O mioma uterino é uma condição que atinge de 30 a 80% das mulheres em idade reprodutiva. Eles são tumores uterinos benignos formados a partir de uma célula alterada do miométrio, a camada muscular do útero, explica a ginecologista e especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, Dra Bianca Bernardo.
“O mioma surge a partir de uma célula modificada, que perde sua capacidade de controle de divisão celular e sob estímulo dos hormônios esteróides começam a crescer. Eles possuem receptores para estrogênio e progesterona que induzem esse crescimento formando nódulos”, conta. Por isso, regridem de tamanho com a chegada da menopausa.
Quais as causas?
Os miomas uterinos possuem uma coloração esbranquiçada, de consistência firme e podem ser de vários tipos, tamanhos e localização. No entanto, é de extrema importância um acompanhamento de um médico que determine a melhor forma de tratamento para cada caso.
Alguns fatores de risco podem favorecer o aparecimento de miomas, entre eles, questões genéticas, como a hereditariedade e de raça. Segundo alguns estudos, mulheres negras são mais propensas a desenvolver o mioma uterino do que mulheres de outros grupos raciais. Hábitos de vida como consumo de álcool, obesidade e hipertensão também influenciam no surgimento de miomas.
Sintomas do mioma uterino
Enquanto 75% das mulheres não possuem sintomas e só descobrem a doença em exames de rotina, 25% apresentam sintomas como sangramentos, cólicas, dores e alteração no ciclo menstrual. A condição também pode provocar inchaço do abdômen, dores durante o ato sexual, prisão de ventre e incontinência urinária.
De acordo com a especialista, “não há nenhuma relação direta entre o mioma uterino e infertilidade feminina. Porém, dependendo do tamanho e de sua localização, ele pode dificultar uma futura gestação”. Ainda assim, muitas mulheres que possuem miomas conseguem engravidar após o tratamento da doença.
A ginecologista ressalta que existem alguns tipos de miomas que não interferem na saúde feminina, mas os miomas intramurais grandes, em especial os maiores 5 cm ou aqueles que abalam a cavidade endometrial (revestimento interno do útero onde o embrião implanta), podem ser mais associados à infertilidade. “Eles podem gerar abortos de repetição ao distorcer a anatomia uterina e impedir a implantação adequada do embrião no endométrio”, aponta.
Como tratar?
Segundo a profissional, o tratamento do mioma uterino depende da gravidade dos sintomas de cada paciente. Se a condição for leve, é possível fazer somente o acompanhamento com o ginecologista. Mas caso seja intensa e afetem a qualidade de vida, é preciso tratá-la.
“Para as mulheres que não desejam engravidar, é comum recomendar o uso de medicamentos, como pílulas contraceptivas, DIU ou anti-inflamatórios para alívio de sintomas de dor e/ou sangramento”.
Agora, caso o tratamento não ofereça resultados, o recomendado é que a paciente passe por uma cirurgia de retirada do útero ou até dos mioma por meio de técnicas, como a laparotomia, laparoscopia, cirurgia robótica, histeroscopia, ou ainda tratamentos com ablação do mioma através da radiofrequência ou embolização das artérias que nutrem esses tumores.