Um novo estudo publicado no periódico Archives of Sexual Behavior analisou as experiências dos usuários do aplicativo de namoro online Ashley Madison, famoso nos Estados Unidos, e descobriu que existem duas principais motivações que levam as pessoas a procurar casos extraconjugais:
Um relacionamento sem atividade sexual (ou com sexo insatisfatório)
Um desejo de autonomia pessoal e novidade
“Tenho trabalhado no estudo da infidelidade romântica há um tempo, mais de 10 anos”, explicou Dylan Selterman, do Departamento de Ciências Psicológicas e Cerebrais da Universidade Johns Hopkins e autor principal do estudo. “A maioria dos meus estudos anteriores se concentrou em adultos jovens em relacionamentos de namoro, e essas amostras tendem a ter mais mulheres. Então, fiquei empolgado em estudar um grupo demográfico diferente de usuários do Ashley Madison, que são principalmente homens casados de meia-idade.”
Outro fator que distinguiu o estudo atual de pesquisas anteriores foi o foco em participantes que estavam ativamente envolvidos em seus casos no momento da avaliação.
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“Conduzimos pesquisas com usuários do Ashley Madison em dois momentos diferentes, com cerca de três meses de intervalo, e alguns de nossos participantes (mais de 250 deles) completaram as duas pesquisas. Isso significa que pudemos avaliar como seus relacionamentos podem ter mudado ao longo do tempo como resultado de seus casos”, acrescentou Selterman.
Ao contrário de descobertas anteriores, Selterman constatou que a baixa qualidade do relacionamento (em termos de satisfação, amor e compromisso) tinha pouca relação com o motivo pelo qual as pessoas decidiam trair. Em vez disso, a falta de sexo satisfatório e o desejo de novidade se destacaram como motivações para se envolver em casos extraconjugais. Curiosamente, muitos participantes relataram se sentir “altamente satisfeitos” com seus casos e expressaram pouco arrependimento moral em relação ao relacionamento oficial.
Esses resultados, é claro, são limitados pelo período de tempo do estudo e pela perspectiva dos participantes, que buscaram ativamente casos extraconjugais.
“Encontramos poucas evidências de mudanças na qualidade do relacionamento ou bem-estar, embora seja possível que teríamos obtido resultados diferentes se tivéssemos abrangido um período de tempo maior (anos em vez de meses) ou se tivéssemos pesquisado os cônjuges/companheiros que na maioria das vezes não tinham conhecimento das traições de seus parceiros”, explicou Selterman.
O estudo também abordou a dinâmica de relacionamentos consensualmente abertos, nos quais os parceiros das pessoas estão cientes e aceitam seus casos extraconjugais.
“Esses relacionamentos geralmente apresentam melhores resultados em comparação àqueles em que ocorre traição”, disse Selterman. “No entanto, existem motivações subjacentes semelhantes entre esses dois tipos de experiências de relacionamento. No caso daqueles que traem e daqueles que têm relacionamentos abertos, essas pessoas muitas vezes são impulsionadas pelo desejo de ter mais parceiros sexuais e mais emoção, e não estão necessariamente satisfeitas apenas com um parceiro.”
As conclusões do estudo de Selterman são valiosas para quem deseja entender por que algumas pessoas traem em relacionamentos aparentemente perfeitos. O estudo enfatiza a importância de um casal monogâmico trabalhar em seus problemas sexuais e normalizar conversas abertas e honestas sobre sexo.
Quando questionado por que os participantes do estudo relataram principalmente experiências positivas com a traição, Selterman disse:
“Não sabemos exatamente por que as pessoas tiveram experiências positivas com seus casos e por que sentiram pouco arrependimento. Esperávamos responder a essas perguntas (pelo menos em parte) examinando outras variáveis na vida das pessoas, como suas preocupações morais, mas esses resultados não se mostraram confiáveis estatisticamente. Espero ver mais pesquisas examinando variáveis morais.”
Mais sobre relacionamentos
Recentemente, outra pesquisa tentou explicar por que muitos casais estão optando por permanecer juntos, mas morando em casas separadas. Veja a seguir os motivos:
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
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