportunidades.

Desde a sua criação, a Fundação Swarovski envolveu mais de 1,6 milhão de pessoas em seus projetos em 87 países. 

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