A executiva que lidera a diversidade na maior empresa de beleza do mundo

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A executiva de diversidade iniciou sua carreira na comunicação, passou pela Moët & Chandon e está há mais de 10 anos na L’Oréal

Há mais de 10 anos na L’Oréal, Margaret Johnston-Clark está à frente de toda estratégia e operação global de diversidade da empresa – o que envolve liderar 70 pessoas em todo o mundo e um negócio de impacto social, ambiental e financeiro. “Meu desafio é garantir uma visão de DE&I global que esteja em sintonia com assuntos atuais, tendências de inclusão e principais legislações”, afirma.

A empresa é referência em igualdade de gênero, tem mais da metade dos seus cargos de liderança ocupados por mulheres e foi reconhecida pelo ranking Equileap deste ano por suas ações na área – é a número 1 na França e 11ª entre 3.500 empresas de 23 países. “Isso se deve a um forte compromisso de longo prazo da nossa liderança”, afirma Johnston-Clark. 

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As iniciativas locais da equipe brasileira também têm relevância entre as iniciativas globais da companhia. O programa Mentoria Colorida, com foco em diversidade racial, foi premiado no ano passado entre outras 400 ações dos times da L’Oréal em 60 países. 

L’Oréal

Márcia Silveira, head de diversidade da L’Oréal no Brasil, foi premiada pelo programa Mentoria Colorida

As iniciativas de sustentabilidade no Brasil também são referência. O Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal no Rio de Janeiro conquistou em março uma certificação Leed Platinum por suas práticas sustentáveis, parte de um programa global com metas até 2030.

Em abril, a empresa implementou a primeira Escola de Beleza da Pequena África, região portuária do Rio de Janeiro, onde fica a sua sede. O projeto, que faz parte do programa global da L’Oréal Beleza Por Um Futuro, tem como objetivo proporcionar oportunidades de geração de renda e potencializar a mobilidade social. Até agora, a iniciativa já capacitou mais de 2 mil mulheres em vulnerabilidade social.

Margaret Johnston-Clark criou, em 2020, um Conselho Consultivo de DE&I composto por especialistas globais externos e internos para trabalhar a agenda na empresa. A executiva conta, em entrevista à Forbes, como a empresa chegou nesse patamar em relação ao tema e como ela mesma atingiu um cargo global à frente da maior empresa de beleza do mundo.

Forbes: A L’Oréal está no topo do ranking Equileaps de Equidade de Gênero 2023. O que coloca a empresa nesse lugar? Quais práticas você destacaria?

Margaret Johnston-Clark: Ficamos orgulhosos de manter nossa posição de número um na França no ranking de Igualdade de gênero 2023 e se posicionar no Top 20 globalmente pelo sexto ano consecutivo. A L’Oréal tem um compromisso de longa data em alcançar a equidade de gênero em todos os níveis e funções da empresa. Trabalhar para alcançar o equilíbrio de gênero na força de trabalho é obviamente fundamental.

Mas também continuamos nos esforçando para estabelecer ambientes mais inclusivos e contra qualquer tipo de discriminação, assédio ou violência, especialmente assédio sexual e violência de gênero. Um exemplo importante é a Política Global de Violência Doméstica de RH, lançada em 2021, com políticas locais a serem implementadas em todas as subsidiárias do Grupo. Também damos muita importância a analisar e reportar disparidades salariais entre homens e mulheres, promover políticas de equidade de gênero (incluindo licença parental e trabalho flexível) e programas com nossos fornecedores e parceiros externos.

A mensuração é a chave para o progresso e, portanto, também encorajamos nossas subsidiárias a avaliar regularmente suas políticas e práticas de igualdade de gênero, usando organizações independentes. Em 2022, 33 países continuaram a manter os certificados GEEIS (Padrão Europeu e Internacional de Igualdade de Gênero) ou EDGE (Padrão Econômico de Dividendos para a Igualdade de Género). A L’Oréal Brasil alcançou o status de EDGE Lead, o mais alto nível de certificação EDGE, que mostra que a empresa tem um compromisso contínuo com a equidade de gênero.

F: Mais da metade dos cargos de liderança da empresa hoje são ocupados por mulheres. Que tipo de ações a trouxeram a este ponto?

MJ: Alcançamos a equidade de gênero em nossas posições-chave e isso se deve a um forte compromisso de longo prazo da nossa liderança. Para chegar a isso, fizemos um trabalho de conscientizar e criar locais de trabalho inclusivos. Hoje, temos 57% de nossas principais posições globalmente ocupadas por mulheres, 61% de nossas marcas internacionais lideradas por mulheres e mais da metade dos nossos expatriados são mulheres. O Grupo está empenhado em garantir que todos os empregos sejam igualmente acessíveis a mulheres e homens, seja no recrutamento, na progressão na carreira, na equidade de gênero em todo o pipeline de talentos e na promoção de programas de treinamento e liderança para mulheres para acompanhá-las em suas jornadas. Também damos uma atenção especial em períodos cruciais na carreira de nossos funcionários, como paternidade e maternidade, com políticas específicas para permitir que todos vivenciem marcos da vida como esse com trabalho flexível e opções disponíveis.

F: Qual a importância de uma empresa como a L’Oréal ter mulheres em cargos importantes e de liderança?

MJ: As mulheres representam mais da metade da população mundial! Acreditamos que é fundamental termos mulheres em todas as funções e em todos os níveis da nossa empresa. Valorizamos uma liderança diversa que administra de maneira equitativa e inclusiva. Promovemos isso também com nossos parceiros e estamos comprometidos em trabalhar com fornecedores que compartilham dessa crença.

F: Existem outras ações voltadas para pessoas negras, LGBT e pessoas com deficiência dentro da empresa?

MJ: Temos o compromisso de combater ativamente todas as discriminações e temos uma forte estrutura e visão estratégica de Diversidade, Equidade e Inclusão que vai além da equidade de gênero. Isso inclui a promoção da diversidade cultural, étnica, socioeconômica, a inclusão de pessoas com deficiência e a criação de um ambiente inclusivo para pessoas LGBTQIA+. Temos ações locais que dão vida a isso, incluindo muitas lideradas pela L’Oréal Brasil. Adoraria destacar duas: internamente com “Mentora Colorida”, que luta contra a discriminação racial com um programa de mentoria, e externamente com a Coalizão Empresarial MOVERS, do Movimento pela Igualdade Racial, que lançou um plano de ação focado exclusivamente no combate ao racismo.

F: O centro de pesquisa e inovação da L’oreal no Rio de Janeiro foi reconhecida por suas práticas sustentáveis. Que programas sustentáveis ​​vocês têm hoje?

MJ: Estamos muito orgulhosos do trabalho realizado com o Centro de Pesquisa e Inovação no Rio. É uma forte prova de que podemos aliar inovação, performance, inclusão e sustentabilidade em um só lugar. Com nosso programa global L’Oréal para o Futuro e no contexto de crescentes desafios ambientais e sociais, estamos acelerando nossa transformação em direção a um modelo que respeita os limites do planeta e reforçando os compromissos com a sustentabilidade e a inclusão.

Alguns exemplos da nossa ambição sustentável para os próximos anos são:

– até 2025, todos os espaços da L’Oréal terão alcançado a neutralidade de carbono, melhorando a eficiência energética e usando 100% de energia renovável;

– até 2030, 100% dos plásticos usados ​​nas embalagens dos produtos da L’Oréal serão de fontes recicladas ou de base biológica;

– até 2030, a L’Oréal reduzirá em 50% todas as suas emissões de gases de efeito estufa por produto, em comparação com 2016. 

F: Você pode nos dar um spoiler de algum programa ou ação interessante que você fará este ano?

MJ: Claro. No final do ano, começaremos a trabalhar na segunda edição do Beauty of Inclusion Awards, nosso evento interno e global que celebra as melhores e mais inspiradoras iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão implementadas pelas equipes locais da L’Oréal em todo o mundo. Esses prêmios abrangem todos os nossos pilares e, no ano passado, a equipe brasileira de DE&I ganhou um prêmio pelo projeto Mentoria Colorida que eu mencionei antes. Recebemos mais de 400 ações de 60 países para a primeira edição e esperamos ter ainda mais no próximo ano.

F: Falando sobre sua carreira, o que faz um Chief Diversity Equity and Inclusion? Como você chegou a esse cargo?

MJ: Estou nesse cargo há quase seis anos e ele evoluiu muito desde 2017. Quando comecei, o Me Too tinha se tornado um movimento global. Depois, todos passamos pela Covid-19 e os lockdowns, com o aumento da conscientização sobre saúde mental e desigualdades. Então, George Floyd foi assassinado, e o Black Lives Matter virou um símbolo para além dos EUA em todo o mundo. 

Na verdade, eu comecei minha carreira nessa área no início dos anos 1990, dentro de uma ONG. Entrei na L’Oréal em 2000 para trabalhar com diversidade e acabei trabalhando também com marcas e negócios. Isso me permitiu demonstrar o caso de negócios para DE&I. Hoje, se tornou um tema estratégico no Grupo L’Oréal e é nossa responsabilidade e papel liderar nesse assunto. Isso é o que nossos funcionários esperam, assim como nossos consumidores. Então estou muito feliz porque acredito que as ações falam mais alto que as palavras. E para ir ainda mais longe, criei em 2020 um Conselho Consultivo de DE&I composto por especialistas globais externos e internos.

F: Que tipo de experiência um profissional precisa ter para ser um executivo ESG?

MJ: Eu recomendaria entender os temas de DE&I relacionados à identidade de gênero, LGBTQIA+, etnia, idade, religião, deficiência, bem como a cultura corporativa do empresa e o negócio. Uma mistura dos três e uma paixão por trazer pessoas nessa jornada. Além disso, é absolutamente fundamental que o CEO lidere pelo exemplo e seja o maior adepto da DE&I. Nicolas Hieronimus, CEO do Grupo L’Oréal, e Marcelo Zimet, CEO da L’Oréal Brasil, priorizaram essa agenda e isso fortalece nosso objetivo e permite ir ainda mais longe.

F: Como é o seu trabalho como executiva global, trabalhando com países tão diferentes?

MJ: Trabalhar com uma variedade tão grande de países, culturas e equipes é o que torna meu trabalho único, fascinante e significativo. Meu desafio é garantir uma visão de DE&I global que esteja em sintonia com assuntos atuais, questões de injustiça social, tendências de inclusão, principais legislações e identificar as melhores práticas locais que promovemos para aplicar em outros mercados.

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