No artigo da semana passada eu mencionei brevemente o conceito de valuation, e como prometi, hoje vou falar mais detalhadamente sobre a importância dele nos seus investimentos em bolsa de valores.

Minha ideia não é que você se torne um especialista ou mesmo que saiba calcular o valuation das empresas, até porque, esse dado sobre as empresas listadas é facilmente encontrado em inúmeros sites especializados em análises e nos relatórios de corretoras e assets. Além disso, esse tipo de avaliação requer conhecimentos bem específicos, acesso a informações e muito estudo.

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Ainda assim, considero relevante que você compreenda esse conceito. Assim você vai entender melhor o que seu assessor ou consultor de investimentos está falando e poderá tomar decisões mais seguras quando for definir qual será seu portfólio de ações.

O que é valuation

Valuation é um método de análise fundamentalista. É o processo que determina o valor presente de uma empresa, mediante a análise do potencial de ganhos futuros dessa empresa ou ativo.

Esse tipo de análise é imprescindível tanto para a negociação de ações na bolsa de valores, como para a gestão das empresas, fusões e aquisições, entrada e saída de sócios, divisão de bens tangíveis ou intangíveis das companhias.

No dia a dia da bolsa de valores, o valor de mercado dos ativos é ditado pelo movimento de compra e venda, ou seja, pela oferta e pela demanda. Mas, além das cotações diárias, existe o valor intrínseco do ativo, que é percebido com base na projeção de ganhos futuros, no desempenho da empresas e em atributos específicos de cada companhia ou setor.

O valuation possibilita aos analistas avaliar se uma empresa está supervalorizada ou subestimada pelo mercado em relação ao seu preço justo. Em suma, o valuation busca determinar o valor teoricamente correto de uma empresa em comparação ao seu valor atual de mercado.

Métodos para calcular valuation

Existem vários métodos de valuation. As abordagens são distintas: abordagem de ativos, de renda ou de mercado. Normalmente os analistas utilizam mais de uma abordagem e buscam combinar mais de um método de valuation, visando maior consistência nas avaliações.

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Um dos métodos de valuation muito utilizado no mercado é o fluxo de caixa descontado, onde se traz a valor presente o fluxo de caixa futuro da empresa, com base no custo médio ponderado de capital próprio desta.

Para esta análise, é definido um horizonte de tempo e somados todos os fluxos de caixa futuros, descontados a uma taxa de risco, com base nas oportunidades de investimento e riscos inerentes ao negócio. Trata-se de uma análise muito detalhada e que requer ampla combinação de dados e cenários.

Além do método de análise de fluxo de caixa descontado, há outros métodos bastante conhecidos como:

Ebitda múltiplo
Receita múltipla
Análise de opção real
Valor de liquidação ou valor contábil
Método de capitalização de ganhos

A escolha dos métodos varia conforme o contexto, bem como a técnica e finalidade de cada análise, no entanto, todos esses métodos possuem algumas premissas básicas a serem aplicadas e demandam que o analista tenha sólidos conhecimentos contábeis e de fundamentos das empresas para chegar a resultados sólidos e confiáveis.

O que pode afetar o valuation de uma empresa?

Vários fatores influenciam na avaliação de valor de um negócio, contudo, um pilar estrutural é o lucro gerado ao longo do tempo.

O lucro é componente básico para cálculos de inúmeras métricas de avaliação, como por exemplo o P/L (relação preço/lucro) e o LPA (lucro por ação).

Sendo assim, quanto maior a lucratividade de uma empresa, por tendência, maior será a avaliação do negócio e a definição do seu preço justo. Além do mais, companhias com lucros ascendentes ao longo do tempo podem ter seu valor majorado.

A receita de uma empresa é influenciada pelo ambiente macroeconômico, por questões setoriais específicas, níveis de produtividade, qualidade da gestão e mudanças políticas, sendo neste último caso, altamente impactantes as mudanças na regulamentação fiscal, por exemplo.

Só a análise de valuation é suficiente?

Para decidir se deve ou não manter uma determinada ação em seu portfólio, você deve levar em conta inúmeras variáveis e o valuation é apenas uma delas.

Tenha em conta que não se trata de uma ciência exata. Estamos falando de prognósticos baseados em expectativas e, ao longo do percurso, fatores como mudanças de gestão, avanços tecnológicos, regulamentações governamentais, concorrência, entre outros fatos podem mudar completamente o cenário.

Além disso, as avaliações podem variar entre os analistas de mercado, afinal, a efetividade da análise dependerá sempre da quantidade e qualidade das informações que se coloca nela, bem como no quanto de conflito de interesses esteja ou não presente na avaliação realizada.

Sendo assim, o ideal é que você use o valuation como parte de seu processo de escolha de ativos, mas não como única forma de avaliação. Além disso, sempre vale comparar diferentes pontos de vista e análises feitas a partir de mais de um método, mitigando assim alguns possíveis vieses de avaliações.

Como estudar valuation

Para investir em ações você não precisa saber calcular o valuation de empresas. Como eu disse no início deste artigo, essa informação é facilmente encontrada em relatórios de casas de análise, relatórios de corretoras, assets ou mesmo com o seu consultor pessoal de investimentos.

Entretanto, se você deseja se aprofundar no tema, recomendo a leitura do livro Valuation – Como Avaliar Empresas e Escolher as Melhores Ações, ou ainda Avaliação de Empresas, ambos escritos por Aswath Damodaran, o autor com uma das abordagens mais completas sobre o tema.

E não posso deixar de citar também o livro Valuation – Como Precificar Ações, de Alexandre Póvoa que, inclusive, foi aluno de Damodaran.

Em geral, a literatura sobre valuation é extremamente técnica e cheia de cálculos, então, sugiro que você se concentre em entender bem os conceitos e isso já será suficiente para ficar mais seguro de suas decisões de investimento.

Se você não é um investidor profissional, lembre-se que seu foco principal não é aprender a fazer análises técnicas e fundamentalistas, mas sim, entender o significado dos principais conceitos para saber fazer as perguntas certas no momento de investir.

Vá aos poucos, estude com calma e, gradativamente, as informações vão se tornar mais claras, te ajudando a investir cada vez melhor.

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