Nova diretora-geral do Grupo Campari, multinacional italiana de bebidas, Amanda Dias Capucho passou por empresas em diferentes setores até chegar à empresa do Aperol e da cachaça Sagatiba.
Em 25 anos de carreira, com passagens por KPMG, BASF, Nespresso, Café Orfeu, Philips e BRF, Amanda Capucho teve contato com produtos, cadeias e clientes distintos. “Essa diversidade no background me ajudou a ter resiliência, pluralidade de ferramentas e criatividade para inovar”, diz ela, que hoje está à frente de 180 colaboradores da Campari no Brasil.
Mas a maturidade profissional também trouxe, na sua narrativa, humildade, característica que hoje valoriza em um profissional na sua equipe e que a destaca como líder – segundo ela mesma. “Para chegar à minha posição foi essencial abraçar cada oportunidade que surgiu, sem ter medo de errar”, afirma Capucho. Com o tempo, aprendeu a ter paciência em relação à carreira, além de aceitar ajuda e se apoiar nas pessoas certas, sem tentar ser uma “supermulher”, o que foi parte importante da sua trajetória. “Às vezes, é mais válido ter passos lentos e consistentes, do que ter pressa e pular etapas importantes que farão falta no futuro.”
Leia também:
Gerente geral da Galderma diz o que queria ter ouvido no início da carreira
CTO do Nubank mostra as principais habilidades para carreira em tech hoje
Diretora da Netflix driblou preconceito e usou comunicação para subir
O C-Suite desta semana também traz movimentações nos setores de compra e venda online, farmacêutico e de tecnologia. Olivier Aizac é o novo CEO da OLX, Denize Savi é a nova Chief Happiness Officer da Chilli Beans e Katia Ortiz assume como VP da empresa americana de computação em nuvem ServiceNow.
Forbes: Quais habilidades você precisou desenvolver para chegar nesse ponto da carreira?
Amanda Capucho: Resiliência e superação de desafios, garra e determinação, trabalhar em equipes e com pessoas diversas e, muitas vezes, com perfis diferentes, gerenciar stakeholders e expectativas, ambição combinada à paciência, pois nem sempre o tempo que entendemos estar prontos é o tempo da empresa, valorizar minhas características e competências, e não me moldar para agradar os outros, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, pois o perfil workaholic não ajuda ninguém, nós mesmos, empresa ou equipe, e foco em resultados de longo prazo, pois não há atalhos e a qualidade do que fazemos garante longevidade dos resultados que obtemos.
F: Quais as 5 principais características que você busca hoje em um profissional da sua equipe?
AC:
Paixão – quando um time ou uma pessoa ama o que faz, vale por um exército;
Sentimento de dono (ownership) e iniciativa – pensar sempre no que é melhor para a companhia, não necessariamente para mim. O que eu faria, como me sentiria, que atitude tomaria se a empresa fosse minha;
Humildade e busca pelo desenvolvimento constante – a mudança é uma constante e não existem verdades absolutas, por isso a construção em equipe é tão rica, além da troca e inspiração externa;
Transparência – evitar surpresas, trazer os problemas, dúvidas ou erros para cima da mesa, só assim conseguimos aprender com eles e resolvê-los, sem medo de qualquer julgamento;
Saber ouvir e trabalhar em equipe – não ser dono da verdade, mas saber se colocar, ouvir ativamente e refletir com os contrapontos e ideias diferentes.
F: O que você recomenda, em termos de formação e experiência, para um profissional com a ambição de chegar à liderança?
AC: O caminho de cada um é diferente, não existe uma regra. O importante é abraçar cada oportunidade. Fazer bem feito, com qualidade, com resultados consistentes, aprendendo ao máximo tanto as habilidades técnicas, quanto as soft skills.
É importante também manter a ambição, pois a jornada não é fácil nem rápida. Precisamos de paciência e perseverança. Compreender que talvez não seja exatamente como planejado, mas que cada passo te gera valor como líder e como pessoa. Às vezes, é mais válido ter passos lentos e consistentes, formando realmente as competências que você vai precisar, do que ter pressa e acabar pulando etapas importantes que farão falta no futuro.
No caso de líderes mulheres, eu também adicionaria o ponto de autocobrança e de cuidado com a síndrome da impostora. Muitas mulheres que conheço se acham menos preparadas para uma vaga ou não se aplicam a um cargo de liderança por quererem ser mães. Isso é um paradigma da nossa cabeça! E, muitas vezes, nosso maior inimigo contra a carreira somos nós mesmas!
F: Quais foram seus diferenciais para chegar a essa posição?
AC: Sempre digo que tive sorte. O que, na minha definição, é a junção de ter oportunidade com a competência e prontidão para agarrá-la. Para chegar à minha posição foi essencial abraçar cada oportunidade que surgiu, sem ter medo de errar. Com essa humildade, consegui me cercar e me apoiar em pessoas maravilhosas, que me ensinaram muito e que me ajudaram a construir resultados incríveis.
AC: Durante seus 25 anos de carreira, você passou por empresas em setores diversos. Como transitar em diferentes companhias pode agregar para a carreira?
F: A experiência em diferentes segmentos me ajudou a formar uma bagagem sólida de atuação em diferentes canais, perfis de empresas, produtos, cadeias e clientes. Essa diversidade no background me ajudou a ter resiliência, pluralidade de ferramentas e criatividade para inovar e buscar sempre o melhor, sem os padrões já existentes em um determinado mercado ou categoria. Cada vez que mudei de empresa ou de segmento, aprendi muita coisa nova, conheci muita gente, interagi com stakeholders muito diferentes. E isso me fortaleceu, me deixou mais completa e mais pronta para superar desafios novos e diferentes que aparecem a cada dia.
F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?
AC: Um ponto que aprendi mais recentemente e que considero crucial é saber contar com a rede de apoio. No início da carreira, me cobrava muito para ser uma supermulher, autônoma, sem erros, profissional, mãe e esposa perfeita. Isso não existe e essa autocobrança só nos prejudica, nos sobrecarrega e acaba nos limitando. Aprendi que não precisamos ser perfeitas, não estamos sozinhas e podemos sim errar, pedir desculpas, dizer que não sabemos ou que não conseguimos e contar com o apoio de muita gente no trabalho, no nosso networking e na nossa família e amigos.
Por quais empresas passou
KPMG, BASF, Nespresso, Café Orfeu, Philips e BRF
Formação
Administração de empresas na Mauá, Pós na FGV, MBA em Marketing na ESPM e uma especialização em Digital pela Kellog
Primeiro emprego
Auditora externa pela KPMG
Primeiro cargo de liderança
Marketing na BASF
Veja, abaixo, outras movimentações C-Level que ocorreram nos últimos 15 dias.
O post Nova diretora da Campari ressalta a importância da humildade para a carreira apareceu primeiro em Forbes Brasil.